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Tecnologia pode reduzir em 40% uso de energia na construção até 2050

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Foto: Guillherme Schneider/Unsplash

O Ministério de Minas e Energia (MME) lançou um estudo que visa promover a discussão e o uso de tecnologias de eficiência energética na construção civil por meio da adoção de processos digitais. Estas ferramentas podem ser utilizadas durante todo o ciclo de vida de um edifício. De acordo com a pesquisa, até 2050, o setor de construção poderá ter 40% mais chances de reduzir o consumo de energia, o que se traduz em um benefício total de 161 TeraWhatts (TWh). 

Segundo Carlos Alexandre Pires, diretor do departamento de monitoramento de energia do MME, esse valor equivale ao consumo anual de energia elétrica de cerca de 3,36 milhões de residências, equivalente a uma redução de 815 mil toneladas de emissões de carbono (tCO2). reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

“As ferramentas digitais podem contribuir para a eficiência energética durante todo o ciclo de vida de um edifício, considerando a fase pré-operacional, na fabricação dos materiais, e as fases de projeto, de construção e de operação do edifício”, disse Pires durante a videoconferência para lançamento da pesquisa. “A digitalização nessas fases da edificação é fundamental para o alcance das metas climáticas na construção. Ativando potenciais para a redução de carbono, embutidos nos materiais e nos processos de construção”, acrescentou.

O estudo Digitalização e eficiência energética no setor de edificações no Brasil foi realizado em cooperação com o governo alemão e analisou 20 soluções digitais que podem contribuir para a eficiência energética durante todo o ciclo de vida de uma edificação.

Estas soluções passam pela adoção de tecnologias de gestão e automação; programas computacionais de modelagem dos edifícios; tecnologias de gerenciamento e segurança dos dados, usadas desde o desenho e modelagem dos edifícios aumentando o desempenho energético da edificação por anos, como a orientação solar, sistemas de ventilação, envoltória, dentre outros.

Além disso, a digitalização dos processos de construção pode impulsionar a padronização de componentes e processos de construção associada a medidas de eficiência.

Entre os casos analisados pelo estudo está o da construção de um condomínio residencial no bairro do Catumbi, no Rio de Janeiro, no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida, com apartamentos variando de 46,21 m² a 43,46 m².

Alterações, obtidas após simulações na fase de projeto, levaram a mudanças na orientação dos prédios que, aliada à forma alongada dos blocos, resultaram em um favorecimento da ventilação natural. Também houve melhor orientação dos ambientes, como quartos, banheiros, cozinhas e salas; a inclusão de varandas para sombreamento da fachada; aumento do tamanho das esquadrias para aumentar a iluminação natural; instalação de sistema de aquecimento solar de água; e o isolamento térmico da cobertura (manta refletiva).

Essas e outras alterações resultaram em um incremento de eficiência energética de 1.776 kWh/ano (considerando o edifício multifamiliar como um todo) ou uma redução de 3,13% na comparação com o modelo anterior.

Outro exemplo é o de um edifício corporativo, no bairro Vila Olímpia, em São Paulo, com área construída de 257.799 m². As medidas para aumentar a eficiência energética foram adotadas pensando desde a fase de projeto até o uso do imóvel, como a implantação de sistema de gestão predial (BMS) na fase de operação; sistema de iluminação interna de elevada eficiência e envidraçamento de alto desempenho térmico e com baixo fator solar, que resultaram em uma redução no consumo de energia 49,9%.

Futuro

O documento também traça três cenários para o incremento de ferramentas de digitalização no segmento de edificações, que compreende os setores residencial, comercial e público: um mais lento, um moderado e outro de rápida inserção da digitalização.

Segundo o estudo, esses cenários podem ser agravados pela continuidade da crise econômica e com baixo crescimento da economia e outros fatores, como a implementação das diversas políticas públicas setoriais de forma descoordenada, sem sinergia entre os órgãos competentes; inexistência de linhas de crédito específicas para a implementação de soluções digitais nas edificações, a falta de definição precisa de papéis e responsabilidades em relação ao uso e garantia de equipamentos incorporados à edificação.

Em um cenário mais lento de digitalização, o documento aponta que o ganho de eficiência energética é baixo, situando-se em níveis inferiores a 10% do total de 161 TWh até 2050. Isso é comparável ao consumo anual de eletricidade de até cerca de 840 mil domicílios, e equivalendo a emissões evitadas da ordem de 200 mil tCO2.

Em um cenário moderado, o potencial de eficiência energética decorrente da digitalização atinge patamares de 20 a 30% do total de 161 TWh até 2050, comparável ao consumo anual de eletricidade de até cerca de 2.520 mil domicílios, e equivalendo a emissões evitadas da ordem de 610 mil tCO2.

Já o potencial de eficiência energética, decorrente da digitalização rápida, atinge níveis de 30 a 40% do total de 161 TWh até 2050, comparável ao consumo anual de eletricidade de até cerca de 3.360 mil domicílios, e equivalendo a emissões evitadas da ordem de 815 mil tCO2.

“A digitalização no segmento de edificações é implementada em ritmo rápido no país, sendo fortemente induzida pelo Estado, com ampla participação de investimentos privados e adoção acelerada de tecnologias digitais. Abrange todas as tipologias de edificações, em função da efetiva integração entre os diversos mecanismos institucionais e regulatórios voltados para digitalização, eficiência energética e habitação”, diz o documento.

Agência Brasil

Entendendo o básico sobre o homeschooling

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Foto: Aaron Burden/Unsplash

A Câmara dos Deputados aprovou na noite do dia 18/05 o texto-base do projeto de lei (PL) 3.179 de 2012, que regulamenta a prática da educação domiciliar no Brasil, também conhecida como homeschooling.

Mas afinal, o que é homeschooling ou ensino domiciliar?

Para a grande maioria da população, o homeschooling (ensino domiciliar) é algo tão estranho e radical que nem sequer é cogitado como uma possibilidade, quiçá como algo que possa ser viável e benéfico.

