Início Site Página 88

Criação de empregos mostra recuperação em V da economia

0
Foto: Ramy Mans/Unsplash

A criação recorde de empregos em setembro confirma a recuperação em V (forte queda, seguida de forte alta) da economia brasileira, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele participou da divulgação dos dados de setembro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que registrou criação recorde de postos de trabalho no mês.

Guedes agradeceu ao Congresso Nacional a aprovação das medidas emergenciais que permitiram sustentar o emprego durante a pandemia de covid-19 e ressaltou que o país recuperou cerca de metade dos empregos perdidos durante a pandemia. “Uma excelente notícia, confirmando a volta da economia brasileira em V. É o maior ritmo de criação de empregos já registrado em qualquer setembro”, declarou.

O ministro ressaltou que a criação de empregos formais foi ampla, com todos os setores da economia aumentando o número de vagas em todas as regiões do Brasil. “Tivemos aumento de criação de empregos generalizada. Não é um bolsão”, disse. Guedes reiterou que o Brasil surpreenderá o mundo. “Mesmo os serviços, que estavam com dificuldades, criaram 80 mil empregos [em setembro]”, ressaltou.

Revogações

O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco Leal, afirmou que a secretaria apresentará, nos próximos dias, novas medidas de revogação de diversos decretos e normas trabalhistas. Segundo ele, as medidas ajudarão a reduzir a insegurança jurídica no mercado de trabalho e a estimular a criação de empregos.

Bianco negou que o governo pretenda estender o programa de redução de jornada com redução de salários e de suspensão de contratos para 2021. Ele explicou que a prorrogação do programa para o próximo ano é impossível porque todas as medidas relativas ao enfrentamento da pandemia de covid-19 se valeram do orçamento de guerra, que acaba no fim do ano.

Sobre o cálculo do décimo terceiro salário para os trabalhadores que se beneficiaram do programa de preservação do emprego, Bianco disse que a definição se o salário extra será pago integralmente ou proporcionalmente à jornada diminuída ou ao contrato suspenso ainda está sendo analisada pela área jurídica do Ministério da Economia. Ele informou que, nos próximos dias, o governo soltará uma definição.

Por fim, o secretario especial disse que o governo tem estudado medidas para a “modernização” dos contratos de trabalho depois da pandemia. “Temos de pensar em medidas pós-pandemia. São muitas e estão sobre a mesa. Estamos buscando criar oportunidades, não necessariamente com as mesmas medidas da pandemia”, explicou.

Agência Brasil

Criação de empregos em setembro atinge melhor nível em dez anos

0
Foto: Dominik Bednarz/Unsplash

Pelo segundo mês seguido, o país criou empregos formais. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, 313.564 postos de trabalho com carteira assinada foram abertos no último mês. O indicador mede a diferença entre contratações e demissões.

Este foi o melhor resultado para meses de setembro desde o início da série histórica do Caged, em 2010. No acumulado do ano, no entanto, o mercado de trabalho continua sentindo o impacto da pandemia. De janeiro a setembro, foram fechadas 558.597 vagas, o terceiro pior resultado para o período desde o início da série histórica, em 2010. Só perdendo para os nove primeiros meses de 2015 (-657.761 empregos) e 2016 (-683.597).

Setores

Na divisão por ramos de atividade, todos os cinco setores pesquisados criaram empregos formais em setembro. A estatística foi liderada pela indústria, com a abertura de 110.868 postos. O indicador inclui a indústria de transformação, de extração e de outros tipos.

Com 80.481 novos postos, os serviços vêm em segundo lugar. A criação de empregos no setor de serviços quase dobrou em relação a agosto. Em seguida, vem o grupo comércio, reparação de serviços automotores e de motocicletas, com 69.239 novas vagas.

Em quarto lugar, está o setor de construção, com 45.249 postos. O grupo que abrange agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, abriu 7.751 postos em setembro.

