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Governo zera imposto de importação de seringas e agulhas até junho

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Foto: Ewa Urban/Pixabay

Até o meio do ano, as seringas e agulhas de outros países entrarão no Brasil sem pagar tarifas. O Comitê-Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu zerar o imposto de importação até 30 de junho. A medida ajudará a reforçar o combate à pandemia de covid-19.

Até agora, esses produtos pagavam 16% de alíquota para entrar no país. A Camex também suspendeu, até o fim de junho, uma sobretaxa aplicada para as seringas descartáveis importadas da China.

Desde 2009, o Brasil aplica uma medida antidumping – punição autorizada pelas normas internacionais quando um país julga haver concorrência desleal à indústria nacional – às seringas descartáveis chinesas. Desde 2015, a sobretaxa estava fixada em US$ 4,55 a cada quilograma de mercadoria importada.

Tarifa zerada

Com as duas medidas, a lista de produtos com tarifa zerada para o combate à pandemia de covid-19 aumentou para 303 produtos. Desde março do ano passado, o Comitê-Executivo da Camex avalia o abastecimento brasileiro de produtos de saúde e promove ajustes na lista com base na avaliação do Ministério da Saúde da situação da pandemia no país. Até agora, foram emitidas 16 resoluções de reduções tarifárias.

Na segunda-feira (4), o Ministério da Saúde havia requisitado a fabricantes instalados no país seringas e agulhas de estoques excedentes para a futura campanha de vacinação contra a covid-19.

AB

MEC homologa novas diretrizes para educação profissional e tecnológica

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Foto: Marcelo Camargo/AB

O Ministério da Educação (MEC) homologou as novas diretrizes curriculares nacionais (DCN) para a educação profissional e tecnológica (EPT). Aprovado em novembro, o documento orienta os sistemas e as instituições de ensino públicas e privadas que ofertam cursos da modalidade em todos os níveis.

A portaria com as novas diretrizes foi publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira (4).

As novas diretrizes substituem dois documentos que se referiam a cursos de EPT em níveis distintos. O novo documento aborda desde cursos de qualificação profissional, passando pela formação técnica de nível médio, até chegar os cursos tecnológicos de graduação e pós-graduação, no planejamento, no desenvolvimento e na avaliação da EPT, presencial e a distância.

De acordo com o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) que aprovou as novas diretrizes, a revisão do documento foi necessária em razão das mudanças trazidas pela Lei nº 13.415/2017, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases (LDB).

As alterações flexibilizaram a organização curricular do ensino médio “por itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino”, inclusive por meio de um itinerário dedicado à formação técnica e profissional.

No caso da EPT, a perspectiva dos itinerários formativos ocorre de acordo com os eixos tecnológicos em que se subdividem os cursos. Dos 13 eixos existentes, os que atualmente reúnem mais matrículas em cursos técnicos são: ambiente e saúde; gestão e negócios; controle e processos industriais; informação e comunicação.

O parecer diz ainda que as alterações ocorreram em razão da necessidade de se alinhar às demandas dos setores produtivos e também para responder adequadamente aos atuais desafios apresentados às instituições e sistemas de ensino do país, em especial, quanto à oferta de novas alternativas de profissionalização dos novos trabalhadores.

Em novembro, o CNE também havia aprovado as alterações no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. Instrumento que serve de referência para instituições e redes de ensino para a oferta de cursos técnicos, o catálogo inclui todos os cursos reconhecidos pelo MEC e também especifica as necessidades de aprendizado para cada área.

A versão atual, finalizada após consulta pública, registra 215 cursos distribuídos em 13 eixos tecnológicos, com informações sobre perfil profissional dos egressos, campos de atuação, carga horária e legislações profissionais correlatas, entre outros.

A versão anterior, que é de 2014, apresenta uma relação de 227 cursos, também divididos em 13 eixos.

Agência Brasil

Banco Mundial prevê salto de 4% no PIB global em 2021

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Foto: Unsplash

A economia global deve crescer 4% em 2021 depois de encolher 4,3% em 2020, disse o Banco Mundial nesta terça-feira (5), embora tenha alertado que o aumento das infecções por covid-19 e atrasos na distribuição das vacinas podem limitar a recuperação para apenas 1,6% neste ano.

A previsão semestral do Banco Mundial mostrou que o colapso na atividade devido à pandemia do novo coronavírus foi ligeiramente menos grave do que o previsto anteriormente, mas a recuperação também estava mais moderada e ainda sujeita a consideráveis riscos negativos.

“A perspectiva de curto prazo permanece altamente incerta”, disse o Banco em um comunicado. “Um cenário negativo em que as infecções continuem a aumentar e o lançamento de uma vacina seja adiado pode limitar a expansão global a 1,6% em 2021.”

Com o controle bem-sucedido da pandemia e um processo de vacinação mais rápido, o crescimento global pode acelerar para quase 5%, disse o banco em seu último relatório de Perspectivas Econômicas Globais.

Mais de 85 milhões de pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus e quase 1,85 milhão morreram desde que os primeiros casos foram identificados na China, em dezembro de 2019.

A pandemia deve ter efeitos adversos duradouros na economia global, agravando uma desaceleração já projetada antes do início do surto, e o mundo pode enfrentar uma “década de decepções com o crescimento” a menos que reformas abrangentes sejam implementadas, disse o Banco Mundial.

Contrações mais superficiais nas economias avançadas e uma recuperação mais robusta na China ajudaram a evitar um colapso maior na produção global geral, mas as interrupções foram mais agudas na maioria dos outros mercados emergentes e economias em desenvolvimento, disse o órgão.

O Produto Interno Bruto agregado de mercados emergentes e economias em desenvolvimento — incluindo a China — deve saltar 5% em 2021, após uma contração de 2,6% em 2020.

A economia da China deve expandir 7,9% este ano, depois de subir 2% em 2020, afirmou o Banco.