Apesar de ter relevância estatística ainda muito pequena em termos da porcentagem da população que o pratica ou o defende, o homeschooling tem crescido em visibilidade no Brasil. Do ponto de vista mais prático, esse crescimento, mesmo que perceptível, ainda esbarra em diversos obstáculos como, por exemplo, a escassez de recursos pedagógicos e a falta de uma cultura e de uma mentalidade favoráveis ao homeschooling. Acima de tudo, esbarra nas questões legais e até mesmo em sua interpretação equivocada.

Criamos um arranjo educacional no qual as crianças devem suprimir seus instintos naturais — os quais as estimulam a estar no controle do próprio aprendizado — para, em vez disso, simplesmente seguirem automaticamente métodos e caminhos criados para elas por adultos, e os quais não levam a lugar nenhum.

PETER GRAY, AUTOR DE LIVRE PARA APRENDER.

Seria uma tarefa hercúlea tentar escrever algo abrangente e detalhado sobre homeschooling em formato de artigo. Assim sendo, o objetivo aqui é tentar esclarecer os pontos que são mais frequentemente distorcidos ou que geram confusão.

Fundamentos da educação convencional

O atual paradigma educacional é fundamentado em algumas premissas gerais, resumidas a seguir:

a) existe uma idade ótima a partir da qual o aluno deve ser ensinado;

b) tal ensino deve ser ministrado por profissionais qualificados e munidos de ferramentas e teorias pedagógicas;

c) esse arcabouço pedagógico é inacessível ao “cidadão comum”;

d) alunos da mesma idade têm (aproximadamente) a mesma capacidade e bagagem intelectual e, portanto, este passa a ser um parâmetro natural de segregação;

e) essa forma de divisão é a ideal e a única que permite a “socialização” dos alunos.

É importante explicitar essas características do sistema educacional vigente porque muitos dos equívocos que rondam o homeschooling têm a ver com uma visão romantizada do funcionamento desse sistema, de modo que qualquer tentativa de se distanciar desse padrão é vista como uma atitude retrógrada e incapaz de atender às necessidades educacionais básicas das pessoas em formação.

Com isso em mente, abaixo são listados os três pontos de maior contenda quando se trata do homeschooling.

1) O homeschooling não é um experimento educacional alternativo à educação praticada nas escolas

Apesar de diversos relatos de educação coletivizada compulsória ao longo da história, a origem do sistema educacional atual em quase todos os países do mundo pode ser rastreada até o século XVIII, na Prússia, um dos inúmeros pequenos estados que viriam a se unificar sob a atual Alemanha.

A característica notória que colocava a Prússia separada das demais nações da época era a exacerbada tendência militarista, normalmente sob pretextos nacionalistas. Após ser subjugada durante a expansão napoleônica, a Prússia passou por profundas reformas com o objetivo de evitar novas subjugações.

As primeiras mudanças notáveis foram no campo da educação. Dada a atmosfera militarista na Prússia, o objetivo da escola prussiana era formar soldados, independentemente do setor da sociedade em que fossem atuar. Como disse Murray Rothbard em suas pesquisas sobre o tema:

Com o sistema de escolas obrigatórias surgiram renascimento e a grande expansão do exército, em particular a imposição do serviço compulsório militar universal.

Um dos objetivos do método prussiano era a formação de uma sociedade altamente “educada”, que nada mais era do que um sistema pedagógico em que o individualismo daria espaço à uniformidade e à padronização. A espontaneidade deveria ser substituída pela obediência. Tudo isso era supervisionado por uma seleta casta de intelectuais com o aval do monarca.

Esse espírito é perfeitamente observável na dinâmica e nos ambientes escolares: cadeiras enfileiradas; alunos uniformizados e sentados passivamente em suas carteiras escolares obedecendo a seus professores; aulas com duração padronizada e demarcadas por sinais sonoros; ambiente maçante; filas e ênfase na obediência e submissão etc . Até uma visita ao banheiro ou ao bebedouro requer a permissão do seu superior.

Ou seja: a educação que todos nós conhecemos hoje surgiu há cerca de dois séculos. Por outro lado, o ancestral humano existe há cerca de 2,5 milhões de anos, ao passo que se acredita que o homo sapiens tenha por volta de 200 mil anos. Logo, a pergunta inevitável é: como as pessoas eram educadas antes das atuais escolas, ou seja, durante praticamente toda a nossa história?

É óbvio que não se via necessidade de ensinar — mesmo porque não havia grande conhecimento disponível — disciplinas especializadas como a química e a geografia, exceto por uns poucos aspectos de importância prática, mas que não eram nem sequer racionalizados à luz do método científico (que é também uma realização relativamente recente).

Os humanos eram educados em casa, primariamente por seus pais e pelas pessoas mais próximas, em termos familiares e geográficos. Conforme o corpo e a complexidade do conhecimento foram sendo ampliados, foi se ampliando também o escopo da educação fornecida às crianças.

Não é incomum na literatura de séculos anteriores à expansão global do método prussiano relatos da presença de tutores e de mentores, que tinham como objetivo ensinar e direcionar os estudos de seus pupilos. É bem verdade que essa era uma prática restrita às castas mais altas da sociedade, mas vale lembrar que o conhecimento da época não tinha grande valor prático — isto é, não se esperava que um camponês pudesse aumentar drasticamente a sua produção na lavoura por meio dos estudos.

Assim, as classes mais baixas não tinham grandes aspirações intelectuais.

O período de tempo de pouco mais de um século de educação coletivizada e compulsória, nos moldes que temos hoje, é insignificante na escala de tempo em que se dá a existência da humanidade. Durante efetivamente toda a sua história, o homem foi educado em casa por aqueles diretamente relacionados a ele.

Portanto, se um destes modelos educacionais deve ser encarado como um experimento, então certamente este deveria ser o atual.

2) Você não é suficientemente qualificado para educar seus filhos

Há diversas formulações desta frase, mas, no fundo, todas elas se resumem a tentar convencer os pais de que eles não são capazes de educar seus filhos.