Destaques

Na indústria, o destaque positivo ficou com a indústria de transformação, que contratou 108.283 trabalhadores a mais do que demitiu. Em segundo lugar, veio a indústria ligada ao saneamento e à gestão de resíduos, que abriu 1.446 vagas.

Os serviços tiveram desempenhos opostos conforme o ramo de atividade. O segmento de atividades administrativas e serviços complementares criou 42.349 postos. O setor de atividades profissionais, científicas e técnicas abriu 12.455 vagas.

Segmento mais afetado pelo distanciamento social, o setor de alojamento e alimentação voltou a criar empregos depois de seis meses de demissões e abriu 4.637 vagas. O segmento de educação, no entanto, continua a enfrentar dificuldades e demitiu 8.474 trabalhadores a mais do que contratou.

Desde abril, as estatísticas do Caged não detalham as contratações e demissões por segmentos do comércio. A série histórica anterior separava os dados do comércio atacadista e varejista.

Regiões

Todas as regiões brasileiras criaram empregos com carteira assinada em setembro. O Sudeste liderou a abertura de vagas, com 128.094 novos postos, seguido pelo Nordeste, com 85.336 postos criados, e pelo Sul, com mais 60.319 postos. O Norte abriu 20.640 postos de trabalho, e o Centro-Oeste criou 19.194 postos formais no mês passado.

Na divisão por unidades da Federação, a criação de empregos se disseminou pelo país. Todos os estados e o Distrito Federal abriram postos com carteira assinada em setembro.

As maiores variações positivas ocorreram em São Paulo, com a abertura de 75.706 postos; Minas Gerais, 36.505 postos, e Santa Catarina, 24.827 postos. Os três estados que menos criam postos de trabalho foram Amapá, 450 vagas; Acre, 577; e Roraima, 1.101.

Agência Brasil

Governo quer revogar 1.220 atos normativos editados entre 1850 e 2018

0
Foto: Scott Graham/Unsplash

O presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso Nacional o texto de um projeto de lei (PL) que propõe a revogação de 1.220 atos normativos diversos, editados entre os anos de 1850 e 2018. O despacho foi publicado hoje (29) no Diário Oficial da União.

Em nota a Secretaria-Geral da Presidência explicou que esses atos, embora formalmente vigentes, regulamentam temas ultrapassados ou que já foram objeto de previsões mais atuais. Entre eles, por exemplo, leis sobre o Imposto do Selo, sobre matérias trabalhistas e sobre órgãos já extintos na estrutura administrativa, além de alteradores de leis já revogadas, como a antiga Lei de Falências (Decreto-Lei nº 7.661/1945), o pretérito Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União (Lei nº 1.711/1952) e os Códigos de Processo Civil de 1939 e 1973.

O projeto prevê a revogação expressa de 613 leis ordinárias, três leis complementares, uma lei delegada, 570 decretos-leis e 33 decretos legislativos. Segundo a Presidência da República, todos são considerados sem serventia no mundo jurídico. Como os atos contêm matérias de lei ordinária, eles estão sendo revogados por instrumento de igual força normativa, por isso são submetidos à apreciação dos parlamentares.

Acesso desburocratizado e transparente

“Trata-se de importante iniciativa do governo federal para facilitar o acesso desburocratizado, transparente e coerente aos operadores do Direito e cidadãos de forma geral do arcabouço legal brasileiro”, diz a nota.

O projeto de lei parte de um processo de trabalho contínuo da Subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Presidência, que irá propor a revogação de tudo que for considerado desnecessário. “A iniciativa acontece diante da constatação da existência de uma ampla produção normativa no Brasil sem declaração de revogação expressa: são mais de 14 mil leis e mais de 11 mil decretos-leis”, destaca.

