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Empresas de serviços não financeiros cresceram 1,6% em 2019

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Foto: Charles Deluvio/Unsplash

O número de empresas prestadoras de serviços não financeiros cresceu 1,6% em 2019, na comparação com o ano anterior, e atingiu um total de 1,4 milhão, concentradas especialmente nos segmentos de serviços profissionais, administrativos e complementares, que correspondem a 33,2% do total, e serviços prestados principalmente às famílias, 30,3% do total. No acumulado entre 2014 e 2019, o aumento ficou em 3,8%.

Os dados foram divulgados hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda em 2019, essas empresas empregavam 12,8 milhões. Os salários, retiradas e outras remunerações somaram R$ 376,3 bilhões e a receita operacional líquida atingiu R$ 1,8 trilhão. O valor adicionado bruto ficou em R$ 1,1 trilhão.

De acordo com o IBGE, “os resultados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2019 estão inseridos em um contexto de recuperação do consumo e do poder de compra das famílias e de retomada do emprego”. Esses resultados ocorreram no cenário em que, após dois anos de retração do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma dos bens e serviços produzidos no país -, embora ainda inferior a 2%, a economia brasileira fechava 2019 com o terceiro ano seguido de crescimento. Isso se refletiu na recuperação gradual do emprego, do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo, apesar de queda no consumo da administração pública.

As atividades das empresas prestadoras de serviços não financeiros em 2019 são divididas em sete grandes segmentos: serviços prestados principalmente às famílias, serviços de informação e comunicação, serviços profissionais, administrativos e complementares, transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, atividades imobiliárias, serviços de manutenção e reparação e outras atividades de serviços. Dentro desses segmentos, a pesquisa cobre 34 atividades, formadas por agrupamentos da Classificação Nacional de Atividades Econômicas.

O analista da PAS Marcelo Miranda disse que serviços de informação e comunicação foram o único setor que registrou perda de receita operacional líquida em 2019, na comparação com 2010. “E perde a posição. Em 2010 era o segmento mais importante em número de receitas no setor de serviços e passou para a terceira posição em 2019, ultrapassado pelo segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.

Na mesma comparação com 2010, o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio tem se mantido em primeiro lugar. “[O segmento de] transportes é a dinâmica do Brasil. Dentro desse setor, nós temos a atividade de transporte de cargas e essa foi a mais importante receita operacional líquida em 2019 e ao longo dos últimos dez anos. Por isso, transportes acabam figurando na primeira posição”, observou.

Pessoas ocupadas

Em relação a 2018, a pesquisa mostrou aumento de 2,1% no número de pessoas ocupadas nos serviços. O segmento que mais cresceu em termos percentuais no período foi o de serviços de informação e comunicação, com alta de 5,5%. O único que registrou queda (-1,5%) foram os serviços prestados principalmente às famílias. Segundo o IBGE, o resultado foi influenciado especialmente pela retração da atividade de serviços de alimentação, que teve diminuição de 42,5 mil pessoas, sendo a maior queda absoluta entre os 34 agrupamentos da área.

Em termos absolutos, serviços profissionais, administrativos e complementares tiveram o maior acréscimo, de 200,1 mil pessoas. Entre os 34 agrupamentos de serviços, o de seleção, agenciamento e locação de mão de obra foi o que registrou maior alta (10,7%). No mesmo período, a maior queda (-24,8%) ficou com o segmento de agências de notícias e outras atividades de serviços de informação.

No acumulado entre 2014 e 2019, a PAS indicou queda de 1,2% no número de pessoas ocupadas. A retração foi influenciada sobretudo pelo segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-7,7%). Entre os 34 agrupamentos, o de compra, venda e aluguel de imóveis próprios foi o que teve a maior alta (23,9%) no período.

Salários

As remunerações pagas em serviços cresceram 2,9% em 2019, na comparação com o ano anterior. No acumulado entre 2014 e 2019, no entanto, elas caíram 0,8%. Entre os segmentos, dois tiveram queda em 2019 e no mesmo percentual (-0,3%): serviços prestados principalmente às famílias e serviços de manutenção e reparação. Já no acumulado, quatro segmentos recuaram, sendo a maior a queda de 7,3% nos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio. Os demais foram serviços de informação e comunicação, de manutenção e reparação (-1,0%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,4%).