Afinal, de acordo com o senso comum, em conjunto com toda a propaganda ao redor do tema, a dádiva da educação não pode ser encontrada em reles mortais, pois ela é um monopólio que só pode ser obtido pelos iluminados que optaram por encarar longos e tortuosos anos de faculdade — e, às vezes, seguidos de pós-graduação (que, a bem da verdade, é cursada na esmagadora maioria dos casos apenas por quem almeja cargos administrativos, sem muita relação com considerações pedagógicas).

Caso você não seja um seleto membro deste grupo, não há escolha a não ser se conformar com o fato de que seus filhos estarão sendo mais bem formados em uma escola.

No entanto, eis a realidade: se você chegou até este ponto do texto, assume-se que saiba ler. E que, por conseguinte, também saiba escrever. Se esse é o caso, considere-se apto a educar seus filhos.

Vou ainda mais longe: se é esse o seu caso, o homeschooling não apenas é possível, como também é muito superior à educação pública.

Explico: ao passo que pesquisas apontam que as turmas deveriam ser menores do que 20 alunos, a realidade brasileira são turmas de mais de 30 alunos. E não é incomum vermos salas de aula com mais de 40 alunos. O professor, ainda que fosse magnanimamente bem intencionado, é incapaz de manter o controle e dar a atenção necessária a cada criança. Além disso, a rígida estrutura cronológica da escola, em que as aulas têm uma duração predeterminada, não se adapta às necessidades de cada aluno. Alunos mais lentos — ou menos — tendem a ficar desencorajados ou entediados. Não há espaço na escola para um aluno que queira se aprofundar em um determinado assunto além daquilo que o professor está disposto a lecionar ou do que é previsto pelo programa pedagógico, criado por profissionais ou por burocratas que não têm nenhuma ciência das necessidades e particularidades de cada criança.

Por outro lado, o homeschooling permite um altíssimo grau de flexibilidade na educação das crianças, indo desde a escolha do método, de materiais e de currículos a até mesmo os horários e as atividades. Tão importante quanto esse aspecto é o fato de que, ao contrário da interação um tanto impessoal entre o professor e o aluno, ninguém tem maior interesse e incentivo em fazer com que seus filhos sejam bem sucedidos quanto os pais.

Essa conjunção de liberdade pedagógica e vínculo afetivo é algo que não pode ser reproduzido em ambiente escolar, independentemente da sua qualidade ou de ser pública ou particular — no final, pouco importa a gestão da escola, pois os currículos são impostos pelo Ministério da Educação.

Se o pai interessado em homeschooling sabe ler e escrever, então ele provavelmente tem acesso a algum material didático que cobre esses tópicos (esse tipo de material pode ser facilmente encontrado na internet), assim como os temas mais simples e fundamentais, como aritmética, que costumam ser de fácil entendimento e para os quais há uma grande variedade de opções.

Ninguém espera (e nem deveria esperar) que os pais que praticam homeschooling sejam especialistas em todas as áreas do conhecimento, o que nos leva a outro ponto em que o homeschooling supera a educação “convencional”: no homeschooling, o foco está em aprender a estudar e a formar autodidatas, contrariamente ao modelo de aprendizado passivo em que a criança se senta em uma sala de aula e espera que o professor transfira, por osmose, seu conhecimento.

Assim, quando as crianças atingem uma idade em que começam a se interessar por assuntos e abordagens mais sofisticados, elas normalmente já aperfeiçoaram a prática de estudar por conta própria, de modo que o papel dos pais passa a ser auxiliar na busca por material didático de acordo com as necessidades das crianças e a supervisionar o progresso de seus filhos.

O homeschooling, por fim, não requer profunda formação acadêmica, mas sim planejamento e dedicação. Glenn Doman, em seu famoso livro Como Ensinar seu Bebê a Ler, traz diversos exemplos de pais com pouca escolaridade formal que foram bem sucedidos em ensinar seus filhos a ler muito antes da idade escolar (veja aqui um vídeo em português sobre o método). 

Hoje, com a internet, há um sem número de métodos, práticas e materiais de fácil acesso que foram consolidados ao longo de décadas/séculos (infelizmente, a maioria em língua inglesa), muitos dos quais de custo baixo ou mesmo gratuitos.

3) “Mas e a socialização?”

Que o atual sistema educacional é completamente ineficiente não é novidade para ninguém. Assim como a maioria da população tem algo a se queixar da democracia, e mesmo assim ela se perpetua por ser “um mal necessário”, igualmente é a visão da população sobre o sistema educacional atual.

Quando confrontados com essa realidade, e com o homeschooling sendo apresentado como substituto viável, dúvidas quanto à qualidade do ensino se dissipam e o último subterfúgio é costumeiramente algum tipo de desconfiança e ceticismo em relação à capacidade de crianças educadas em casa serem adequadamente socializadas.

A tal socialização que supostamente só pode ocorrer na escola tem um efeito colateral inerente à forma como ela é estruturada: o bullying. O bullying, ao contrário do que se noticia nos dias de hoje, não é uma epidemia ou um produto da modernidade, mas sim uma constante inseparável da escola. Talvez a tecnologia atual nos tenha deixado mais cientes desse problema, mas não tem como não haver bullying se pessoas são forçadas a conviver com outras com as quais não têm nenhum tipo de afinidade ou ponto em comum.

Para piorar, a escola torna os pais mais negligentes, pois ela se auto-atribui obrigações que são dos pais, e os pais, por sua vez, se tornam cada vez mais alheios à educação e à formação de seus filhos, pois já terceirizaram essa função para a escola.

Não se está dizendo, obviamente, que a escola exclui qualquer tipo de socialização, mas sim que a “boa” socialização que ela pode proporcionar é inseparável do bullying.

E aos que contra-argumentarem dizendo que isso de não é de todo ruim, pois não devemos ser “super protetores”, cito um trecho de um artigo de Matt Walsh, veemente detrator do sistema educacional vigente, em particular das escolas públicas:

Ou seja, eu vou mandar meu filho para uma escola logo em seus primeiros anos de formação, vou observar seus colegas tentarem estraçalhá-lo emocionalmente pela próxima década, e então, no fim de tudo isso, você irá me dizer que ele ao menos está socializado? É isso mesmo? E o que vem depois? Deveria eu entrar em uma banheira cheia de esgoto e hepatite para melhorar minha “saúde e higiene”? Obrigado, mas passo. Nos dois casos.