Excluindo a China, os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento devem apresentar alta de 3,4% em 2021, após contração de 5% em 2020.

A renda per capita caiu em 90% dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, levando milhões de volta à pobreza, com a redução da confiança do investidor, o aumento do desemprego e a perda de tempo de educação diminuindo as perspectivas de redução da pobreza no futuro, disse o Banco.

A crise também desencadeou aumento nos níveis de dívida entre os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, com a dívida do governo saltando 9 pontos percentuais do PIB, o maior ganho anual desde o final dos anos 1980.

“A comunidade global precisa agir rápida e vigorosamente para garantir que a última onda de dívida não termine com crises de dívida”, disse o relatório, acrescentando que as reduções nos níveis da dívida seriam a única maneira de alguns países voltarem à solvência.

O ressurgimento de infecções paralisou uma recuperação nascente nas economias avançadas no terceiro trimestre, com a produção econômica desses países agora devendo subir 3,3% em 2021, em vez de 3,9% como inicialmente previsto, disse o órgão.

O Banco Mundial projeta que o PIB dos EUA vai expandir 3,5% em 2021, depois de contração estimada de 3,6% em 2020. A zona do euro deve registrar crescimento da produção de 3,6% este ano, depois de queda de 7,4% em 2020.

AB

Brasil exportou US$ 50,23 bi a mais do que importou em 2020

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Foto: Barrett Ward/Unsplash

A queda das importações em ritmo maior que o recuo das exportações fez a balança comercial encerrar 2020 com superávit maior do que em 2019. No ano passado, o Brasil exportou US$ 50,235 bilhões a mais do que importou, alta de 4,6% em relação ao superávit observado em 2019. Pelo critério da média diária, que divide o saldo total pelo número de dias úteis, o crescimento somou 7,1%.

O superávit cresceu pela primeira vez depois de dois anos seguidos de queda. Em 2017, o indicador bateu recorde, atingindo US$ 66,989 bilhões. Depois disso, o superávit caiu para US$ 58,033 bilhões em 2018 e US$ 48,035 bilhões em 2019.

No ano passado, o Brasil exportou US$ 206,972 bilhões, com recuo de 5,9% em relação a 2019 pelo critério da média diária. As importações somaram US$ 156,737 bilhões, com retração de 9,5% também pela média diária. Como as compras do exterior caíram mais do que as vendas, o saldo comercial cresceu no acumulado do ano.

Por causa da pandemia da covid-19, o Brasil passou a exportar menos à medida que o consumo mundial caiu. Em contrapartida, o país também passou a comprar menos do exterior por causa da alta de quase 30% do dólar no ano passado.

Dezembro

O superávit da balança comercial poderia ter sido maior não fosse o desempenho de dezembro. No mês passado, o Brasil registrou saldo negativo, importando US$ 800,7 milhões a mais do que exportando.

O recuo das exportações em dezembro foi puxado pela agropecuária, cujas vendas para o exterior caíram 19,1% no mês passado em relação ao mesmo mês de 2019. Isso se deve à antecipação de embarques de diversos produtos, como soja (-91%) e arroz com casca ou bruto (-99,5%). Como as vendas se concentraram até novembro, os embarques caíram no mês seguinte.

As exportações da indústria extrativa encolheram 10,3% em dezembro, puxada por minérios de metais preciosos (-45,2%) e por óleos brutos de petróleo (-62,8%). Somente as exportações da indústria de transformação cresceram no mês passado, tendo subido 5,4% na comparação com dezembro de 2019. As principais altas foram registradas no açúcar processado, com aumento de 116,64%, no ouro processado (+61,5%) e nos combustíveis (+25,9%).

AB

Brexit: o que muda nas relações entre a UE e o Reino Unido

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Foto: Christian Lue/Unsplash

O acordo de comércio e parceria entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido entrou em vigor, provisoriamente, no dia 1º de janeiro e será mantido até o último dia de fevereiro. Até lá, o Parlamento Europeu terá que analisar, fiscalizar e aprovar para que em março o documento assinado pelas duas partes passe a gerir, de forma definitiva, as relações entre os 27 países do bloco e o Reino Unido.

O acordo aplica-se a todas as relações que se estabelecerem entre a UE e o Reino Unido desde o primeiro dia deste ano. Esse detalhe faz a diferença para quem já trabalhava e residia no Reino Unido e quem pretende fazê-lo agora, por exemplo.

O chefe do secretariado da Comissão de Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu, José Luís Pacheco, falou sobre algumas das principais questões que se colocam a partir de agora.

1 – A situação dos europeus que trabalham ou querem trabalhar no Reino Unido

Para os cidadãos que já estão no Reino Unido e que pediram o estatuto de residente ou de pré-residente permanente não vai haver mudanças, porque os direitos foram salvaguardados pelo acordo de saída que entrou em vigor há um ano.

Para já, 328 mil portugueses pediram o direito de residência no Reino Unido, que devem obter, de forma definitiva, até junho deste ano. A partir dessa data, quem não tiver esse estatuto, estará em situação irregular no país.

O acordo não estabelece regras específicas para os europeus que querem, agora, ir trabalhar ou residir no Reino Unido. Londres não aceitou que houvesse entendimento para o futuro no que se refere a essa questão. Para quem quiser ir trabalhar no Reino Unido, serão aplicadas as regras de emigração daquele território.

Entre outras coisas, será necessário obter um visto ainda no país de origem. O trabalhador tem que comprovar que tem uma oferta de emprego e que possui as habilitações necessárias para desempenhar as funções que vai exercer. Será necessário também comprovar que vai receber pagamento compatível com as tabelas salariais do país.

2 – O acesso dos estudantes europeus ao ensino no Reino Unido

O Reino Unido decidiu sair do programa Erasmus, alegando que há mais estudantes europeus no país do que britânicos na Europa. O primeiro-ministro Boris Johnson considerou que era dificil manter, economicamente, essa parceria.