Agência Brasil

Confiança da indústria atinge maior nível em nove anos, diz FGV

0
Foto: Robin Sommer/Unsplash

O Índice de Confiança da Indústria, da Fundação Getulio Vargas (FGV), teve alta de 4,5 pontos na passagem de setembro para outubro deste ano. Com isso, o indicador, que mede a confiança do empresário da indústria brasileiro, atingiu 111,2 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos, o maior nível desde abril de 2011 (111,6 pontos).

Dezesseis dos 19 segmentos industriais pesquisados registraram aumento da confiança. O Índice de Situação Atual, que mede a percepção do empresariado em relação ao presente, subiu 6,4 pontos, para 113,7 pontos, o maior valor desde novembro de 2010 (13,8 pontos).

O Índice de Expectativas, que mede a confiança no futuro, cresceu 2,7 pontos, para 108,6 pontos, o maior patamar desde maio de 2011 (110,0 pontos).

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) aumentou 1,6 ponto percentual, de 78,2% para 79,8%, maior valor desde novembro de 2014 (70,3%).

“A sondagem de outubro mostra que o setor industrial está mais satisfeito com a situação atual e otimista que esse resultado será mantido nos próximos três meses. Chama a atenção, contudo, o retorno do Nuci a um nível próximo da média anterior à pandemia e o percentual de empresas indicando estoques insuficientes, o maior valor desde o início da série. Entre as categorias de uso, os bens intermediários merecem destaque por alcançarem o maior nível de confiança do setor, influenciado principalmente pela melhora dos indicadores de situação atual”, afirma a pesquisadora da FGV Renata de Mello Franco.

Segundo a pesquisadora, no entanto, há uma demora na recuperação do indicador de tendência dos negócios, o que sinaliza uma certa preocupação dos empresários sobre a sustentação desse nível de otimismo por um período maior considerando o fim dos programas de auxílio emergencial.

Agência Brasil

Emprego na construção é o maior para setembro nos últimos oito anos

0
Foto: Scott Blake/Unsplash

A indústria da construção civil segue em ritmo acelerado, com avanço na atividade e na utilização da capacidade operacional. A pesquisa Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra a retomada da indústria de construção civil em setembro, com o índice de evolução do número de empregados chegando a 50,1 pontos no mês.

Essa é a quarta alta consecutiva do índice, que se afastou ainda mais da sua média histórica de 43,9 pontos. O índice é o maior desde abril de 2012 e, para a CNI, isso confirma o bom momento do emprego do setor, embora tenha sido precedido por fortes quedas, observadas em março e abril, em razão dos efeitos da pandemia da covid-19.

Os dados variam em uma escala que vai de zero a 100. Indicadores abaixo de 50 revelam perspectivas negativas e, acima de 50, expectativas de crescimento. E quanto mais distantes da linha divisória de 50 pontos mais forte e mais disseminado é esse crescimento. Para a pesquisa, foram entrevistadas 170 empresas de pequeno porte, 197 de médio porte e 94 grandes, entre 1º a 14 de outubro de 2020.

O índice de evolução do nível de atividade está em 51,2 pontos, queda de 0,2 ponto em relação a agosto. De acordo com a CNI, a ligeira queda é pouco significativa, pois o índice está acima da linha divisória de 50 pontos pelo segundo mês consecutivo, o que indica aumento do nível de atividade da indústria da construção na comparação com o mês anterior.

A Utilização da Capacidade Operacional também cresceu em setembro pelo quinto mês consecutivo e ficou em 62%, alta de 2 pontos percentuais frente a agosto. O percentual é idêntico ao registrado em setembro de 2019, e supera os percentuais confirmados entre os anos de 2015 a 2018.

Satisfação e confiança

O indicador de satisfação com a situação financeira aumentou 6 pontos na comparação trimestral, alcançando 44,7 pontos no terceiro trimestre. O resultado supera a média de 44 pontos da série histórica, iniciada em 2009.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial se manteve estável entre setembro e outubro, em 56,7 pontos. A CNI destaca que a estabilidade ocorre após cinco altas seguidas, se dá em patamar elevado e aponta “para um sentimento de confiança otimista e disseminado entre os empresários da indústria da construção”. Porém, ela está em um nível inferior aos níveis pré-pandemia e aos observados nesse mesmo período do ano passado.