Dito isso, nos EUA, onde o homeschooling é uma prática comum, é bastante raro uma família praticá-lo em uma espécie de vácuo social. A maioria das famílias praticantes é afiliada a grupos e cooperativas nos quais as crianças participam de diversas atividades para promover a socialização. Isso, entretanto, não implica que essa interação seja livre de potenciais conflitos.

Em primeiro lugar, as crianças são frequentemente incentivadas a lançar mão de formas pacíficas de resolução de conflitos. Caso ocorra um evento irreconciliável, sempre existe a possibilidade de os pais simplesmente se desligarem do grupo e buscarem outro, o que raramente ocorre. Por outro lado, apenas se desligar de uma escola e ir para outra tende a ser apenas um paliativo. Os problemas inerentes à educação e ao bullying continuam intactos.

Outro ponto positivo destes grupos de homeschooling, e que tem a ver com o tópico anterior, é que eles permitem que pais com conhecimento específico em certas áreas sirvam como tutores de outras crianças. É bastante comum em grupos de homeschooling eventos e atividades como feiras de ciências, corais, bandas, recitais, oficinas de artesanato etc.

Para concluir

Vale ressaltar o óbvio: defensores do homeschooling não estão pedindo a abolição do sistema educacional vigente. Eles querem apenas a liberdade de não serem obrigados a enviar seus filhos para essas fábricas de coerção e de entorpecimento cerebral que são as escolas atuais. (Pela legislação atual, se você optar por educar seu filho em casa, poderá ir para a cadeia).

Vale repetir as palavras de John Holt, mundialmente famoso educador e defensor do homeschooling, em seu best-seller Como as Crianças Aprendem:

Queremos acreditar que estamos enviando nossas crianças para a escola para que elas aprendam a pensar. Mas o que realmente estamos fazendo é ensinando-as a pensar de maneira errada. Pior: estamos ensinando-as a abandonar uma maneira natural e poderosa de pensar e a adotar um método que não funciona para elas e o qual nós mesmos raramente usamos.

Nós estamos tentando convencê-las de que, ao menos dentro da escola — ou mesmo em qualquer situação em que palavras, símbolos ou pensamento abstrato estejam envolvidos —, elas simplesmente não podem pensar. Devem apenas repetir.

No final, a maior e mais duradoura lição trazida pelo nosso sistema escolar é que aprender é algo maçante, que deve ser evitado ao máximo possível.

Apesar de todas as barreiras impostas ao homeschooling, seja a carência de material adequado em português, a legislação relacionada que é mal delineada e a ignorância geral sobre o tema, ele vem crescendo a passos largos no Brasil. Ainda há um longo caminho a ser percorrido, e os defensores da liberdade devem sempre tentar lançar um pouco de luz para remediar a cultura de rejeição instintiva e infundada a essa antiga prática de eficácia e sucesso comprovados.


Daniel Chaves Claudino é químico teórico nas horas vagas e libertário radical em tempo integral.

Fonte: Instituto Mises Brasil

Produção de café de 2022 pode chegar a 53,4 milhões de sacas

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Foto: Moritz Knöringer/Unsplash

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a produção de café deste ano em 53,4 milhões de sacas. Em relação ao ciclo anterior, o volume aumentou cerca de 5,7 milhões de sacas.

Se comparada à safra de 2020, a produção bienal positiva do ano anterior, a produção esperada para este ano seria 15,3% inferior, ou 9,65 milhões de sacas. Os ciclos bienais são uma característica das culturas que incluem anos alternados de floração seguidos por outro ano com floração menos intensa.

“A recuperação é limitada porque a seca e as geadas do ano passado, principalmente em Minas Gerais, Paraná e São Paulo, enfraqueceram as plantas e afetaram o desempenho produtivo dos cafezais”, disse o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, em relatório.

Café Arábica

Segundo a empresa, o arábica deve ser o mais afetado pelo clima severo, pois sua concentração se concentra nas áreas mais afetadas por baixas temperaturas e escassez de água. No entanto, em relação às safras passadas, a produção ainda deve se recuperar, chegando a 35,7 milhões de sacas do produto processado. “No entanto, espera-se um maior potencial de produção por se tratar de um ciclo positivo de dois anos.

Se comparado com a safra de 2020, a produção total deverá ser reduzida em 23,6%”, acrescentou a Conab. Em termos de produtividade média, o último biênio positivo atingiu cerca de 32,21 sacas do mesmo Arábica por hectare, segundo a empresa.

Na safra atual, a produtividade média está estimada em 24,6 sacas por hectare. Minas Gerais continua sendo o maior produtor de café do Brasil, produzindo 24,7 milhões de sacas de café, das quais 24,4 milhões são arábicas.

Café Cornillon

Ao contrário do arábica, a produção de café conilon deve bater um novo recorde, com 17,7 milhões de sacas de beneficiamento colhidas, um aumento de 8,7% em relação à safra anterior, devido às contínuas melhorias de produtividade a cada ano.

No Espírito Santo, principal estado produtor de conilon, a produção costuma ultrapassar 12 milhões de sacas. “O estado do Espírito Santo não tem registro de extremos climáticos. Ao contrário, chuvas e temperaturas favoráveis ​​às lavouras. O mesmo se confirma na Bahia.

Em Rondônia, além das boas condições climáticas, os produtores também continuam investindo em Aprimorando o pacote de tecnologia, Mato Grosso e Amazonas, por outro lado, têm grande potencial para aumentar a produtividade e, portanto, o rendimento”, destacou Sergio De Zen, diretor de Informação Agropecuária e Política Agrícola da Conab, em nota.

