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Políticas ruins podem abortar crescimento econômico

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Políticas de má qualidade podem abortar a chance de o Brasil crescer no médio e no longo prazo, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. O ministro rebateu o discurso de que o atual governo deixará uma “herança maldita”, e disse que o Brasil é “reconhecido internacionalmente” pela dimensão econômica.

Em evento de premiação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Guedes disse que a taxa Selic (juros básicos da economia) começará a cair em meados do próximo ano. Ele voltou a apostar que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 3% em 2023, estimativa mais otimista que a do mercado financeiro.

Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada toda semana pelo Banco Central (BC), os analistas de mercado preveem aumento de apenas 0,75% no PIB em 2023 e inflação oficial pelo IPCA de 5,08%.

Essa foi uma das últimas agendas oficiais de Guedes como ministro da Economia. Na próxima semana, ele entrará de férias e não deverá mais retornar ao cargo antes de 31 de dezembro.

Na avaliação do ministro, uma possível desaceleração da economia brasileira em 2023 está mais relacionada aos ciclos econômicos do que às políticas públicas executadas neste ano. Guedes voltou a citar que a economia brasileira fez, em 2022, uma recuperação em “V” (forte queda seguida de forte alta).

Guedes afirmou que, no próximo ano, ocorrerá um arrefecimento natural após esse tipo de retomada em “V”, rechaçando que essa desaceleração seja uma “herança maldita”. Também disse que os modelos técnicos costumam errar em momentos de mudança de regime.

“O Brasil vai crescer zero, vai ter recessão. Brasil cresce 5% e volta em ‘V’. Ah, agora é o ano seguinte. Vira a rolagem da desgraça. Agora o ano seguinte é dele. Aí diz que é herança maldita. Além de ser erro intelectual, fake news, e uma desculpa desonesta para o que estão encontrando, é uma burrice colossal”, comentou o ministro.

Alternância de poderes

O ministro negou que o país esteja quebrado e disse considerar “saudável” a alternância de poder. Ele, no entanto, criticou o que chamou de uso da máquina pública para manter-se no comando. “Mexer em regra para se perpetuar não é civilizatório”, disse Guedes, sem entrar em detalhes.

Guedes também criticou a tentativa de mudar a Lei das Estatais, reduzindo a quarentena para participantes de campanhas eleitorais e filiados a partidos políticos. Segundo ele, a “extrema-esquerda” e a “extrema-direita” são parecidas em relação ao “dirigismo econômico”. “Ambos gostam de mexer em empresas estatais”, criticou. Em relação ao governo atual, negou que as reduções de impostos neste ano tenham tido objetivo eleitoral. “Baixamos impostos porque controlamos gastos. Não é para reeleição”, comentou.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também participou do evento. Ele fez uma homenagem a seu avô, um dos fundadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Também presente ao evento, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse que as reformas pró-mercado do governo atual assegurarão o crescimento para os mais pobres no futuro.

Edição: Aline Leal – Agência Brasil

Inflação desacelera em novembro em todas as faixas de renda

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a inflação de novembro ficou abaixo da registrada em outubro para todas as faixas de renda. Os dados  mostram que as maiores pressões inflacionárias foram provocadas por três grupos: alimentos e bebidas, transportes e habitação.

O Indicador Ipea de Inflação por faixa de renda é divulgado mensalmente. O levantamento considera seis categorias de renda domiciliar: muito baixa (menor que R$ 1.726,01), baixa (entre R$ 1.726,01 e R$ 2.589,02), média-baixa (entre R$ 2.589,02 e R$ 4.315,04), média (entre R$ 4.315,04 e R$ 8.630,07), média-alta (entre R$ 8.630,07 e R$ 17.260,14) e alta (maior que R$ 17.260,14).

Em novembro, as menores variações foram registradas para as famílias de renda alta (0,27%) e de renda muito baixa (0,33%). Em outubro, nas mesmas faixas, a inflação havia sido respectivamente de 1,14% e 0,51%.

Já as maiores variações foram observadas nas classes de renda média-alta (0,49%) e de renda média (0,46%). No entanto, mesmo nessas faixas, a inflação foi maior no mês de outubro, registrando respectivamente 0,64% e 0,61%.