Os índices de expectativa também apresentaram queda em outubro, à exceção do índice de expectativas de números de empregados. Apesar das quedas, todos os índices permanecem acima da linha divisória de 50 pontos, indicando que os empresários da indústria da construção mantêm o sentimento de otimismo.

Entre os principais problemas da construção civil, a pesquisa destaca falta ou alto custo da matéria-prima. O problema se tornou o maior do setor no terceiro trimestre de 2020, apontado por 39,2% das empresas. No segundo trimestre, esse problema era apenas o 11º mais importante e foi assinalado por 9,5% das indústrias de construção. A elevada carga tributária aparece em segundo lugar na lista, com 28,2% de assinalações, seguida da demanda interna suficiente, com 26,4%.

A pesquisa completa está disponível no Portal da Indústria.

*Com informações da CNI.

Agência Brasil

Programa para ampliar produtividade das empresas é retomado

0
Foto: Hunters Race/Unsplash

Lançado em fevereiro e interrompido pela pandemia de covid-19, o Programa Brasil Mais, que pretende aumentar a produtividade das empresas, foi retomado em outubro, informou hoje (27) a Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia. O programa pretende atender 120 mil companhias até 2022.

O Brasil Mais oferece consultoria, apoio técnico e capacitação em dois eixos: melhoria de gestão e adoção de tecnologias digitais. O primeiro eixo está disponível para micro e pequenas empresas. O segundo está disponível para indústrias.

Os cursos são oferecidos em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O cadastro no programa pode ser feito no site www.gov.br/brasilmais. Ao inscrever-se, a empresa escolhe em qual dos eixos quer se inscrever, responde a um questionário de autodiagnóstico e é encaminhada para o atendimento, com assistência do Sebrae ou do Senai.

Na plataforma, gerida pela ABDI, as empresas interessadas terão acesso a serviços e atendimentos assistidos, ferramentas de autodiagnóstico e conteúdos exclusivos que ajudam na melhoria da gestão e da produtividade do negócio. Todas as ações serão oferecidas de forma gratuita.

O Sebrae oferecerá orientação técnica para inovação em temas gerenciais prioritários para cada empresa, com o emprego de 1 mil agentes locais de inovação. O Senai ofertará serviços de melhoria da produtividade industrial, com a aplicação de conceitos de manufatura enxuta e de digitalização da produção. Ao todo, mais de 1,3 mil especialistas em todos os departamentos regionais do Senai integrarão o programa.

Segundo o Ministério da Economia, as técnicas ensinadas pelo Senai permitem ganho médio de 20% de produtividade do trabalho, nas linhas de fabricação que receberem o serviço. No caso dos cursos do Sebrae, a empresa poderá optar por consultorias especializadas adicionais.

O Brasil Mais oferecerá também, de forma aberta e gratuita, conteúdos digitais, como manuais de melhores práticas produtivas e gerenciais, e-books, podcasts, links para cursos de capacitação e ferramentas de autodiagnóstico para avaliação de práticas das empresas.

Agência Brasil

Confiança da construção cresce 3,7 pontos em outubro

0
Foto: Josue Isai Ramos Figueroa/Unsplash

O Índice de Confiança da Construção, da Fundação Getulio Vargas (FGV), teve alta 3,7 pontos na passagem de setembro para outubro deste ano. Com isso, a confiança do empresário da construção brasileira atingiu 95,2 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos, o maior valor desde março de 2014 (96,3 pontos).

O Índice de Situação Atual, que mede a percepção sobre o presente, cresceu 5,1 pontos e chegou a 91,5 pontos, o maior valor desde setembro de 2014 (92,3 pontos). O indicador de carteira de contratos foi o que mais contribuiu para o resultado.