Área de Cultivo

De acordo com o levantamento da Conab, a área destinada ao cultivo de café deverá ser de 2,2 milhões de hectares, um aumento de 1,9% em relação a 2021. Espera-se que o espaço para cultivo e produção de plantas aumente. Para a área formada, incluindo novos plantios e áreas esqueletizadas ou reprocessadas, a Conab estima cerca de 401,2 mil hectares, enquanto as lavouras de produção devem ultrapassar 1,84 milhão de hectares, com alta de 2,5% e 1,8%, respectivamente.

Mercado Externo

O Brasil exportou 14,1 milhões de sacas de 60kg de café nos primeiros quatro meses do ano. A produção é 10,8% inferior às exportações no mesmo período do ano passado, afetada pela menor produção de café em 2021 e menores estoques internos nos primeiros meses de 2022.

“Atualmente, a oferta restrita do produto continua influenciando os preços. Por outro lado, a pressão baixista sobre o consumo aumenta as incertezas e a tendência atual é de muita volatilidade. Porém a recuperação limitada da produção brasileira impede quedas mais expressivas nas cotações de café e sustenta os valores praticados no mercado em patamares elevados”, pondera o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira.

IoP

Câmara aprova MP que regulamenta ensino domiciliar

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Foto: Markus Spiske/Unsplash

A Câmara aprovou na noite do dia 18 o texto-base do projeto de lei (PL) 3.179 de 2012, que regulamenta a prática da educação domiciliar no Brasil, também conhecida como homeschooling.

Os destaques da matéria ainda não foram votados, e serão analisados na próxima sessão, na quinta-feira. Para usufruir da educação domiciliar, o estudante deverá estar regularmente matriculado em uma instituição de ensino, que acompanhará o desenvolvimento educacional durante o ensino.

Uma das exigências é que pelo menos um dos pais ou responsáveis tenha escolaridade de nível superior ou profissional tecnológica reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Outro requisito é a certidão negativa perante as justiças federal e estadual (distrital).

Ensino em casa

Os pais interessados em ensinar os filhos em casa deverão seguir a Base Nacional Comum Curricular definida pelo MEC. Além disso, poderão ser incluídas matérias e disciplinas adicionais à rotina de ensino.

Os responsáveis terão de garantir a convivência familiar e comunitária do estudante e a realização de atividades pedagógicas para promover a formação integral do estudante, contemplando seu desenvolvimento intelectual, emocional, físico, social e cultural.

Será de responsabilidade dos pais manterem registros periódicos das atividades e encaminhar, na forma de relatórios, à instituição de ensino na qual o aluno está matriculado. O aluno também deverá participar de avaliações anuais de aprendizagem durante o ciclo de educação básica.

Nos ensinos fundamental e médio, além desses relatórios, deverá haver avaliação anual com base no conteúdo curricular, admitida a possibilidade de avanço nos cursos e nas séries, conforme previsto na Lei de Diretrizes e Bases (LDB).

Se o desempenho do estudante nessa avaliação anual for considerado insatisfatório, uma nova avaliação, em caráter de recuperação, será oferecida no mesmo ano.

Agência Brasil

Monitor do PIB aponta crescimento de 1,5% no primeiro trimestre

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Foto: Adrienguh/Unsplash

O Monitor do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), apresentou aumento de 1,5% na atividade econômica no primeiro trimestre de 2022, na comparação com o quarto trimestre de 2021. Na passagem de fevereiro para março deste ano, o crescimento foi de 1,8%. Na comparação anual, o aumento do PIB ficou em 2,4% no trimestre e em 4,2% no mês.

A coordenadora da pesquisa, Juliana Trece, avalia que o aumento se deve ao desempenho positivo dos serviços, que apresentam boa recuperação após o forte impacto sofrido durante os piores momentos da pandemia de covid-19.

“Dentre as atividades que compõem o setor, apenas as de outros serviços e de administração, educação e saúde pública ainda não haviam recuperado, no quarto trimestre de 2021, o nível de atividade pré-pandemia da covid-19. Com o resultado do primeiro trimestre deste ano, a atividade de outros serviços ultrapassou o nível pré-pandêmico”.

Ele alerta que o desempenho do PIB tem sido impulsionado pela normalização da atividade econômica ao que era antes da pandemia, mas que este efeito está se esgotando e deve impactar na sustentabilidade do crescimento.

De acordo com os dados da FGV, o consumo das famílias cresceu 3,4% no primeiro trimestre, na comparação interanual, puxado pelo consumo de serviços. As principais influências para o desempenho positivo foram os serviços de alojamento, alimentação e domésticos. Já o consumo de bens duráveis caiu 6,7%, o único com queda.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) teve crescimento de 1,5% no primeiro trimestre, em comparação ao mesmo trimestre de 2021. Desde o quarto trimestre do ano passado, a análise da taxa trimestral móvel apresenta queda no componente de máquinas e equipamentos, encerrando o período com retração de 4,8%. As quedas continuam disseminadas entre os segmentos de automóveis, máquinas e equipamentos elétricos e mecânicos.

Comércio exterior

A exportação de bens e serviços subiu 9,6% no primeiro trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado, com destaque para a exportação de serviços (14,7%), bens intermediários (14,3%) e produtos agropecuários (29,5%).

Já a importação caiu 1,8% na mesma análise. Os serviços e a extrativa mineral tiveram bom desempenho, mas o resultado negativo foi puxado pela queda na importação de produtos agropecuários e industrializados.

Em valores, a estimativa da FGV é que o acumulado do PIB no primeiro trimestre do ano some R$ 2,46 trilhões. A taxa de investimento no primeiro trimestre foi 18,4%, na série a valores correntes.

Agência Brasil

Indústria deve qualificar 9,6 milhões de pessoas até 2025

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Foto: Remy Gieling/Unsplash

O Brasil precisará qualificar 9,6 milhões de pessoas até 2025 para atender necessidades projetadas pelas indústrias, de forma a repor inativos, atualizar funcionários ou preencher as novas vagas programadas para o setor. É o que prevê o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no dia 16.