No entanto, os estudantes do Erasmus que já estão em território britânico e incluídos no programa podem continuar até o fim do intercâmbio, porque esses deslocamentos e estadias já foram devidamente autorizadas e financiados pelo orçamento comunitário anterior, o último do qual o Reino Unido fez parte.

Londres quer agora criar o seu próprio programa de intercâmbio de estudantes e, por isso, será necessário esperar para conhecer as regras e condições. Para os estudantes europeus que participam do programa de intercâmbio Erasmus, o Reino Unido era o quarto destino mais procurado.

A partir de agora, os europeus que queiram ir estudar no Reino Unido, sem ser por meio de um programa de intercâmbio, precisam obter um visto no país de origem e comprovar que há vaga na universidade que pretendem frequentar, que dominam a língua inglesa e que têm meios de subsistência. É que estudar no Reino Unido passará a ser mais caro.

Se até agora qualquer estudante europeu em solo britânico não podia ser discriminado e era tratado como um cidadão da União com os mesmos direitos e os mesmos encargos financeiros de um cidadão britânico, a partir de janeiro deste ano vão ter que pagar as propinas e os custos de um cidadão de países terceiros o que, na maioria dos casos, pode significar o dobro do que pagavam até agora

3 – O acesso dos pescadores europeus a águas do Reino Unido

Esta foi uma das áreas que mais dividiu as duas partes. AUnião Europeia defendeu o direito de acesso dos pescadores europeus a águas britânicas como uma das contrapartidas do acesso, sem quotas e sem taxas aduaneiras, do Reino Unido ao mercado de 450 milhões de consumidores dos 27.

No acordo agora em vigor, está estabelecido que os pescadores europeus vão perder, gradualmente e durante cinco anos, 25% das cotas de pesca em águas britânicas. Depois destes cinco anos, as possibilidades de captura vão ser negociadas ano a ano.

Se é um fato que os pescadores europeus pescam mais no Reino Unido do que os pescadores britânicos na Europa, também é verdade que Londres exporta, para o mercado da União Europeia, cerca de dois terços dos derivados de pesca que produz.

A questão da pesca foi importante, não por causa do valor econômico que representa – perto de 700 milhões de euros por ano quando o valor do comércio total entre as duas partes é de 700 bilhões – mas pela importância que tem para as comunidades costeiras europeias.

Portugal não é um dos países da União Europeia com maior atividade pesqueira em águas do Reino Unido. O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, admite interesse na troca pela captura de outras espécies.

4 – O acesso a cuidados de saúde dos europeus no Reino Unido

Em visitas de curta estadia, o cartão europeu de saúde mantém-se como válido para permitir que os europeus recebam cuidados de saúde no Reino Unido e os britânicos em solo europeu.

O acerto de contas será feito depois entre os sistemas de segurança social dos países envolvidos.

Diferente será a situação para quem vai trabalhar ou residir no Reino Unido. Nesse caso, serão aplicadas as regras nacionais britânicas de segurança social e acesso à saúde.

Essa é uma das áreas em que se admite que, ne futuro, as duas partes possam avançar para acordos mais específicos e definir situações que não estão contempladas no acordo de comercio e parceria.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou, depois de firmado o acordo, esperar uma próxima cooperação entre as duas partes, para enfrentar a pandemia de covid-19 e mesmo um tratado para cooperação na área de questões sanitárias.

5 – A confiança dos consumidores europeus na qualidade dos produtos que chegam do Reino Unido

Não existem, no momento, razões para que os consumidores europeus possam desconfiar da qualidade dos produtos importados do Reino Unido, porque as condições de controle sanitário, por exemplo, devem sempre respeitar as exigências de quem importa.

O acordo encontrou formas de simplificar as trocas comerciais, de forma a que um excessivo controle sanitário não bloqueasse o fluxo de bens.

Um aumento desse tipo de fiscalização pode, no entanto, ocorrer a qualquer momento, se os serviços aduaneiros da União Europeia registarem consequentes inconformidades com as regras estabelecidas.

6 – O que vai ser exigido a quem viaja para o Reino Unido

O Reino Unido, quando fazia parte da União Europeia, não integrava o espaço Schengen, e as regras que vigoravam até agora vão ser mantidas.

Quem viajar de e para o Reino Unido continuará a ter que apresentar os documentos, na partida e na chegada e, no caso dos aeroportos, em áreas diferentes das que são destinadas a cidadãos de países que integram o acordo de Schengen, que permite a livre circulação de pessoas dentro dos países signatários, sem a necessidade de apresentação de passaporte nas fronteiras. Mas não será necessário obter um visto prévio no caso das viagens de curta duração – até 90 dias – em turismo ou em negócios.

Até outubro deste ano, porém, será suficiente a apresentação do cartão de cidadão, mas a partir dessa data será exigida a exibição de um passaporte.

7 – A questão da concorrência e das empresas da União Europeia e do Reino Unido

Conseguir uma concorrência justa e livre entre as duas partes foi sempre uma das prioridades da União Europeia. O negociador chefe, Michel Barnier, sempre insistiu na necessidade de aplicar critérios de level playing field, criando as condições para que todos possam ter a mesma possibilidade de sucesso no mercado, sem regras ou apoios que possam distorcer uma concorrência justa.

Nesse sentido, os apoios e subsídios estatais às empresas devem ser adequados e não permitir situações de vantagem no mercado.

Se uma das partes considerar que as ajudas que estão a ser atribuídas às empresas são contrárias ao que ficou acordado, pode recorrer a um tribunal arbitral e, em último recurso, impor sanções que podem passar pela proibição de importação de produtos provenientes da indústria que está a ser subsidiada por Bruxelas ou Londres.