O Índice de Expectativas, que mede a confiança no futuro, subiu 2,3 pontos e atingiu para 99,1 pontos, valor muito próximo ao de fevereiro, período pré-pandemia (99 pontos). Os indicadores de demanda prevista e tendência dos negócios tiveram avanços semelhantes.

“O ambiente de negócios para as empresas do setor é mais favorável que o registrado antes do início do isolamento social determinado pela pandemia. Enquanto o mercado imobiliário está sendo impulsionado pelas taxas de juros em níveis historicamente baixos, a infraestrutura se beneficia dos investimentos das prefeituras e das recentes mudanças regulatórias”, disse a pesquisadora da FGV Ana Maria Castelo.

O Nível de Utilização da Capacidade aumentou 2,4 pontos percentuais, para 74,5%.

Agência Brasil

CMN aprova regulação simplificada para projetos inovadores

0
Foto: Chronis Yan/Unsplash

A partir do próximo ano, empresas poderão testar projetos inovadores para o sistema financeiro com regulações e acompanhamento diferenciados. O Banco Central (BC) e o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovaram hoje (26) a implementação do sandbox regulatório, nome dado ao ambiente simplificado de regulação.

Em entrevista coletiva, a chefe adjunta do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro, Paula Leitão, informou que o primeiro ciclo de inscrições de empresas deverá ser aberto no primeiro semestre de 2021. O BC editará uma norma definindo os requisitos simplificados para o primeiro ciclo.

A princípio, as empresas ficarão no sandbox regulatório por um ano, renovável por mais um ano, dependendo da complexidade do produto testado. Caso seja necessário, o BC poderá estender a permanência no ambiente simplificado por um terceiro ano, informou a chefe adjunta do BC.

Monitoramento

Em comunicado, o BC informou que avaliará constantemente os resultados obtidos e monitorará os riscos de cada projeto. A autoridade monetária pode impor restrições e até proibir a inovação caso identifique algum problema. No entanto, o produto inovador poderá receber aval para comercialização em larga escala caso a experiência seja bem sucedida.

As empresas autorizadas e os projetos em inspeção no primeiro ciclo do sandbox regulatório serão divulgados pelo BC. Os detalhes de cada modelo de negócio, no entanto, não serão informados ao público.

Segundo Paula, o ambiente simplificado de regulação integra a agenda institucional do órgão para aumentar a concorrência e estimular a entrada de novos modelos de negócios no sistema financeiro brasileiro.

Agência Brasil

OCDE apresenta relatórios sobre era digital e telecomunicações no país

0
Foto: Echo Grid/Unsplash

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentou hoje (26) dois relatórios sobre a economia digital e o acesso às telecomunicações no Brasil. De acordo com o secretário-geral da organização, Angel Gurría, o Brasil teve progressos digitais significativos nos últimos anos, mas os desafios persistem.

Durante a cerimônia virtual de lançamento dos relatórios, Gurría fez cinco recomendações para que o Brasil avance nessa área e garanta uma transformação digital bem-sucedida e inclusiva no país.

Segundo ele, o Brasil deve adotar uma abordagem em toda a estrutura governamental baseada na Estratégia Brasileira para a Transformação Digital (E-Digital), lançada em 2018. Para Gurría, mais ações poderiam ser executadas para esclarecer as normas, no âmbito do Comitê Interministerial para a Transformação Digital, o que permitiria a integração das decisões para elaboração das políticas e reserva de orçamento para implementação da estratégia.

Além disso, o Brasil deve continuar implementando a infraestrutura de rede fixa para atender a crescente demanda por uma conexão “confiável e acessível” das empresas e famílias. Para o secretário-geral da OCDE, uma banda larga de alta velocidade também é essencial para tecnologias como a internet das coisas e inteligência artificial.