Regiões

Miranda disse que entre as regiões do país, a Sudeste continua sendo a mais importante tanto no número de empresas quanto na receita bruta, em salários, retiradas e outras remunerações e ainda no total de pessoal ocupado. “Olhando as outras regiões, a Sudeste, liderada pelos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. “Nas variáveis estudadas, o que a gente viu foi uma perda de participação, apesar de a região ainda figurar como a principal. Por exemplo, em receita bruta em 2019, o total de receitas gerado no Brasil pelo setor de serviços foi liderado pela Região Sudeste, que representou 63,9% do total. O que se vê é uma perda de participação ao longo dos dez anos”. O Sudeste, no entanto, ainda figura como a grande região, junto com o Sul, Centro-Oeste e Nordeste, com destaque para a Região Sul que ganhou, nos dez anos, 1,3 ponto percentual em participação em receita bruta.

A perda da Região Sudeste foi atribuída pelo analista principalmente ao Rio de Janeiro, estado com maior queda de receita operacional bruta ao longo de dez anos. “Ainda assim, mesmo perdendo participação em relação aos outros estados, continua sendo o segundo que mais gera receita no setor de serviços no Brasil”, disse Miranda. Ele acrescentou que como destaques na Região Sul estão os estados do Paraná, que briga com o Rio Grande do Sul pelo quarto e quinto lugar, e Santa Catarina, o que mais ganhou participação no período e está em sexto lugar entre as receitas do país.

Mudanças nos segmentos

Entre 2010 e 2019, o IBGE notou alterações entre os segmentos. Miranda afirmou que o segmento de serviços de informação e comunicação, que reúne telecomunicações, tecnologia da informação, serviços audiovisuais, edição, integração e impressão, agência de notícias e outros serviços, foi muito atingido. Conforme o analista, em 2010, telecomunicações era a principal atividade do país e representava 15,3 % da receita operacional líquida gerada, mas perdeu muito pela dinâmica do setor.

“O setor de telecomunicações foi perdendo um pouco de espaço. Os torpedos e SMS, que em 2010 eram muito utilizados, perderam espaço para mensagens em aplicativos de via instantânea. Hoje em dia, se faz muito mais ligações por meio de aplicativos do que utilizando a rede de telecomunicações, ou seja, se usa mais pela internet que está dentro do segmento de tecnologia da informação. Foi a atividade que mais perdeu espaço nos últimos dez anos, cerca de 10 pontos percentuais, e tecnologia da informação foi a que mais ganhou, então, a gente viu essa mudança”, completou.

Pesquisa

A Pesquisa Anual de Serviços é realizada desde 1998 pelo IBGE e mostra as características estruturais da oferta de serviços não financeiros pelas empresas brasileiras. Para o instituto, “os dados são importantes na análise e no planejamento econômico, tanto de empresas do setor privado quanto nos diferentes níveis de governo”.

O IBGE informou que “o setor de serviços tem como característica um alto nível de heterogeneidade, com segmentos mais tradicionais, como é o caso dos prestados principalmente às famílias, até atividades de alta intensidade tecnológica, a exemplo dos serviços de informação e comunicação. Atualmente, as atividades de serviços respondem pela maior parte do PIB do país”.

Agência Brasil

CNI mostra confiança de empresários em 30 setores industriais

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Foto: Kalpesh Patel/Unsplash

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) mostra que todos os 30 setores industriais pesquisados em agosto seguem confiantes no mercado. Este é o quarto mês consecutivo de confiança disseminada entre os empresários, em que o Icei permaneceu acima de 50 pontos.

Os resultados setoriais da pesquisa foram divulgados hoje (24) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No último dia 11, a entidade já havia publicado os dados gerais de agosto, em que o Icei cresceu 1,2 ponto em comparação com julho, chegando a 63,2.

Os indicadores do Icei variam de 0 a 100 pontos. Quando estão acima dos 50 mostram que os empresários estão confiantes. Valores abaixo de 50  pontos indicam falta de confiança do empresário.

Assim, os setores mais confiantes na economia são máquinas e equipamentos (66,6); químicos (65,9), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (65,1) e produtos de metal (65). Já os setores menos confiantes são bebidas (56,8); obras de infraestrutura (58,3); serviços especializados para a construção (58,5); outros equipamentos de transporte (58,8); e manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (60,2).