Deste total, 2 milhões precisarão de qualificação visando à formação inicial para a reposição de inativos ou para o preenchimento de novas vagas. Os 7,6 milhões restantes serão via formação continuada para trabalhadores que precisam se atualizar para exercer funções.

Segundo a CNI, “isso significa que 79% da necessidade de formação nos próximos quatro anos serão em aperfeiçoamento”.

Cadeia produtiva

De acordo com a entidade, essas projeções têm por base a necessidade de uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva que tanto influenciam – e transformam – o mercado de trabalho. Assim sendo, acrescenta a CNI, cada vez mais o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação.

O levantamento hoje divulgado, feito pelo Observatório Nacional da Indústria, tem por finalidade identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país.

As áreas com maior demanda por formação são transversais (que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em segurança do trabalho, técnico de apoio em pesquisa e desenvolvimento e profissionais da metrologia, por exemplo), metal mecânica, construção, logística e transporte, e alimentos e bebidas.

Agência Brasil

OCDE convida Brasil a aderir a códigos de liberalização financeira

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Foto: Krakenimages/Unsplash

O Banco Central e o Ministério da Economia informaram ter recebido, do Conselho da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), convite para aderir ao Código de Liberalização de Movimentos de Capital e ao Código de Liberalização de Operações Correntes Intangíveis.

De acordo com o BC, o Código de Liberalização de Movimentos de Capital “refere-se a padrões para atos normativos sobre fluxo financeiro internacional, incluindo pagamentos, transferências, empréstimos, investimentos, além de compra e venda de moeda estrangeira”.

Já o Código de Liberalização de Operações Correntes Intangíveis refere-se basicamente a prestação de serviços de forma transfronteiriça, a exemplo de serviços de consultoria internacional, de advocacia, de arquitetura.

“Os dois códigos de liberalização consolidam recomendações resultantes de décadas de estudos e são baseados em princípios de não discriminação e de transparência, entre outros”, informou o BC.

Segundo a autoridade monetária, “o Brasil vem trabalhando consistentemente na convergência de atos normativos às boas práticas preconizadas pelos códigos”.

O BC acrescenta que, do ponto de vista de investidores estrangeiros, a adesão a esses códigos representa um “melhor entendimento sobre o nosso arcabouço regulatório, menor custo de adaptação às particularidades do país e maior percepção de segurança jurídica em operações internacionais”.

Primeiro não membro

Em nota, o Ministério da Economia informou que todos os membros da OCDE são aderentes dos dois códigos e que, desde 2012, a possibilidade de adesão por países não membros está aberta. O Brasil iniciou o processo de adesão em 2017 e, com o convite manifestado no dia 10 de maio, será o primeiro país não membro a aderir aos dois códigos.

“Para a convergência aos dispositivos dos códigos, foram implementadas ações legislativas e regulatórias, contemplando: a eliminação de limites ao investimento externo em transporte aéreo; a eliminação de requisitos de reciprocidade na área de seguros; a eliminação da necessidade de decreto presidencial para estabelecimento de filiais de instituições financeiras estrangeiras; a delegação de competência ao Ministério da Economia para autorizar a operação de empresas estrangeiras no Brasil; a elevação de limites de cessão para resseguradores ocasionais; a promulgação da Lei de Câmbio e Capitais Internacionais (LCCI) e do Decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) Cambial, que estabeleceu a redução gradativa das alíquotas até zero, de forma escalonada”, detalhou o ministério.

A pasta acrescenta que a adesão a estes dois instrumentos “está alinhada à eliminação de barreiras aos fluxos internacionais de comércio e investimentos e ao melhor funcionamento do mercado de capitais”.

Agência Brasil

Jovem, temos uma notícia para você: não haverá nenhuma revolução!

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Foto: Daniel Lincoln/Unsplash

Jovem, se você é daqueles que acredita que haverá uma revolução, e que esta será liderada pela tecnologia, reconsidere. Tal ideia é totalmente contraditória.

Não haverá revolução e a tecnologia não levará a nenhuma revolução.

Por quê?

A essência de uma revolução é a centralização do poderEngels já sabia disso desde cedo, e fez questão de nos lembrar disso ao longo de vários anos. Não há nada mais centralizador do que uma revolução.

Todas as revoluções ocorridas na história geraram uma centralização do poder, inclusive a Revolução Americana.

Não estamos na iminência de uma revolução. Estamos, isso sim, à beira de uma não-revolução.

O que estamos vendo ao redor do mundo é uma descentralização. Estamos testemunhando a fragmentação do equivalente ao Império Romano. Não houve nenhuma revolução contra o Império Romano. Ele simplesmente se desintegrou. O mundo medieval foi um período de enorme descentralização.

Ao longo do século XVII, houve várias tentativas de iniciar revoluções. A Revolução Puritana na Inglaterra foi uma delas. Foi uma revolta contra o poder centralizado do rei, mas foi uma revolta feita em nome da centralização do poder no Parlamento. Ela simplesmente gerou um ditador militar, Oliver Cromwell, de 1649 a 1659.

Cromwell foi substituído por um novo rei em 1660, mas o parlamento continuou a centralizar o seu poder. A Revolução Gloriosa de 1688 e 1689 retirou muito do poder do rei, mas não reduziu o poder do governo; ela simplesmente transferiu o poder para o Parlamento.

O Parlamento então adotou uma peculiar teoria sobre ‘soberania parlamentar’ algo até então sem precedentes na história da tirania. Ele reivindicou, e ainda reivindica, soberania suprema sobre todos os aspectos da vida britânica. Não foi elaborada nenhuma constituição para conter o Parlamento britânico. Havia apenas o direito consuetudinário para contê-lo, o que já era de alguma importância. Mas o fato é que a centralização continuou. E continua até hoje.

Com uma intensa descentralização surge não uma revolução, mas sim uma secessão. E não me refiro a uma secessão ao estilo daquela que ocorreu no sul dos EUA, que era apenas uma maneira de centralizar o poder no sul do país. Aquilo não passou de um grupo de revolucionários armados que procuravam centralizar o poder na região que queriam controlar. Como eles próprios argumentavam, era uma repetição da Revolução Americana.