A confiança também é uma base necessária para a transformação digital, segundo o secretário-geral da OCDE. Nesse sentido, ele acredita que a Lei Geral de Proteção de Dados é um importante passo adiante, sendo essencial garantir que seu órgão regulador, a Autoridade Nacional, funcione com total independência e que as nomeações para o Conselho de Administração sejam transparentes e embasadas em critérios técnicos. Isso também de aplica ao Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais.

Para o secretário-geral da OCDE, a transformação digital deve andar de mãos dados com uma transformação fiscal e, no Brasil, os serviços de comunicação se beneficiariam significativamente com uma harmonização da tributação entre os estados. Segundo Gurría, um regime de licenciamento de classe único minimizaria custos jurídicos, encargos administrativos e a potencial arbitragem fiscal.

Por último, de acordo com ele, o governo deve adotar medidas para melhorar a estrutura institucional e regulatória do setor através da criação de um único órgão regulador independente, encarregados dos serviços de comunicação e radiodifusão. Além disso, é importante que os leilões para a implantação da rede 5G no Brasil sejam “organizados cuidadosamente”, para garantir um mercado competitivo.

Avanços e desafios

De acordo Gurría, o Brasil ainda tem desafios em garantir o acesso à internet para determinados perfis da população. Em 2018, por exemplo, segundo ele, quase um quarto da população adulta no Brasil nunca tinha utilizado a internet.

As empresas brasileiras, especificamente as micro empresas, também ficam aquém das empresas dos países da OCDE no uso de tecnologias digitais. Apensas 54% das empresas brasileiras com dez empregados ou mais tinham site próprio em 2019; já a média entre os países da OCDE é de 88%.

Para o secretário-geral, embora o Brasil tenha quase 90 assinaturas de banda larga móvel por 100 habitantes, não muito longe da média da OCDE, a penetração da banda larga fixa fica em 15,5%, a metade da média dos países da organização que é de 31,4%. O Brasil também fica atrás em termos de velocidade de conexão, com 4,8 megabits por segundo, em comparação com a média (26,8 megabits por segundo) nos países da OCDE.

Entre os progressos implementados no país, Gurría citou o maior acesso ao mundo digital de forma geral, com 70% das pessoas acessando a internet em 2018, em comparação com apenas 27% em 2006, e as assinaturas de banda larga triplicando entre 2002 e 2019. Além disso, segundo ele, foram aprovadas leis importantes para fortalecer a segurança digital e a proteção de dados pessoais e dos consumidores.

A estrutura institucional de governança, liderada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil também é uma força específica do Brasil, segundo Gurría. Ele citou ainda os avanços no fortalecimento da independência do órgão regulador de comunicações, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e as medidas em larga escala para promover a concorrência nos mercados móveis.

Recuperação econômica

Para o secretário-geral da OCDE, a transformação digital do Brasil será indispensável para uma recuperação justa e resiliente no pós-pandemia. As últimas perspectivas econômicas da OCDE projetam que o Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todos os bens e serviços produzidos) global diminuirá 4,5% em 2020, em razão dos efeitos da pandemia de covid-19. No caso do Brasil, a previsão é de retração de 6,5%.

“Milhões de pessoas em todo o mundo entraram na era digital trabalhando e estudando em casa a fim de retardar a propagação do vírus [novo coronavírus]. Alguns países, incluindo o Brasil, passaram por um aumento de 50% no tráfego da internet desde o início da crise”, contou.

Os relatórios apresentados hoje A Caminho da Era Digital no Brasil e Telecomunicações e Radiodifusão no Brasil 2020 estão disponíveis na página da OCDE.

De acordo com o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, a ascensão do Brasil à organização é um dos objetivos do atual governo e para isso está trabalhando para a convergência das melhores práticas da OCDE. Segundo ele, o país já aderiu a 96 instrumentos e solicitou adesão a outros 46 instrumentos da organização.