Variação

Em agosto, a confiança cresceu em 21 dos 30 setores da indústria analisados, não variou em dois deles e recuou nos demais setores. No entanto, mesmo onde ocorreu queda, a confiança do setor continua elevada, acima dos 50 pontos.

A CNI destaca que em seis dos sete setores em que houve diminuição da confiança a queda foi menor que um ponto. São eles: produtos de madeira; impressão e reprodução de gravações; biocombustíveis; produtos de material plástico; equipamentos de informática, produtos eletrônicos e outros; e outros equipamentos de transporte.

O único setor que registrou queda de confiança mais intensa foi a indústria da manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos, cujo índice recuou 3,7 pontos, chegando a 60,2.

A pesquisa da CNI consultou 2.383 empresas entre 2 e 11 de agosto, sendo 949 pequenas empresas, 860 médias e 574 de grande porte.

Agência Brasil

Maratona busca soluções inovadoras para aquicultura brasileira

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Foto: Michael Held/Unsplash

Uma live (transmissão ao vivo pela internet) no canal da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no YouTube, nesta segunda-feira (23) às 19h, dará início às inscrições da primeira edição da Maratona Inove Aqua. A iniciativa é da Embrapa Pesca e Aquicultura, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A maratona estava programada para o ano passado, no formato presencial, mas não foi possível devido à pandemia de covid-19. Depois de um ano e meio da pandemia, a empresa decidiu não adiar mais, disse à Agência Brasil a pesquisadora Helen Kato, da Embrapa. “É uma maratona de soluções”, acrescentou Helen. Não se trata de uma competição de programação ou desenvolvimento de softwares (programas de computador) e aplicativos, completou. Em razão de pandemia, a primeira edição da maratona será realizada totalmente digital, na plataforma Discord.

“A ideia é que a gente possa trazer acadêmicos das mais variadas áreas do conhecimento para olhar para a aquicultura e ver potencial. Porque a aquicultura é uma atividade produtiva que não para de crescer e tem destaque enorme no mundo”. No Brasil, Helen afirmou que a aquicultura precisa de pouco para avançar. “Esse pouco que a gente precisa é tecnologia”. Podem participar também profissionais que já estejam no mercado.

Atividades

As inscrições, que podem ser feitas no site www.inoveaqua.com.br, vão até o dia 15 de outubro. A pesquisadora observou que as equipes interessadas devem se inscrever logo no início do processo, para não perder as ações que serão oferecidas pela Embrapa e o Sebrae, envolvendo palestras, visitas virtuais, cursos, mentorias com pesquisadores da Embrapa e outros para apoiar o desenvolvimento das soluções, entre outras iniciativas.

Dependendo do número de equipes inscritas, será feita uma pré-seleção, no final de outubro, e as melhores soluções serão apresentadas a uma banca julgadora em live, que será assistida pela cadeia produtiva. A data de escolha das equipes vencedoras ainda não foi definida, porque depende do volume de inscrições. Helen Kato disse que a cadeia produtiva é a principal interessada no resultado da maratona.

Ela explicou que esse tipo de evento não obriga os vencedores a ceder para a Embrapa Pesca e Aquicultura soluções que sejam boas para a cadeia produtiva do setor. Deixou claro, entretanto, que as portas da Embrapa estão abertas para possíveis parcerias com as universidades. “É interesse da Embrapa desenvolver tecnologias por meio da inovação aberta. A gente está sempre buscando isso”.

Inovação

Helen afirmou que o objetivo do evento é estimular o ecossistema de inovação da cadeia produtiva, mostrar que a aquicultura “é um espaço com necessidades a serem resolvidas por tecnologia, seja ela de software, de hardware (parte física dos computadores), de programação, e isso vai estimular o país como um todo”. A meta é aumentar a produtividade e a sustentabilidade do setor.

As três melhores soluções receberão prêmios no valor de R$ 5 mil, para o primeiro colocado, R$ 2 mil para o segundo e R$ 1 mil para o terceiro. O Inove Aqua conta com o apoio da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Agência Brasil

Roger Scruton é o herege de que precisamos

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Após a morte de grandes homens e mulheres, suas reputações costumam cair. Obituários completos geralmente são seguidos por uma queda no interesse. Leva tempo para que a nova geração descubra os grandes nomes de novo e para que suas reputações se regenerem. Mas duvido que essa regra se aplicasse a Roger Scruton.