Revoluções significam centralização do poder. Quem não entender isso não irá entender o que está ocorrendo hoje com o mundo, e o que vem ocorrendo ao longo dos últimos 500 anos. Revoluções centralizam o poder. Se o objetivo é combater militarmente um poder centralizado, então os combatentes têm de centralizar o poder em torno de si próprios. Ao fazer isso, tudo o que é alcançado é simplesmente uma mudança de lealdade, a qual irá para esse novo grupo de centralizadores formados. Até hoje as pessoas ainda não aprenderam isso.

Os cercamentos privados que ocorreram na Inglaterra foram cruciais para o estabelecimento da liberdade inglesa. Todo o processo representava uma guerra contra o governo federal. Era uma guerra contra o poder centralizado. Era uma guerra contra burocratas que davam ordens ao povo sobre o que deveria ser feito com a propriedade.

Para fugir do sistema, você não tem de fazer uma revolução; você tem de fazer uma secessão. Você tem de retirar todo o seu apoio ao sistema vigente. Você tem de revogar a legitimidade que você conferiu a essas organizações. Você tem de fazer isso, e todas as outras pessoas também têm de fazer isso. 

E isso não é uma coisa que pode ser organizada antecipadamente. As pessoas simplesmente aprendem, escândalo após escândalo, arbitrariedades após arbitrariedades, que o estamento burocrático é incorrigível e que o sistema é irreparável. Ele não pode ser reformado.

Quem de fato comanda o estado, quem estipula as leis e as impinge, não são os políticos, mas o estamento burocrático: a permanente estrutura formada por pessoas imunes a eleições ou a troca de regimes. São estes que compõem o verdadeiro aparato controlador do governo.

O estamento burocrático é uma máquina estável que sempre procura fazer o sistema funcionar em benefício próprio. Ele resiste a qualquer arroubo (revolucionário ou reacionário) que possa causar desconforto.

E ele não pode ser “capturado desde dentro”. Ele tem de deixar de ser financiado. 

O segredo da liberdade não é a revolução; o segredo da liberdade é a deixar de financiar a ordem centralizada existente.

O segredo da estabilidade monetária e de uma moeda forte não é capturar o Banco Central e colocar lá “um dos nossos”, ou conceder a ela uma suposta independência. O segredo é a soberania monetária. Qualquer um utiliza a moeda que quiser sob uma ordem social de livre mercado. E isso só se consegue via secessão.

O segredo de uma melhor educação não é capturar e controlar o sistema público de ensino. O segredo de uma educação melhor é utilizar a internet (o que reduz sobremaneira os custos da educação), descentralizar todo o processo, e colocar os pais no controle do programa educacional de suas famílias.

O problema é que os conservadores e vários libertários são de lento aprendizado. Eles ainda insistem em dizer que o melhor a ser feito é capturar e controlar o sistema progressista, pois acreditam que têm um plano melhor para fazê-lo funcionar. Isso foi o que os bolcheviques fizeram com a burocracia do Czar. Isso foi o que os revolucionários franceses fizeram com a burocracia de Luís XVI. Isso foi o que os revolucionários americanos fizeram com a burocracia de George III. Isso é o que o sul dos EUA teria feito caso tivesse vencido.

A revolução tecnológica, a revolução “open source”, vai descentralizar o mundo de maneira mais intensa. A descentralização não vai levar a uma revolução.  A descentralização vai levar à secessão. Refiro-me a uma secessão ao estilo de Gandhi. Refiro-me à retirada do apoio. 

Você não tem de pegar em armas contra o estado; você simplesmente tem de se recusar a cooperar com ele. Agindo assim, você faz com que seja mais difícil e mais custoso para o estado tentar tiranizar você.

A Iugoslávia não existe mais. A União Soviética não existe mais. Essa é a onda do futuro. Os estatistas e os pretensos estatistas irão continuar em busca da Grande Revolução. Assim como Marx, eles veem como iminente a Grande Revolução. Só que ela nunca veio. A revolução comunista ocorreu justamente onde, segundo a própria teoria marxista, não deveria ter ocorrido: a área rural do império russo. O proletariado urbano não fez a revolução; quem a fez foi um bando de intelectuais alienados em conjunto com assaltantes de banco.

O que iremos testemunhar é o fim do apoio aos regimes centrais. As revoluções no mundo árabe não descentralizaram nada. Elas apenas reorganizaram a centralização nas mãos de um outro grupo de tiranos. É bom ver os antigos tiranos sendo humilhados e derrubados, pelo menos de longe. Mas isso não muda nada. O Egito é exatamente o mesmo que era sob o jugo de Mubarak. É uma ditadura militar. A revolução não trouxe nada de positivo.

Revolucionários têm de ter um objetivo centralizador. Pode ser explícito ou não, mas sempre há uma agenda centralizadora em todos os movimentos revolucionários. Todo revolucionário sempre acredita que sua revolução será a última. Todo revolucionário acredita que, quando ele finalmente estiver no controle da cadeia hierárquica de comando, as coisas serão diferentes. Sim, será diferente: teremos um grupo diferente de espoliadores pilhando a produtividade das vítimas.

Enquanto conservadores e alguns libertários continuarem sonhando com a captura e o controle de sistemas hierárquicos de poder, nada vai mudar.

Nenhum plano centralizador pode surgir de um sistema de comunicação descentralizado. Vivemos nos Bálcãs digitais, e não na Iugoslávia.

As redes sociais estão descentralizando o mundo. Elas estão”balcanizando” o mundo. E isso vai continuar.


Gary North é Ph.D. em história, ex-membro adjunto do Mises Institute, e autor de vários livros sobre economia, ética, história e cristianismo.

Fonte: Mises Brasil

Safra de grãos deve subir 6,4% em 2022

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Foto: Bradyn Shock/Unsplash

A safra de grãos brasileira 2021/2022 deve alcançar 271,8 milhões de toneladas, um aumento de 6,4% na comparação com o ciclo anterior, informou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A estimativa, que faz parte do 8º levantamento da safra divulgado pela empresa, aponta ainda um ganho de 2,5 milhões de toneladas quando comparado com a estimativa publicada no mês anterior.