O Reino Unido queria impor as suas próprias regras, mas a União Europeia entendeu que um acesso sem tarifas, direitos alfandegários e limites à importação seria necessário para que não existissem regras de distorção do mercado ou, em alternativa, a imposição de impostos alfandegários ou um limite às importações. No acordo agora alcançado, optou-se pela criação de situações de base justas com a definição das ajudas de Estado que são compatíveis com uma concorrência saudável.

8 – Os futuros acordos bilaterais e serviços bancários e financeiros

A partir de agora, os países da União Europeia podem desenvolver acordos bilaterais ou multilaterais com o Reino Unido em áreas que não estejam abrangidas – ou estejam apenas em certas questões – pelos acordos já assinados. Mas a mais significativa dessas áreas é a dos serviços financeiros.

Com o fim da liberdade de serviços entre as duas partes, os bancos e as seguradoras britânicas que queiram prestar serviços na UE têm que necessariamente se estabelecer em um dos Estados-membros. A partir daí, um Estado-membro pode celebrar acordos bilaterais que abordem a forma de funcionamento desses serviços.

Outra área em que, no futuro, podem ser assinados acordos bilaterais é a da emigração. As exigências para trabalhar, residir ou estudar podem ser definidas caso a caso entre o Reino Unido e um dos países da União Europeia.

9 – O transporte de pessoas e mercadorias entre a União Europeia e o Reino Unido

O acordo entre a UE e o Reino Unido prevê que se mantenham os transportes de pessoas e mercadorias por terra, mar e ar, mas com algumas alterações.

No caso do transporte aéreo de passageiros, é possível a uma companhia aérea britânica voar de um ponto do Reino Unido até um país da União Europeia, mas já não poderá fazer escala num Estado-membro e viajar para outro e só depois regressar a um aeroporto do país de origem.

No caso do transporte de mercadorias, poderá ser possível fazer escalas, até para impedir que os veículos regressem vazios, o que teria um custo ecológico e ambiental que as duas partes querem evitar.

10 – Cooperação com o Reino Unido em programas de investigação e ciência

O Reino Unido saiu da maioria dos programas europeus – alguns bem significativos como o Erasmus – mas será mantida estreita cooperação em outras áreas. São exemplos o programa Horizonte Europa, o Programa de Inovação e Investigação em Ciência, o programa Copernicus e o Programa de Observação da Terra, com grande relevância no estudo e combate às alterações climáticas.

O trabalho conjunto entre europeus e britânicos pode se estender a outras áreas.

Já é possível que outros Estados participem de programas da União Europeia, desde que também contribuam para o financiamento. O mesmo terá que ocorrer sempre que o Reino Unido queira ser parte integrante de um projeto/programa europeu: terá que o financiar no montante e na forma definidos.

Especialistas consideram desejável que isso aconteça também em áreas como a de segurança, defesa e política externa, nas quais os objetivos são comuns. Será preciso vontade política entre as duas partes.

Agência Brasil e RTP

Fiocruz quer contribuir com início da vacinação neste mês

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Foto: Hakan Nural/Unsplash

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou, em nota, que quer contribuir com o início da vacinação contra covid-19 ainda neste mês. Para isso, é necessária a realização do pedido para uso emergencial da vacina, o que deve ser feito nesta semana.

As primeiras vacinas serão importadas da Índia, um dos locais de produção da AstraZeneca, laboratório que tem parceria com a Fiocruz no Brasil. Serão 2 milhões de doses. As demais serão produzidas pela própria fundação brasileira após a chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), também prevista para janeiro.

“A estratégia é contribuir com o início da vacinação, ainda em janeiro, com as doses importadas, de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, e, ao mesmo tempo, dar início à produção, conforme cronograma já amplamente divulgado”, informou a Fiocruz. O pedido de registro definitivo da vacina está previsto para ocorrer em 15 de janeiro.

De acordo com a fundação, em uma reunião ocorrida recentemente entre o Ministério da Saúde, a Fiocruz e a AstraZeneca, o laboratório mostrou a viabilidade de entregar ao governo brasileiro doses prontas da vacina para agilizar o processo de vacinação da população.

Além disso, o registro da vacina em países como Argentina e Índia, além do Reino Unido, teria aberto caminho para o pedido de importação das primeiras vacinas, já autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

A Fiocruz entregará 110,4 milhões de doses até julho deste ano. A primeira entrega ocorrerá na semana de 8 a 12 de fevereiro. “Com a incorporação da tecnologia concluída, a Fiocruz terá a capacidade de produzir mais 110 milhões ao longo do segundo semestre de 2021”, acrescentou a fundação.

Insumos

A Secretaria de Comércio Exterior publicou uma portaria proibindo a exportação de seringas, mesmo com agulhas, de 3ml, e outras agulhas que possuam as seguintes dimensões: 22G x 1”, 23G x 1” e 24G x ¾ após o dia 1º de janeiro deste ano. A exportação só poderá ser feita mediante uma licença especial.

Recentemente, o governo federal questionou empresas sobre o risco de desabastecimento de seringas. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) quer analisar se haverá risco de desabastecimento e consequente falta de acesso aos produtos, bem como a possibilidade de reajuste nos preços pelo aumento na procura. O Ministério da Saúde informou em nota que realizou pregão para compra de seringas e agulhas dentro do trâmite legal. Após a fase de recursos, a previsão é que os contratos sejam assinados ainda em janeiro.

Agência Brasil

A irracionalidade do socialismo segundo Mises

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Foto: Egor Myznik/Unsplash

Em 1920, Ludwig von Mises publicou aquele que viria a ser o mais importante artigo de economia já escrito: “O cálculo econômico sob o socialismo“. Você pode lê-lo aqui.

O ensaio de Mises foi o primeiro a desafiar a teoria socialista, à época em voga ao redor do mundo. Nesta monografia que viria a se tornar o pilar central da Escola Austríaca de Economia, Mises demonstrou que o planejamento econômico centralizado é inerentemente irracional e, logo, impossível.