A posição do filósofo estava no auge quando ele morreu no ano passado, aos 75 anos. O segundo de seus três grandes livros sobre Wagner havia sido publicado recentemente; seu conselho foi procurado pelo governo britânico; intelectuais e políticos conservadores em toda a Europa estavam ansiosos por sua aprovação. Sua vida terminou no momento em que sua reputação atingiu o estágio em que deveria estar há décadas: embora na época de sua morte ele já tivesse se tornado Sir Roger Scruton, ele havia passado muitos anos em uma espécie de isolamento intelectual, se não na selva.

Em 1980, Scruton tornou-se efetivamente desempregado na academia britânica, com a publicação de seu livro, The Meaning of Conservatism. Sua coluna no The Times, naquela mesma década, chamou a atenção do grande público – mas também o marcou. Algumas de suas peças tornaram-se notórias. Entre um certo tipo de esquerdista, ele foi identificado como bicho-papão de direita.

No The Times, Scruton costumava parecer mais duro do que pessoalmente, mas seu aprendizado e sabedoria o tornavam diferente de qualquer polemista. E isso era parte de seu problema. A esquerda não apenas não gostava dele, mas também o temia, porque ele sempre sabia mais do que eles. Na verdade, ele sempre parecia saber mais do que todos. Talvez por isso, ao longo de sua carreira, tenha sofrido tantos ataques pessoais extraordinários. Isso incluiu uma calúnia tão severa que, quando o jornal de esquerda responsável finalmente pagou os danos, permitiu que ele pagasse sua primeira casa.

Mas a reputação de Scruton como um proscrito foi, de certa forma, sua origem. Nos anos anteriores à sua morte, ele foi descoberto por uma nova geração de jovens ansiosos por encontrar uma visão de vida alternativa àquela oferecida pela academia, a mídia e a cultura popular. Eles vieram até ele e ele os encorajou. Ele até organizou seminários informais para pessoas que ele chamava de refugiados da academia moderna.

Estes eram uma reminiscência dos seminários muito mais perigosos que Scruton e outros lideraram nos países da Europa Oriental enquanto eles definharam sob o comunismo – um movimento conhecido como a universidade clandestina. Seu bravo trabalho deveria ter sido melhor apreciado – especialmente após sua morte. Scruton ofereceu uma visão que era rara o suficiente em sua época e mais rara ainda na nossa.

Mas há muitos sinais esperançosos de que ele está, postumamente, recebendo o reconhecimento que merecia: esta semana vemos a reedição de um dos últimos livros de Scruton, intitulado Confessions of a Heretic. O trabalho foi lançado pela primeira vez em 2016, publicado pela excelente Notting Hill Editions, e tive o prazer de escrever uma nova introdução para ele. O título – que era do próprio Roger – precisa de uma certa explicação.

Quando as pessoas pensam na palavra “herege”, elas podem imaginar muitas coisas, mas talvez não um filósofo conservador vestindo tweed. E ainda assim, quando Scruton estava escrevendo, era de fato uma coisa herética ser um conservador – ou pelo menos ser um intelectual conservador. Não há pouca ironia nesse fato. O Partido Conservador esteve no poder durante a maior parte das décadas de 1980 e 1990, mas esses foram os anos em que Scruton esteve mais isolado intelectualmente.

Claro, ser um filósofo conservador já era ser um híbrido desconfortável. O conservador é por natureza desconfiado de grandes ideias, mas tais ideias são vistas como a própria moeda da filosofia. Scruton lutou com esse enigma ao longo de sua carreira, encontrando maneiras de justificar os instintos sensatos de pessoas sensatas, contra mentiras inteligentes contadas por tolos brilhantes.

Scruton era escrupuloso ao executar a tarefa necessária de fatiar e cortar os tolos e os fraudadores da época. Seu livro, Thinkers of the New Left , foi publicado pela primeira vez em 1985; na preparação, Scruton leu cuidadosamente todas as obras das pessoas que criticou: Jacques Derrida, Michel Foucault, Jean-Paul Sartre e outros. Ele os entendeu – e ajudou seus leitores a ver através deles por sua vez. Ele desconstruiu os desconstrucionistas. Ele percebeu o perigo desses pensadores com antecedência, mas dificilmente foi agradecido por isso.