Segundo a Conab, essa melhora na produção é explicada pela maior área plantada de milho de segunda safra, além do melhor desenvolvimento no final do ciclo das lavouras, sobretudo de arroz, milho e soja.

“Em final de abril, as culturas de primeira safra, estavam com a colheita praticamente finalizada, as de segunda safra, desde a fase de crescimento até o processo de colheita e as de terceira safra juntamente com as culturas de inverno, em fase inicial de plantio. Portanto, o resultado final do volume desta safra ainda depende do comportamento climático, fator preponderante para o desenvolvimento das culturas”, diz o levantamento.

A empresa informou que para o milho é esperada uma produção total 116,19 milhões de toneladas, elevação de 33,4% em comparação com a safra 2020/21. O levantamento mostra que a janela mais alongada para plantio da segunda safra somada às condições de mercado favoreceram o crescimento de área do cereal.

Em relação ao arroz, a produção será menor ao que foi produzido na safra passada. A queda estimada é de 9,1%. Com isso a safra deve ficar em 10,7 milhões de toneladas, das quais 9,9 milhões são de cultivo irrigado e 0,8 milhões com o plantio sequeiro.

Segundo a Conab, a soja também terá uma queda na produção, estimada em 123,8 milhões de toneladas, uma redução de 10,4% em relação à safra anterior.

Colheita de algodão. Foto: Wenderson Araujo/Trilux
Colheita de algodão – CNA/ Wenderson Araujo/Trilux

Já as safras de feijão e de algodão terão aumento em relação à safra anterior. Na de feijão, a Conab estima alta de 8,14% em relação à safra anterior, com a produção ficando em 3,14 milhões.

A safra de algodão deve subir 19,5%, favorecida, em parte, pelas condições climáticas e pelo aumento na área plantada. A estimativa é de que a safra seja de 2,82 milhões de toneladas de pluma.

“A cotação da pluma em patamar elevado, que proporciona boa rentabilidade ao produtor, foi a causa primordial nessa elevação da área de plantio”, disse a Conab.

Já as culturas de inverno, como aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale, segundo a Conab, ainda apresentam uma plantação incipiente e devem somar 9,8 milhões de toneladas, das quais 8,1 milhões de trigo e 1,1 milhão de aveia.

Área plantada

Em relação à área plantada, a Conab informou que a atual safra é estimada em 73,7 milhões de hectares, crescimento de 5,6% se comparada à safra 2020/21. Os maiores incrementos são observados na soja (4,4% ou 1,73 milhão de hectares), e no milho (9,4% ou 1,87 milhão de hectares).

A Conab informou também que não alterou as estimativas de importação de nenhum produto em relação ao levantamento anterior. Já a projeção para exportação de milho para 2022 subiu, passando de 37 milhões de toneladas para 38 milhões de toneladas.

Para os demais produtos, as estimativas de exportação foram mantidas: algodão em 2,05 milhões de toneladas, arroz em 1,3 milhão de toneladas, feijão em 200 mil toneladas e soja em 77 milhões de toneladas.

“No caso do trigo, as informações ainda são referentes à safra 2021, que possui o ano comercial de agosto de 2021 a julho de 2022. Para o cereal, a expectativa de venda para o mercado internacional segue em 3 milhões de toneladas”, disse a Conab.

IBGE estima safra recorde de 261,5 milhões de toneladas em 2022

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima uma safra recorde de cereais, leguminosas e oleaginosas para este ano: 261,5 milhões de toneladas. A previsão é do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado em abril, o que aumentou em 1% o cálculo feito na pesquisa de março.

Caso a previsão se confirme, o Brasil encerrará o ano com uma expansão de 3,3% (ou 8,3 milhões de toneladas a mais) na safra, em relação a produção do ano passado. A área colhida deve ser 4,9% maior do que a de 2021.

A alta de 2022 em relação a 2021 decorre da expansão esperada de 11,6% no algodão herbáceo em caroço (com safra de 6,5 milhões de toneladas), de 1,4% para o trigo (safra de 7,9 milhões) e de 27,5% para o milho (safra de 111,9 milhões).

Paralelamente, há projeção de queda de 12,2% para a soja (com safra estimada de 118,5 milhões) e de 8,5% para o arroz em casca (safra de 10,6 milhões).

Outras lavouras

Além dos cereais, leguminosas e oleaginosas, a pesquisa também faz estimativas para outros produtos importantes. São esperados aumentos para as safras de cana-de-açúcar (19%), café arábica (16,7%), café canephora (3,3%), laranja (2%) e banana (1,5%).

Segundo o IBGE, são estimadas quedas nas safras de mandioca (-2,7%), tomate (-7,8%), uva (-12,2%) e batata-inglesa (-5,5%).

Agência Brasil

Ministro entrega estudos de privatização da PPSA e da Petrobras

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Foto: Emmaus Studio/Unsplash

O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, entregou, nesta quinta-feira (12), ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pedido para iniciar os estudos de privatização da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), a estatal responsável por comercializar o óleo e o gás extraídos da camada pré-sal.

Em declaração à imprensa após a reunião, Paulo Guedes afirmou que encaminhará a proposta à Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos para análise de viabilidade. “O Adolfo [Sachsida], ministro de Minas e Energia, me entrega isso hoje e encaminho imediatamente à Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos para que ela faça uma resolução Ad referendum e inicie os estudos. Isso deve ser feito hoje mesmo e vamos dar sequência aos estudos para a PPSA e, depois então, para o caso da Petrobras”, afirmou Guedes.

Ontem, em seu primeiro discurso como ministro de Minas e Energia, Sachsida afirmou que é urgente dar prosseguimento ao processo de capitalização da Eletrobras e que vai priorizar os estudos para a privatização da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. Ele antecipou que seu primeiro ato como ministro seria solicitar a Guedes, presidente do conselho do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), a inclusão desses novos estudos de privatização.

Agência Brasil