Por quê? Porque os planejadores centrais precisam de um sistema de preços para lhes mostrar quanto custa cada recurso escasso. E estes preços só podem surgir por meio da concorrência em uma sociedade em que haja propriedade privada e que permita a livre entrada de concorrentes. O socialismo não permite nenhum dos dois.

A histórica constatação de Mises

O ensaio de Mises chama a atenção não apenas pelo seu rigor, como também por sua honestidade intelectual. 

Em vez de intencionalmente enfraquecer o argumento do oponente para então criticá-lo — tática essa conhecida como a falácia lógica do “espantalho” —, Mises fez questão de apresentar o argumento a favor do socialismo em sua versão mais robusta e convincente possível, para então respondê-lo e apontar os erros.

Assim, quando Mises começou a destrinchar os problemas do socialismo, ele partiu do princípio, para o bem do debate, de que o comitê de planejamento central de um regime socialista era formado por seres não apenas totalmente bem intencionados, como também estes usufruíam todos os conhecimentos técnicos relevantes à sua disposição.

Embora seja humanamente impossível que um comitê central formado por burocratas consiga apreender todos os fatos existentes e dispersos ao longo de toda a economia do país, e absorvê-los em sua mente de modo a tomar decisões boas e racionais, Mises, mesmo levando em conta esta impossibilidade prática, pressupôs, pelo bem do debate, que o comitê central socialista seria formado por homens iluminados, oniscientes e perfeitamente capazes de apreender e reunir todo o conhecimento disperso na sociedade. 

E, ainda assim, afirmou Mises, esses planejadores socialistas estariam perdidos e tateando no escuro. 

Mesmo sendo detentores de todo o conhecimento existente na sociedade, os planejadores socialistas simplesmente não teriam como avaliar se os recursos escassos — recursos naturais, bens de capital e mão-de-obra — à sua disposição estariam sendo empregados da melhor maneira possível. 

Os planejadores socialistas não teriam como mensurar a eficiência econômica de seu plano para os recursos da sociedade.

Eis, resumidamente, o argumento de Mises:

1) Sob o socialismo, os meios de produção (fábricas, instalações industriais, máquinas, ferramentas e mão-de-obra) não possuem proprietários privados. Eles pertencem ao estado.

2) Se os meios de produção pertencem exclusivamente ao estado, não há um genuíno mercado entre eles.

3) Se não há um mercado entre eles, é impossível haver a formação de preços legítimos para esses meios de produção (o que inclui os salários da mão-de-obra).

4) Se não há preços, é impossível fazer qualquer cálculo de custos. 

5) Sem cálculo de custos, não há cálculo de lucros e prejuízos, e consequentemente não há como direcionar o uso de meios de produção para atender às mais urgentes demandas dos consumidores da maneira menos dispendiosa possível.

6) Logo, sem preços e sem cálculo de custos, de lucros e de prejuízos, é impossível haver qualquer racionalidade econômica na alocação de recursos escassos, o que significa que uma economia planejada é, paradoxalmente, impossível de ser planejada.

Ou seja: dado que a própria essência do socialismo é a propriedade coletiva dos meios de produção e a ausência de livre concorrência; dado que tal arranjo não permite o surgimento de preços de mercado; e dado que sem preços não há o mecanismo de lucros e prejuízos, que é o que traz racionalidade para qualquer processo produtivo, o comitê de planejamento central não seria capaz nem de planejar nem de tomar qualquer tipo de decisão econômica racional.

Os planejadores centrais, se bem-sucedidos em centralizar a produção e a distruibuição, não teriam preços para guiar seu planejamento. Não saberiam quanto cada ativo, produto ou serviço custa. Logo, suas decisões necessariamente teriam de ser completamente arbitrárias e caóticas. 

Consequentemente, concluiu Mises, a existência de uma economia socialista planejada é literalmente “impossível”. E o socialismo é irracional. Trata-se de um ideal que não pode ser alcançado no mundo real. É inerentemente algo utópico, não tendo como funcionar em local nenhum do mundo.

A reação

Por um bom tempo, este ensaio de Mises se tornou o foco dos defensores do socialismo. Mas ninguém conseguiu refutá-lo. 

E então, com o passar dos anos, aqueles economistas que ainda defendiam algum planejamento centralizado de qualquer tipo simplesmente ignoraram o artigo ou diziam que ele já tinha sido refutado (sem mostrar como).

No entanto, a importância do ensaio de Mises foi reconhecida em meados da década de 1930 por um teórico socialista que lecionava na Universidade de Michigan: Oskar Lange.

Naquele que se tornou seu mais famoso ensaio, “On the Economic Theory of Socialism“, publicado em 1936, Lange começa suas considerações com esta esperta retórica:

Nós socialistas certamente temos bons motivos para sermos gratos ao Professor Mises, o grande advocatus diaboli [advogado do diabo] da nossa causa. Pois foi seu poderoso desafio que obrigou os socialistas a reconhecerem o problema de um inadequado sistema de contabilidade econômica para guiar a alocação de recursos em uma economia socialista.

Mais ainda: foi principalmente por causa do desafio do Professor Mises que muitos socialistas se tornaram cientes da própria existência deste problema. […]

Tanto como uma expressão de reconhecimento pelo grande serviço prestado por ele, e como lembrança da suprema importância de se ter uma sólida contabilidade econômica, uma estátua em homenagem ao Professor Mises deveria ser erguida em um honroso local no grande hall de entrada do Ministério da Socialização, ou no Comitê Central de Planejamento do estado socialista.

Lange argumentou que um comitê de planejamento central poderia estabelecer um sistema de produção econômica tão eficiente quanto um sistema econômico descentralizado guiado por preços competitivos. Os planejadores socialistas teriam apenas de atribuir preços arbitrários para todo e qualquer item oferecido pelo estado; ato contínuo, se houvesse ou uma escassez ou um excesso de estoques, então o comitê alteraria os preços. E assim sucessivamente, até se alcançar um equilíbrio.