Na verdade, ele foi criticado por sua heresia ao atacar os filósofos mais célebres de sua época e os Pensadores da Nova Esquerda não venderam. Grandes pilhas de cópias estavam em sua casa, causando-lhe uma sensação considerável de fracasso. Mas a obra encontrou o seu dia: em 2015 foi republicada em uma edição estendida como Fools, Frauds and Firebrands. A essa altura, as pessoas haviam percebido o que Scruton estava falando 30 anos antes. Eles viram o que ele estava tentando alertá-los e começaram a notá-lo melhor.

Confissões de um herege é uma seleção de ensaios não coletados que tratam de alguns assuntos da ira de Scruton. Eles também abordam as questões atemporais às quais ele dedicou uma vida inteira de energia. Embora Scruton seja geralmente referido como um “filósofo conservador”, ele deveria ser simplesmente referido como um “filósofo”. As obras mais profundas neste livro – seu “Effing, o Inefável” e sua “Reflexão sobre o Metamorfose de Strauss”, por exemplo – vão muito mais fundo do que a mera política.

Relendo os ensaios deste ano, houve um que se destacou – um que li sob uma luz muito diferente. “Dying in Time” é uma profunda meditação sobre a morte. É fácil abordar este ensaio com o temor de que o autor – que, claro, não fazia ideia na época em que o escreveu, de que tinha apenas alguns anos de vida – pudesse não ter cumprido a tarefa que se propôs. Scruton mais do que o fez. Em parte, isso ocorre porque sua meditação sobre a morte também é uma meditação sobre a vida – e chega o mais perto que Scruton chegou em seus escritos de publicar um manifesto pessoal. “O ponto principal”, escreve ele, “parece-me, é manter uma vida ativa de risco e afeto, lembrando sempre que o valor da vida não consiste em sua extensão, mas em sua profundidade”.

Houve outros de sua geração que viram algumas das mesmas ameaças políticas, embora poucos os explicassem com tanta clareza. Poucos ainda conseguiram manter a posição de herege – e até mesmo proscrito – enquanto defendiam a importância do instinto e da tradição.

Minha própria suspeita é que a reputação de Scruton só vai crescer, à medida que os problemas sobre os quais ele alertou aumentam em suas dimensões e a necessidade de encontrar maneiras de sair deles se torna ainda mais convincente. Ele pode ter escrito de maneira mais comovente sobre a morte no tempo, mas qualquer pessoa interessada em viver no tempo deve buscar seu trabalho.


Douglas Murray é autor e jornalista.

Artigo originalmente publicado em Unherd

Indicador de Emprego da FGV atinge maior nível desde fevereiro de 2020

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O Indicador Antecedente de Emprego (Iaemp), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 1,6 ponto de junho para julho e atingiu 89,2 pontos. Esse é o maior nível desde fevereiro de 2020 (92 pontos), período anterior às medidas de isolamento adotadas para lidar com a pandemia de covid-19 no país.

O indicador é calculado com base em entrevistas com consumidores e com empresários da indústria e dos serviços e busca antecipar tendências do mercado de trabalho.

“O resultado positivo sugere que a melhora nos números da pandemia e a redução das medidas restritivas podem estar impulsionando a retomada do mercado de trabalho. Além disso, também há uma expectativa mais favorável em serviços, setor que emprega muito, com a maior circulação de pessoas. Mas é importante ressaltar que ainda existe um espaço para recuperação e que até mesmo o nível pré-pandemia ainda retratava um cenário desafiador no mercado de trabalho”, afirma o economista da FGV Rodolpho Tobler.

Dos sete componentes do Iaemp, cinco contribuíram para a alta de junho para julho, com destaque para o que mede a situação corrente dos negócios do setor de serviços, que cresceu 10,2 pontos no período.

Agência Brasil

75% dos adultos já tomaram a primeira dose no Brasil

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

#VIDA

O Ministério da Saúde informou hoje (20) que 120 milhões de brasileiros já receberam a primeira dose de vacinas contra a covid-19 – o número corresponde a 75% da população adulta no país.