O ministro explicou que o governo está, especificamente, engajado nas políticas para o setor de ciência, tecnologia, comunicações e inovações. “Entendemos que as políticas públicas nessas áreas são de fundamental importância para a retomada do crescimento econômico do Brasil, especialmente em contexto futuro de pandemia, em que novas tecnologias deverão ser incorporadas a muitas economias nacionais em processo de recuperação”, disse.

Agência Brasil

A desigualdade e seus descontentamentos

0

A desigualdade tem atraído cada vez mais a atenção do público nos últimos anos, refletida em todos os lugares, desde encíclicas papais e tomos econômicos de socialistas franceses até debates acadêmicos técnicos e a linguagem demótica de políticos e eruditos. Os efeitos econômicos e para a saúde da pandemia COVID-19 aumentaram essas preocupações.

Mas com que aspecto da desigualdade devemos nos preocupar? Existem desigualdades de oportunidades e desigualdades de resultados; existe desigualdade geral e existe desigualdade nas pontas da distribuição. Devemos nos preocupar mais com as posições absolutas ou relativas – mobilidade ou estabilidade? O que é realmente mais importante, a distribuição do bolo econômico ou o nível e o crescimento dos padrões de vida?

Na China, nas últimas quatro décadas, a desigualdade aumentou, embora centenas de milhões de pessoas tenham saído da pobreza abjeta. Hoje, nos Estados Unidos, o PIB per capita após os impostos é 50% maior do que na Dinamarca e na Suécia, menos desiguais, onde impostos mais altos financiam enormes sistemas de bem-estar. Entre os estados americanos, a Califórnia tem a maior taxa de pobreza, uma vez que se ajusta o tamanho médio de sua casa 20% maior e o custo de vida 15% maior.

Além disso, o consumo e a renda disponível são consideravelmente menos desiguais do que os dados de renda de mercado frequentemente citados. Medidas tomadas em um prazo mais longo tendem a mostrar menos desigualdade, refletindo o fato de que muitas pessoas são pobres ou ricas apenas temporariamente. Muitos de meus estudantes universitários atualmente têm baixa renda, mas quase certamente ficarão muito bem mais tarde em suas vidas. Não é surpreendente que os perfis naturais de renda por idade e as medidas de acumulação de riqueza ao longo do ciclo de vida mostrassem uma desigualdade considerável em qualquer ponto do tempo. Todas as fontes de dados têm pontos fortes e limitações, seja tamanho da amostra, frequência, cobertura de itens ou comparabilidade (especialmente relevante no caso de dados internacionais).

Contabilizando da melhor maneira possível esses fatores, compilei o seguinte resumo das principais tendências da desigualdade nos Estados Unidos nas últimas décadas. Desde cerca de 1980, o prêmio de qualificação nos salários cresceu substancialmente, enquanto os salários reais de menor qualificação (ajustados pela inflação) cresceram mais lentamente (o que não deve ser confundido com um declínio). Isso reflete a tendência da tecnologia para a mão de obra qualificada, os efeitos negativos da globalização sobre os assalariados menos qualificados e a composição da oferta e demanda de mão de obra qualificada.

Durante esse período, a desigualdade, de um modo geral, aumentou em quase todas as economias avançadas (embora alguns acreditem que vai se reverter), sugerindo que as políticas internas podem não ter sido a causa principal. Da mesma forma, após um longo período de estabilidade, a participação do trabalho na renda nacional diminuiu em todas as principais economias.

Enquanto isso, embora a mobilidade social tenha permanecido em níveis consideráveis, provavelmente diminuiu, inclusive entre gerações. As mudanças na distribuição de salários concentraram-se principalmente na metade superior e, embora tenha havido um aumento relativo na riqueza no topo, é menos do que afirmam alguns comentaristas.

Na verdade, houve um grande aumento nos pagamentos de transferência em dinheiro e em espécie. Um sexto da receita dos EUA vem desses pagamentos, e a taxa nos Estados de bem-estar social da Europa Ocidental é ainda mais alta. Os passivos de direitos não financiados da América cresceram várias vezes a já elevada dívida nacional.