A absurdidade prática deste argumento em um mundo de preços em contínua alteração, e com literalmente bilhões de bens serviços, deveria ser evidente para todos. Mas não foi evidente para nenhum economista acadêmico. O argumento de Lange continuou a ser citado me monografias defendendo o planejamento central até o colapso da União Soviética a 25 de dezembro de 1991.

A vasta maioria dos economistas acadêmicos se lembra de Mises — quando lembram — apenas nos termos desta supressão retórica de Lange.

O departamento de economia da Universidade de Chicago contratou Lange em 1943. Ele saiu do posto em 1945 quando o governo socialista da Polônia o nomeou para Embaixador nos Estados Unidos. Em 1946, ele se tornou o enviado da Polônia para as Nações Unidas. Em 1947, ele retornou à Polônia para assumir um cargo de economista no governo e, depois, como professor na Universidade de Varsóvia.

Em nenhum momento, algum governo socialista adotou seu hipotético programa de testar preços arbitrariamente atribuídos. Não obstante, economistas acadêmicos continuaram citando seu artigo de 1936 como sendo uma refutação do ensaio de Mises.

Durante 50 anos, poucos livros-textos de economia mencionavam Mises. E, quando o faziam, era apenas para dizer que ele havia sido totalmente refutado por Lange. Os acadêmicos do establishment simplesmente jogaram Mises no buraco orwelliano da memória.

Robert Heilbroner, um economista socialista e multimilionário em decorrência dos royalties de sua popular obre sobre a história da teoria econômica, The Worldly Philosophers, a qual vendeu mais de quatro milhões de cópias, afirmou em um artigo à revista The New Yorker, de setembro de 1990, intitulado “Após o Comunismo“, que ele havia crescido em um mundo acadêmico no qual ele e seus pares acreditavam que Lange havia refutado Mises. E então ele anunciou: “Mises estava certo“.

No entanto, não há nenhuma referência a Mises na sétima edição da obra The Worldly Philosophers, publicada em 1999, um silêncio que ele manteve nas seis edições anteriores, que começaram em 1953.

O acobertamento dos intelectuais

Todos os eventos ocorridos nos países que adotaram o socialismo demonstraram, de forma macabra, quão correta estava a constatação de Mises.

O fracasso universal do socialismo do século XX começou já nos primeiros meses após a tomada da Rússia por Lênin. A produção caiu acentuadamente. Ato contínuo, ele foi forçado a implementar uma reforma marginalmente capitalista em 1920, a Nova Política Econômica (NEP). Ela salvou o regime do colapso. A NEP foi abolida por Stalin.

Durante as décadas seguintes, Stalin se entregou ao corriqueiro hábito de assassinar pessoas. A estimativa mínima é de 20 milhões de mortos. 

O ponto de partida da chacina socialista foi a Ucrânia. Normalmente é dito que o número de ucranianos mortos na fome de 1932-33 foi de cinco milhões. Mas de acordo com o historiador Robert Conquest, se acrescentarmos outras catástrofes ocorridas com camponeses entre 1930 e 1937, incluindo-se aí um enorme número de deportações de supostos “kulaks”, o grande total é elevado para entorpecentes 14,5 milhões de mortes.

Tal prática era peremptoriamente negada por quase toda a intelligentsia do Ocidente. Foi somente em 1960 que o próprio Robert Conquest publicou seu monumental livro O Grande Terror — Os Expurgos de Stalin

Sua estimativa atual: algo em torno de 30 milhões. O livro foi escarnecido à época. O verbete da Wikipédia sobre o livro é bem acurado.

Publicado durante a Guerra do Vietnã e durante um surto de marxismo revolucionário nas universidades ocidentais e nos círculos intelectuais, O Grande Terror foi agraciado com uma recepção extremamente hostil.

A hostilidade direcionada a Conquest por causa de seus relatos sobre os expurgos foi intensificada por mais dois fatores. 

O primeiro foi que ele se recusou a aceitar a versão apresentada pelo líder soviético Nikita Khrushchev, e apoiada por vários esquerdistas do Ocidente, de que Stalin e seus expurgos foram apenas uma “aberração”, um desvio dos ideais da Revolução, e totalmente contrários aos princípios do leninismo. 

Conquest, por sua vez, argumentou que o stalinismo era uma “consequência natural” do sistema político totalitário criado por Lênin, embora reconhecesse que foram os traços característicos da personalidade de Stalin que haviam causado os horrores específicos do final da década de 1930.  

Sobre isso, Neal Ascherson observou: “Àquela altura, todos nós concordávamos que Stalin era um sujeito muito perverso e extremamente diabólico, mas ainda assim queríamos acreditar em Lênin; e Conquest disse que Lênin era tão mau quanto Stalin, e Stalin estava simplesmente levando adiante o programa de Lênin”.

O segundo fator foi a ácida crítica de Conquest aos intelectuais ocidentais, os quais ele dizia sofrerem de cegueira ideológica quanto às realidades da União Soviética tanto durante a década de 1930 quanto, em alguns casos, até mesmo ainda durante a década de 1960. 

Personalidades da intelectualidade e da cultura da esquerda, como Sidney e Beatrice Webb, George Bernard Shaw, Jean-Paul Sartre, Walter Duranty, Sir Bernard Pares, Harold Laski, D.N. Pritt, Theodore Dreiser e Romain Rolland foram acusados de estúpidos a serviço de Stalin e apologistas de seu regime totalitário devido a vários comentários que fizeram negando, desculpando ou justificando vários aspectos dos expurgos.

A esquerda ainda odeia o livro, e continua até hoje tentando dizer que ele exagerou nos números e nos relatos.