A expectativa da pasta é que, com a chegada de 131,4 milhões de doses em agosto e setembro, todos os brasileiros adultos estejam imunizados até o fim do próximo mês.

Ainda de acordo com o ministério, mais de 53,2 milhões de pessoas já receberam a segunda dose ou a dose única contra a covid-19. Ao todo, 207 milhões de doses foram distribuídas aos estados e ao Distrito Federal.

Governo credencia centros de enfrentamento da covid-19

Foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (20) portaria do Ministério da Saúde que credencia, em caráter excepcional, estabelecimentos de saúde como Centros Comunitários de Referência para Enfrentamento da Covid-19. A Portaria nº 2.010 credencia também os Centros de Atendimento para Enfrentamento da Covid-19.

Os credenciamentos estavam previstos em duas portarias publicadas em maio: a nº 1.444 e a nº 1.445. Segundo a portaria publicada hoje, 2.249 municípios foram contemplados com 2.627 centros de atendimento; e 30 municípios foram contemplados com 93 Centros Comunitários de Referência. A lista com os nomes dos municípios estão em dois anexos que foram publicados conjuntamente à portaria.

O valor total previsto para os centros de atendimento é de R$ 553,92 milhões. Já os centros comunitários de referência receberão um total de R$ 20,16 milhões.

Centros Comunitários de Referência

Os centros comunitários são, segundo o ministério, “pontos de serviço de referência próximos ou dentro das favelas e comunidades para o enfrentamento do novo coronavírus na Atenção Primária à Saúde (APS)”, de forma a fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e aumentar a capilaridade da distribuição das equipes que atuam na atenção primária no país.

Centros de atendimento

Os centros de atendimento foram criados para “conter a transmissibilidade do coronavírus ao reduzir a ida de pessoas com sintomas leves aos serviços de urgências ou hospitais”. Para tanto, atuam na identificação precoce dos casos, com o adequado manejo das pessoas com síndrome gripal e covid-19, de forma a reduzir a circulação de pessoas com sintomas leves em outros serviços de saúde.

“O principal objetivo desses estabelecimentos é o atendimento dos casos de síndrome gripal leve, causada ou não pelo coronavírus. A proposta é que o serviço componha o fluxo de cuidado na Rede de Atenção à Saúde (RAS), atendendo os casos leves e encaminhando os casos graves para a rede de urgência e emergência ou rede hospitalar”, informou a pasta.

Agência Brasil

Caixa tem lucro de R$ 10,8 bilhões no primeiro semestre de 2021

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Caixa lucrou R$ 6,3 bilhões no segundo trimestre de 2021. O valor representa aumento de 144,7% na comparação com o mesmo período de 2020. Com o resultado, o lucro total do banco no semestre chega a R$ 10,8 bilhões. Se comparado ao primeiro semestre do ano passado, o lucro do banco aumentou 93,4%. Os números são destaque dos resultados econômicos apresentados hoje (19) pela Caixa.

O saldo na carteira de crédito total obtido no segundo trimestre está em R$ 816,3 bilhões, o que representa crescimento de 13,4%, se comparado ao segundo trimestre de 2020. Já o saldo em poupança apresentou uma evolução de 2,1% em 12 meses, chegando a R$ 371,4 bilhões.

As contratações de crédito imobiliário cresceram 101,3% no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano anterior, totalizando R$ 37,4 bilhões. No mesmo período, o volume de contratações Agro aumentou 79,3%, percentual que corresponde a R$ 5,8 bilhões.

Segundo os resultados econômicos da Caixa, foram contratados R$ 17,6 bilhões em crédito consignado no segundo trimestre, valor que é 35,9% maior do que o obtido no primeiro trimestre de 2021.

A economia estimada pelo banco para o triênio 2019-2021 está em R$ 333,6 milhões, com a devolução de 133 imóveis administrativos feitas até junho. As despesas com pessoal caíram 0,6% em 12 meses.

A renegociação de aluguéis, atualizado a Valor Presente Líquido (VPL), possibilitou, ao banco, uma economia de R$ 4,2 bilhões, considerando a perpetuidade dos contratos. Já a devolução dos imóveis – também atualizada a VPL e considerando a perpetuidade dos contratos – representa uma economia de R$ 6 bilhões.