Embora a desigualdade na renda disponível (e ainda mais no consumo) permaneça substancial, é muito menor do que a desigualdade nas rendas do mercado. Depois de adicionar transferências e subtrair impostos, descobre-se que a renda de 1% do topo nos EUA cai em mais de um terço, enquanto a dos 20% da base triplica.

Finalmente, até recentemente, apenas um progresso limitado foi feito no combate à pobreza, apesar da proliferação de vários programas que custam US $ 1,2 trilhão ao ano. Nos três anos anteriores à crise da COVID-19, no entanto, a aceleração do crescimento econômico foi acompanhada por uma redução da pobreza ao nível mais baixo de todos os tempos. A renda média cresceu muito mais do que nos oito anos anteriores, e os salários cresceram mais rapidamente na base. A diferença de renda entre os que têm diploma universitário e os que não têm diminuiu, assim como a diferença entre brancos e minorias.

Onde essas tendências gerais nos levam? O ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy proclamou a famosa declaração de que “a maré alta levanta todos os barcos”. (Mais precisamente, a maré alta levanta a maioria dos barcos e deixa poucos no chão ou naufragados). Em uma economia em crescimento, o bem-estar absoluto daqueles perto do topo e do fundo estão positivamente correlacionados, então as políticas mais importantes a serem seguidas são aquelas que promovem um forte crescimento econômico e pleno emprego.

Nesse contexto, não há muito espaço para uma grande expansão do estado de bem-estar sem prejudicar seriamente o crescimento econômico e, portanto, a equidade intergeracional. Qualquer expansão é limitada pelos passivos não financiados cada vez maiores para a Previdência Social, Medicare e seus análogos estaduais e locais, bem como pelos efeitos de incentivos negativos de impostos mais elevados explícitos e implícitos (refletindo a taxa na qual os destinatários perdem benefícios como renda sobe).

Ao consolidar, modernizar e direcionar melhor os programas existentes, os EUA podem liberar recursos para onde são mais necessários. O governo federal não precisa de 47 programas de treinamento profissional em nove agências, que custam cerca de US $ 20 bilhões por ano e geram resultados ruins. Da mesma forma, desacelerar o crescimento dos gastos com a Previdência Social para aqueles que já possuem consideráveis ​​outros recursos poderia reduzir a necessidade de impostos futuros mais altos e ajudar a alcançar a meta original do presidente Franklin D. Roosevelt de fornecer uma “medida de proteção … contra a velhice assolada pela pobreza. ”

Além disso, as reformas educacionais, como maior escolha escolar e remuneração por mérito, podem melhorar as oportunidades para crianças desfavorecidas. E tributar uma base mais ampla de atividades econômicas e pessoas pode manter as taxas o mais baixo possível, ao mesmo tempo que financia adequadamente as funções necessárias do governo.

Enquanto alguns na esquerda e na direita libertária pressionam por uma renda básica universal, seria muito melhor simplesmente subsidiar baixos salários para aqueles que podem trabalhar. Isso aumentaria a renda, proporcionaria incentivos ao trabalho mais fortes e colocaria mais pessoas na escada econômica do que os mandatos de alto salário-mínimo que colocam as pessoas fora do mercado e criam dependência do bem-estar. E embora os custos diretos dos subsídios salariais sejam substanciais, eles seriam fortemente compensados ​​pela redução nos pagamentos dos programas existentes.

É hora de começar a controlar o poder do mercado, e não do governo. É assim que substituiremos a dependência por oportunidades e mobilidade ascendente.


Michael J. Boskin é professor de economia na Universidade de Stanford e pesquisador sênior na Hoover Institution. Ele foi presidente do Conselho de Consultores Econômicos de George W. Bush de 1989 a 1993 e chefiou a chamada Comissão Boskin, um órgão consultivo do Congresso que destacou erros nas estimativas oficiais de inflação dos EUA.