E então veio o Livro Negro do Comunismo (1999), que coloca em 85 milhões a estimativa mínima de cidadãos executados pelos comunistas, deixando claro que cifras como 100 milhões ou mais são as mais prováveis.  

O livro foi escrito por esquerdistas franceses e publicado pela Harvard University Press, de modo que ele não pôde simplesmente ser repudiado como sendo apenas mais um panfleto direitista.

Segundo o livro, entre 1949 e 1987, o comunismo da China, liderado por Mao Tsé-Tung e seus sucessores, assassinou ou de alguma maneira foi o responsável pela morte de 76 milhões de chineses. Há historiadores que dizem que o número total pode ser de 100 milhões ou mais. Somente durante o Grande Salto para Frente, de 1959 a 1961, o número de mortos varia entre 20 milhões e 75 milhões. No período anterior foi de 20 milhões. No período posterior, dezenas de milhões a mais.

No Camboja, o Khmer Vermelho, comandado por Pol Pot, exterminou aproximadamente 3 milhões de cambojanos, em uma população de 8 milhõesCrianças eram assassinadas com baionetas.

No total, segundo Conquest, os regimes socialistas assassinaram aproximadamente 110 milhões de pessoas de 1917 a 1987. Destas, quase 55 milhões de pessoas morreram em vários surtos de inanição e epidemias provocadas pelas políticas de planejamento econômico — dentre estas, mais de 10 milhões foram intencionalmente esfaimadas até a morte, e o resto morreu como consequência não-premeditada da coletivização e das políticas agrícolas marxistas.

A esquerda até hoje tenta ignorar tudo isso.

Com efeito, a resposta da academia tem sido a de considerar todo o experimento soviético como algo que foi meramente mal orientado, algo que se desencaminhou, e não como algo inerentemente diabólico. O custo em termos de vidas humanas raramente é mencionado. Antes de 1991, era algo ainda mais raramente mencionado.  

Antes de Arquipélago Gulag (1973), de Solzhenitsyn, era considerado uma imperdoável falta de etiqueta um acadêmico fazer mais do que apenas mencionar muito discretamente e só de passagem toda a carnificina, devendo limitar qualquer crítica apenas aos expurgos do Partido Comunista comandados por Stalin no final da década de 1930, e praticamente quase nunca mencionar que a fome em massa havia sido adotada como uma política pública. “Ucrânia?  Nunca ouvi falar.” “Kulaks? O que são kulaks?”

Há um livro sobre estas ingênuas e crédulas almas, que foram totalmente trapaceadas: Political Pilgrims: Travels of Western Intellectuals to the Soviet Union, China, and Cuba, 1928-1978 de Paul Hollander. Foi publicado pela Oxford University Press em 1981. Foi ignorado pela intelligentsia por uma década.

A falência intelectual e moral dos líderes intelectuais do Ocidente, algo que vinha sendo encoberto pela própria durabilidade do regime soviético, foi finalmente exposta em 1991, quando houve o reconhecimento mundial de que os regimes marxistas não apenas haviam falido economicamente, como também eram tiranias que o Ocidente havia aceitado como sendo uma alternativa válida para o capitalismo.

Não há exemplo melhor deste auto-engano intelectual do que o de Paul Samuelson, professor de economia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o primeiro americano a ganhar o Prêmio Nobel de economia (1970), ex-colunista da revista Newsweek, e autor daquele que é, de longe, o mais influente livro-texto de economia do mundo pós-guerra (1948 — presente): pelo menos 3 milhões de cópias vendidas em 31 idiomas distintos.  

Ele escreveu na edição de 1989 de seu livro-texto: “A economia soviética é a prova cabal de que, contrariamente àquilo em que muitos céticos haviam prematuramente acreditado, uma economia planificada socialista pode não apenas funcionar, como também prosperar.”

Mises previu tudo

Tudo o que ocorreu seis décadas após a publicação do ensaio de Mises comprovou a acurácia de sua tese. Regimes construídos sobre bases irracionais se degeneram em ações irracionais.

Em 1979, a China comunista abandonou o planejamento centralizado no setor agrícola. Deng Xiaoping removeu os controles estatais sobre a agricultura na China. Essa liberalização levou ao maior e mais longo período de crescimento econômico, na maior área terrestre do planeta, em toda a história da humanidade.

Em seguida, ao fim da década de 1980, a economia da União Soviética começou a implodir. No dia 25 de dezembro de 1991, Mikhail Gorbachev formalmente dissolveu a URSS. Sem nenhum derramamento de sangue, os líderes da URSS simplesmente abandonaram este esquema. A bandeira vermelha sobre o Kremlin foi abaixada pela última vez. O experimento genocida havia terminado.

https://www.youtube.com/watch?v=njXaEZi9gDo

Esses dois acontecimentos apenas comprovaram a teoria de Mises, de 1920. O socialismo é realmente irracional.

Dado que o socialismo é inerentemente irracional, ele não tem como produzir crescimento econômico semelhante ao das economias de livre mercado. Este contraste pode ser visto nesta foto de satélite das duas Coreias. Desconheço uma imagem visual que melhor valide a teoria de Mises.

Para concluir

As leis da economia têm de ser respeitadas. Mises entendeu isso. Seus críticos não. A análise de Mises feita em 1920, apenas três anos após a Revolução de Outubro, se comprovou acurada tanto para a China quanto para a URSS.

Em seu posfácio à edição de 1990 do ensaio de Mises, Joseph Salerno apresentou a seguinte avaliação:

A importância deste ensaio de Mises, de 1920, se estende para muito além de sua devastadora demonstração sobre a impossibilidade de uma economia e de uma sociedade socialista. 

O ensaio apresenta a mais completa justificativa da importância de se ter preços livres, livre concorrência, propriedade privada protegida contra todo e qualquer tipo de ataque, e uma moeda sólida.