Plano de expansão

De acordo com o plano de expansão da Caixa, está prevista a inauguração de 268 novas unidades. Destas, 168 voltadas ao atendimento de clientes do varejo e 100 unidades especializadas no agronegócio.

O IPO (da sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) da Caixa Seguridade registrou volume financeiro de R$ 5 bilhões. Foram vendidas 17,25% de ações da Caixa Seguridade a 150 mil investidores. Além disso, cinco parcerias estratégicas foram concluídas com essa empresa de seguridade, a um valor total de R$ 9,8 bilhões. Já o desinvestimento total no Banco PAN, controlado conjuntamente pela Caixa Participações S.A., gerou lucro líquido de R$ 2 bilhões.

A margem financeira do banco ficou em R$ 11,1 bilhões, valor 19,7% maior do que o registrado no segundo trimestre do ano passado e 0,8% maior do que o registrado no primeiro trimestre de 2021.

Agência Brasil

Pesquisadores da Unicamp criam modelo para prever mutações da covid-19

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Foto: CDC/Unsplash

Quanto mais o novo coronavírus circula, maior a chance de ocorrer uma mutação genética e o aparecimento de novas variantes que podem prolongar e agravar a pandemia de covid-19. Um estudo de pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de Campinas (Unicamp) simula o processo de replicação do vírus para compreender suas variações.

Os resultados do estudo conduzido por Vitor Marquioni e Marcus Aguiar foram publicados na revista científica Plos One.

No artigo, os autores ressaltam a importância da vacinação como estratégia para diminuir o surgimento de novas cepas. Segundo eles, as populações que não estão sendo vacinadas e os grupos sociais que se recusam a receber a vacina favorecem o aparecimento de variantes. Os autores fazem ainda um alerta: se o problema não for resolvido urgentemente, a pandemia pode ter um novo pico em escala global.

O trabalho foi financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Modelo

O modelo desenvolvido pelos físicos é baseado em quatro variáveis: as pessoas classificadas como suscetíveis, que podem ser infectadas pelo vírus; as expostas, que estão infectadas mas não infectam outras; as infectadas que podem transmitir a doença para outras; e as recuperadas que não podem mais ser infectadas. O método, conhecido na epidemiologia pela sigla em inglês SEIR, é uma simplificação do cenário para que as possibilidades de mutação e surgimento de variantes do coronavírus possam ser medidas.

Além disso, uma parte do modelo tenta acompanhar as possibilidades de variação da cadeia de RNA, material genético do vírus.

“Nós comparamos os nossos resultados com a inferida evolução genética da SARS-CoV-2 no começo da epidemia na China e encontramos uma boa compatibilidade com a solução analítica do nosso modelo”, destacam os pesquisadores no artigo.

Reinfecções

Os cientistas lembram no trabalho que o surgimento de novas cepas a partir das mutações do vírus está ligado aos casos de pessoas que são infectadas mais de uma vez. “Entender os mecanismos de mutação e variabilidade dos vírus é da maior importância para antecipar desafios futuros, como o surgimento de outras cepas infecciosas ou a perda de imunidade”, ressalta o artigo.

Foram analisadas as mudanças genéticas dos vírus no andamento da pandemia em localidades diferentes. Assim, o modelo mostrou que quando há pouca conexão entre regiões, a diferença genética entre os vírus presentes nessas áreas tende a ser maior. Desse modo, “é esperado um aumento no risco de reinfecção nos contatos entre viajantes em territórios distantes”, enfatizam os autores nas conclusões do estudo.

O que mostra, de acordo com os pesquisadores, que a pandemia, com espalhamento da doença por diversas partes do mundo, aumenta muito as chances de variantes que sejam capazes de infectar mais de uma vez a mesma pessoa do que em uma simples epidemia, localizada em um determinado território.

Agência Brasil

BNDES: rede de investidores atrairá interessados em privatizações

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou, nesta segunda-feira (16), o lançamento da Rede de Investidores. A ferramenta inovadora vai conectar usuários com interesse comum por projetos de infraestrutura e privatizações.