No acumulado do ano, a menor variação é de 4,87% para as famílias de renda média-baixa. Já a maior, de 6,27%, foi observada para as famílias de renda alta. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado como índice oficial da inflação no país, registra uma variação de 5,13% desde o início do ano.

Alimentos e bebidas

No mês de novembro, os alimentos e bebidas pressionaram a inflação para todas as seis categorias. Além disso, com o reajuste dos aluguéis e das tarifas de energia elétrica, a habitação teve significativa influência na variação para as famílias de renda muito baixa. Para as quatro faixas de renda intermediárias, houve impacto do custo do transporte, que está associado à alta dos combustíveis. Já as famílias de renda mais alta foram pressionados pelos preços relacionados à saúde, envolvendo sobretudo aumentos nas mensalidades dos planos.

O levantamento também mostra que, entre os alimentos e bebidas, as altas mais relevantes foram registradas entre tubérculos (10,1%), cereais (0,97%), frutas (2,9%), farináceos (1,1%) e panificados (0,73%). De outro lado, houve queda nos preços dos leites e derivados (-3,3%) e das aves e ovos (-0,51%).

Edição: Maria Claudia – Agência Brasil

Indústria de motocicletas cresce 18,7% até novembro de 2022

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Foto: Mel Elías/Unsplash

A produção de motocicletas do Polo Industrial de Manaus – PIM chegou a 129.216 unidades em novembro, número 5,9% menor na comparação com outubro (137.346 motocicletas) e 13,6% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado (113.776 unidades). No acumulado do ano foram fabricadas 1.328.105 unidades, alta de 18,7% na comparação com o mesmo período de 2021 (1.118.790 unidades), de acordo com dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).

O presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, disse que o volume de produção está dentro do planejado e que a expectativa de fabricar 1.420.000 motocicletas deverá ser atingida. “Depois de um primeiro bimestre conturbado devido aos casos da variante Ômicron, as unidades fabris retomaram o ritmo das linhas de montagem e a produção vem crescendo para atender à demanda do mercado”.

Fermanian afirmou que o segmento de motocicletas deve continuar aquecido depois dos resultados positivos e do crescimento do segmento este ano. “Acreditamos que a procura pela motocicleta deverá seguir em alta em 2023. Muitos brasileiros encontram no modal um veículo ágil, de custo de manutenção mais em conta e com maior facilidade de aquisição”, disse.

De acordo com o levantamento mensal, em novembro foram vendidas 123.214 unidades, aumento de 2,4% com relação ao registrado em outubro (120.273 unidades). Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve alta 15,8% ante às 106.442 motocicletas emplacadas no período. No acumulado do ano, foram vendidas 1.229.737 unidades, aumento de 17,7% na comparação com o mesmo período do ano passado (1.044.413 motocicletas).

As exportações totalizaram 3.695 motocicletas em novembro, queda de 8,7% em relação a outubro de 2022 ( 4.047 unidades). Na comparação com o mesmo mês do ano passado ( 3.246 motocicletas), houve alta de 13,8%. No acumulado do ano foram embarcadas para o exterior 51.412 unidades, o que representa uma alta de 2,4% quando comparado ao resultado do mesmo período de 2021 ( 50.193 motocicletas).

Edição: Valéria Aguiar – Agência Brasil

Valor da Produção Agropecuária de 2022 está estimado em R$ 1,185 trilhão

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Foto: Tijana Drndarski/Unsplash

Valor Bruto das Produção Agropecuária (VBP) de 2022 deve chegar a R$ 1,185 trilhão, conforme estimativas de novembro.

As lavouras obtiveram um faturamento bruto de R$ 813,14 bilhões, com crescimento de 0,7% e a pecuária registrou R$ 372,35 bilhões, com 1,6% de retração.

Os resultados do VBP de 2022 foram influenciados por problemas climáticos na região Sul e parte do Centro-Oeste na safra 2021/22, que atingiram várias lavouras.

Segundo o IBGE, a produção de soja no Sul teve uma redução de 44,4%.

O arroz também foi impactado pela seca, com redução de produção além de preços mais baixos neste ano.

Apesar dos problemas, a soja ainda teve uma produção elevada, com 125,5 milhões de toneladas.