Sua tese continuará relevante enquanto economistas e políticos quiserem entender por que até mesmo pequenas intervenções estatais na economia consistentemente fracassam em seu intuito de alcançar resultados socialmente benéficos. 

“O cálculo econômico sob o socialismo” certamente figura entre os mais importantes artigos econômicos escritos neste século.

Eu acrescentaria isto: em qualquer século.

Fonte: Instituto Ludwig von Mises – Brasil

Adolfo Lutz divulga segunda-feira análise de variante do coronavírus

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Foto: LMMV/IOC/Fiocruz

Os resultados da análise de amostras que podem indicar a presença de uma nova variante do novo coronavírus no estado de São Paulo só devem sair nesta segunda-feira (4), informou hoje (2) o Instituto Adolfo Lutz.

Na última quinta-feira (31), o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de São Paulo foi notificado pelo laboratório de medicina diagnóstica Dasa da suspeita de dois casos de uma nova variante do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no estado de São Paulo, a mesma que teria sido detectada na Inglaterra.

A confirmação da cepa em dois pacientes foi feita por meio de sequenciamento genético realizado em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Essa nova cepa, da linhagem B.1.1.7, detectada na Inglaterra, não se mostra mais letal, mas pode ser mais transmissível.

Após a confirmação do laboratório Dasa sobre essa suspeita, as amostras foram enviadas para o Instituto Adolfo Lutz, que deu início ao trabalho de análise e sequenciamento genético para identificar se essa nova cepa já teria mesmo chegado ao Brasil.

Segundo o instituto, as análises preliminares feitas nas amostras não permitiram confirmar a presença da linhagem B.1.1.7. Por isso, foi solicitada ao laboratório Dasa que seja enviada uma quantidade maior de material genético para que o trabalho possa ser concluído até esta segunda.

AB

Mais de 60% dos pequenos empresários pretendem investir em 2021

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Foto: Jude Beck/Unsplash

Pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que 63% dos donos de micro e pequenas empresas pretendem investir no próprio negócio em 2021. As entrevistas foram realizadas entre os dias 20 e 24 de novembro, com 6.138 donos de pequenos negócios de todos os estados e do Distrito Federal.   

Segundo o levantamento, os empresários têm intenção de aplicar recursos, principalmente, em divulgação, modernização de produtos e processos, ampliação da oferta de produtos, serviços, atendimento e capacidade produtiva.

Apesar de a maioria dos micro e pequenos empresários pretenderem aplicar recursos no negócio em 2021, 27% deles afirmaram não ter condições de fazer investimentos em 2021, e 10% disseram que tem intenção de guardar dinheiro para uma emergência. 

“A pandemia trouxe o censo da necessidade da precaução para a rotina dos empresários, uma postura que passa a fazer parte do dia a dia dessas empresas. Acreditamos que esta foi uma lição que veio para ficar”, destacou o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Queda de faturamento

A pesquisa do Sebrae mostrou ainda que, em novembro, houve uma quebra no ritmo de recuperação do faturamento das micro e pequenas empresas. Pela primeira vez, depois de seis meses de  diminuição da queda de faturamento, a baixa no faturamento médio registrou nova aceleração (passou de uma queda de 36% em setembro, em relação ao mesmo mês de 2019, para uma baixa de 39% em novembro). 

Segundo o levantamento, houve ainda um crescimento da proporção de empresários que disseram estar com muitas dificuldades para manter o negócio em operação (de 43%, em setembro, para 47%, em novembro). 

Inovações e pandemia

A pesquisa do Sebrae confirmou também o comportamento dos empresários em implementar inovações em seus negócios como forma de superar os problemas gerados pela pandemia de covid-19. Segundo o levantamento, entre setembro e novembro, cresceu de 39% para 43% a proporção de empresas que passaram a oferecer novos produtos ou serviços em razão da pandemia. 

O estudo apontou também o aumento, nesse período, de 67% para 70%, de empresas que vendem utilizando a internet. De acordo com os entrevistados, o WhatsApp é a plataforma mais utilizada (84%), seguida pelo Instagram (54%) e Facebook (51%). O uso de sites de e-commerce próprios cresceu de 18% para 23%, entre junho e novembro.

AB

Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2021 é sancionada

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Foto: Unsplash

O presidente Jair Bolsonaro sancionou hoje (31) o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021. A LDO define as metas e prioridades do governo para o ano seguinte, orienta a elaboração da lei orçamentária anual e fixa limites para os orçamentos dos poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público. A LDO foi aprovada pelo Congresso Nacional em 16 de dezembro e dependia apenas da sanção presidencial.

Segundo as estimativas constantes da LDO, é esperado um crescimento real do PIB para o ano de 2021 de 3,2%, o IPCA em 3,2%, a taxa Selic em 2,1% e a taxa de câmbio média de R$ 5,3/US$. A nova meta fiscal indica déficit de R$ 247,1 bilhões para o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) para 2021, sem considerar os juros da dívida pública.

Embora o orçamento de 2021 ainda não tenha sido aprovado pelo Congresso, a União estará autorizada a dar continuidade à realização das despesas emergenciais, considerando, para isso, os valores enviados no projeto da lei orçamentária.

A LDO também possui uma listagem de projetos prioritários, que não terão contingenciamento de recursos em 2021 e que, portanto, poderão ser executados. Dentre eles está o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O Fundeb financia a educação básica pública e é composto de 20% da receita de oito impostos estaduais e municipais e valores transferidos de impostos federais. Pelo texto aprovado pelos deputados, a União fará repasses progressivamente maiores ao longo dos próximos seis anos.

Outros projetos cuja execução não será contingenciada dizem respeito ao piso de atenção básica em saúde, a procedimentos de atenção à saúde de média e alta complexidade, à aquisição dos novos caças pela Aeronáutica (projeto FX-2), ao projeto de desenvolvimentos de submarinos pela Marinha e ao sistema integrado de monitoramento de fronteiras.

AB