Segundo o diretor de Concessões e Privatizações do BNDES, Fabio Abrahão, o banco busca atrair investimentos expressivos em projetos de infraestrutura e privatizações, o que é fundamental para o desenvolvimento do país nas próximas décadas. Abrahão disse que a rede representa um avanço por possibilitar a “conexão direta entre potenciais investidores”.

A rede faz parte da plataforma BNDES Hub de Projetos, que desde o ano passado oferece ao mercado informações e oportunidades de investimentos em projetos estruturados pelo banco, viabilizando o contato sigiloso, sem custos ou intermediários, entre potenciais investidores locais e internacionais e demais interessados na carteira da instituição.

São contemplados projetos de infraestrutura econômica e socioambiental, incluindo educação, florestas, saúde, saneamento, portos, iluminação pública e rodovias, entre outras áreas. É possível também conectar participantes que queiram se envolver no mesmo empreendimento ou setor, informou o BNDES, por meio de sua assessoria de imprensa.

Atrair novos investidores para o país é a meta da nova ferramenta, que deverá funcionar também como um canal de contatos entre advogados, consultores, engenheiros e governos, entre outros interessados. O Hub de Projetos fornece aos usuários informações atualizadas sobre a carteira de projetos e acesso a relatórios mensais produzidos pela equipe de Relacionamento com Investidores do BNDES. O banco detém a carteira de projetos em concessão de infraestrutura, parcerias público privadas (PPPs) e privatizações no Brasil, englobando 120 projetos e cerca de R$ 260 bilhões em oportunidades de investimento.

Para ter acesso a todas as informações, os interessados precisam se cadastrar no site do Hub de Projetos do BNDES.

Agência Brasil

Pequenas indústrias apresentam evolução positiva no 2º trimestre

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Foto: Jonas Jacobsson/Unsplash

O segundo trimestre de 2021 foi marcado pela evolução positiva das pequenas indústrias. De acordo com o Panorama da Pequena Indústria, feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), houve melhora na situação financeira, na confiança e nas perspectivas dos micros e pequenos empresários.

A média do segundo trimestre de 2021 registrou 46,5 pontos no Índice de Desempenho da pequena indústria, resultado que está acima da média do primeiro trimestre de 2021 (43,9 pontos) e do segundo trimestre de 2020 (34,1 pontos, influenciado pela pandemia). Os índices variam de zero a 100.

“Para os próximos meses, há expectativa de novo aumento desse indicador, em decorrência: do avanço da vacinação no Brasil, que está atingindo faixas etárias que incluem a população economicamente ativa; do aumento do volume de produção; e da manutenção da criação de empregos no setor industrial”, diz o relatório técnico da pesquisa.

O Índice de Situação Financeira das pequenas indústrias alcançou 42,3 pontos, o que representa um aumento de 4,5 pontos em relação ao primeiro trimestre de 2021. De acordo com a CNI, a melhora está relacionada à satisfação com o lucro operacional e com a facilidade de acesso ao crédito no período.

Perspectivas

A falta ou o alto custo de matéria-prima se manteve como principal obstáculo para as empresas dos setores de transformação e de construção (com índices de 60,4% e 58,5%, respectivamente), mas ficou em segundo lugar no ranking de problemas para os empresários do setor de extração (36,2%). 

O aumento do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) para pequenas indústrias e do Índice de Perspectivas indicam que micro, pequenas e médias empresas têm expectativa de melhora do ritmo de recuperação da atividade. O Icei alcançou 60,9 pontos em julho de 2021, após três aumentos consecutivos e segue acima da média histórica (52,5 pontos).

O indicador das perspectivas da pequena indústria apresentou aumento de 0,5 ponto em julho de 2021, alcançando 52,6 pontos.

Levantamento

A composição dos índices leva em consideração itens como volume de produção, número de empregados, utilização da capacidade instalada, satisfação com o lucro operacional e situação financeira, facilidade de acesso ao crédito, expectativa de evolução da demanda e intenção de investimento e de contratação.

A pesquisa é divulgada trimestralmente com base na análise dos dados da pequena indústria, levantados na Sondagem Industrial, na Sondagem Indústria da Construção e no Índice de Confiança do Empresário Industrial. Todos os meses, as pesquisas ouvem mais de 900 empresários de empresas de pequeno porte.

Agência Brasil