E o milho apresenta recorde de produção, com 113 milhões de toneladas.

O desempenho de outras lavouras tornou menores os impactos ocorridos por problemas climáticos.

Entre as que apresentaram melhor desempenho estão o algodão, com aumento real de 21,1% no VBP; banana, aumento de 18,8%; batata, 14,7%; cana-de-açúcar, 8,8%; mandioca, 16,5%; milho, 12,7%; trigo, 35,1%; tomate, 22,1 %, e café, 26,3%.

Na pecuária, as maiores contribuições podem ser observadas em leite e ovos.

Contribuições negativas são observadas em arroz, soja, uva, cacau e laranja. Estes apresentam, em geral, reduções simultâneas de produção, e de preços mais baixos, o que afeta o VBP.

Projeções para 2022/23

Para 2022/23, a estimativa do VBP é de R$ 1,256 trilhão, 6% acima do estimado neste ano.

Se confirmado, este será o maior valor do VBP de uma série iniciada em 1989.

As previsões de clima mostram-se favoráveis para 2023.

A produção prevista de milho é de 125,8 milhões de toneladas, e a de soja 153,5 milhões de toneladas, segundo a Conab.

Isso pode levar a um VBP acima do obtido em 2022.

A pecuária pode ter uma contribuição maior em 2023, com crescimento previsto de 3%.


Fonte: Canal Rural

Mercado reduz expectativa de inflação para 5,79%

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Especialistas financeiros reduziram suas previsões para a inflação deste ano. Segundo o boletim Focus, divulgado hoje (12), pelo Banco Central (BC), os economistas de instituições financeiras consultadas estimam que a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deverá fechar este ano em 5,79%, e não mais em 5,92%, conforme calculavam até semana passada.

Instituições financeiras consultadas ao longo da semana passada mantiveram a estimativa de que a inflação anual será da ordem de 5,08 em 2023. Embora o percentual seja o mesmo anunciado no boletim Focus da semana passada, permanece superior aos 4,94% de há quatro semanas.

Já as projeções para 2024 foram mantidas em 3,50%, enquanto, para 2025, é esperada uma pequena alta, dos anteriores 3%, para 3,02%.

Selic

Segundo o mercado manteve a taxa básica de juros (Selic) deve fechar o ano em 13,75%. Para 2023, a taxa esperada é de 11,75%. Já em 2024 e em 2025, a Selic deve atingir, respectivamente, 8,50% e 8%.

PIB

Os especialistas mantêm a projeção de que, este ano, o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país cresça 3,05%. Há quatro semanas, a estimativa era de um crescimento de 2,77%.

Para 2023, a expectativa é que a economia brasileira cresça 0,75%. Para 2024 e 2025, o mercado financeiro projeta expansões do PIB em 1,70% e 2%, respectivamente.

Câmbio

As instituições financeiras também preveem que o dólar encerrará este e o próximo ano valendo R$ 5,25, baixando para R$ 5,24 em 2024, e para R$ 5,23 em 2025. 

Edição: Maria Claudia – Agência Brasil

Vendas do comércio eletrônico na Black Friday crescem 60%

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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A receita das vendas realizadas pelo comércio eletrônico no fim de semana da Black Friday, de 25 a 27 de novembro, aumentou 60% em comparação ao mesmo período de 2021. Os dados, divulgados são da empresa de inteligência analítica Boa Vista, medidos pelo sistema antifraude Konduto. 

Em contrapartida ao crescimento da receita, o número de pedidos online caiu 25% na comparação com a edição de 2021. Segundo a Boa Vista, os dados apontam que os consumidores optaram por adquirir menos produtos, mas de maior valor.

Acompanhando a redução do número de pedidos de compra online, as tentativas de fraudes nesta Black Friday também recuaram (-26%) em comparação com 2021. Mesmo assim, a empresa registrou tentativas de fraude que poderiam gerar prejuízo de R$ 71,5 milhões.

Celular

Os dados mostram, ainda, que as compras via celular têm aumentado ano a ano no país. Em 2020, as compras via mobile passaram de 50% do número total de aquisições online. Em 2022, esse número chegou a 74%. E as fraudes também acompanharam: 72% das tentativas de golpe foram originadas desses dispositivos.

Na análise por região, o Sudeste se destacou, registrando 62% das vendas e 59% das tentativas de fraude em todo o Brasil.

Edição: Kleber Sampaio – Agência Brasil

IGP-DI tem queda de preços de 0,18% em novembro

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação (queda de preços) de 0,18% em novembro, segundo dados divulgados hoje (7), no Rio de Janeiro, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em outubro, houve deflação mais intensa: 0,62%.

Apesar das deflações, o IGP-DI acumula inflação de 4,71% no ano e 6,02% em 12 meses. Em novembro de 2021, o índice havia tido deflação de 0,58% no mês e acumulado inflação de 17,16% em 12 meses.

Preços em queda

A redução do ritmo de queda de preços observada de outubro para novembro foi puxada pelos preços no atacado e na construção civil.

A deflação do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede o atacado, passou de 1,04% em outubro para 0,43% em novembro. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve aumento da inflação, indo de 0,12% em outubro para 0,36% em novembro.

E o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede o varejo, teve queda na taxa de inflação, que caiu de 0,69% em outubro para 0,57% em novembro.

Edição: Kleber Sampaio – Agência Brasil

Pequenos negócios respondem por 8 em cada 10 empregos criados

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Foto: Blake Wisz/Unsplash

Levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequena Empresas (Sebrae) mostra que, em outubro, os pequenos negócios foram responsáveis por cerca de oito a cada dez novas vagas de trabalho criadas no país. O saldo positivo de empregos gerados por empresas de todo tipo porte no país, nesse período, foi de 159.454, sendo que os pequenos negócios respondem por 125.114 das contratações (78,5%).

“Pelo décimo mês consecutivo, as micro e pequenas empresas apresentaram saldo positivo na geração de empregos no país”, avaliou o Sebrae, por meio de nota.

No acumulado de 2022, o país contabiliza 2,3 milhões de novos postos de trabalho – desses, 1,661 milhão (71,6%) por meio de micro e pequenas empresas. A participação de médias e grandes na geração de empregos é de 22%, com 513 mil contratações.

Setores

Entre os sete setores da economia analisados, as micro e pequenas empresas apresentaram saldo positivo em todos, enquanto médias e grandes empresas registraram saldo negativo na construção civil e na extrativa mineral. Na área de serviços, por exemplo, o saldo de contratações dos pequenos negócios foi de 60,2 mil, enquanto médias e grandes empresas aumentaram seus quadros em 29,1 mil novos contratados.

As contratações pelos pequenos negócios no comércio também foram bem superiores: quase cinco vezes mais do que a de médias e grandes – 39,1 mil contra 8,3 mil, respectivamente.

No acumulado de 2022, as micro e pequenas empresas do setor de serviços foram as que mais contrataram, com 850.781 novos empregos, além de 274.679 postos na construção civil e 262.143 no comércio.

Edição: Lílian Beraldo – Agência Brasil

32% dos solos do país têm potencial natural para a agricultura

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Foto: Taylor Siebert/Unsplash

Entre os mais de 500 tipos de solos existentes no Brasil, 29,6% tem boa e 2,3% muito boa potencialidade ao desenvolvimento agrícola. Outros 33,5% apresentam potencialidade moderada, com problemas relativamente fáceis de serem corrigidos. As áreas com restrições significativas são 21,4% do território nacional e em 11% do país as áreas têm restrições muito fortes ao uso agrícola.

É o que mostra o Mapa de Potencialidade Agrícola Natural das Terras do Brasil divulgado hoje (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando se comemora o Dia Mundial do Solo, data implementada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O analista da pesquisa, Daniel Pontoni, destaca que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o que demonstra a importância da publicação, que é inédita. “Buscamos entender melhor o potencial agrícola do solo do Brasil e suas limitações, fazendo uma análise não indicativa de uso, mas interpretativa do solo e do relevo”.

A publicação interpretou o potencial natural dos solos para a agricultura, a partir do mapeamento do IBGE, levando em consideração os recursos naturais, o solo e o relevo. O instituto destaca que os mais de 500 tipos de solos do Brasil foram classificados segundo características como textura, pedregosidade, rochosidade e erodibilidade, para definir se a terra tem potencialidade ou restrições ao desenvolvimento agrícola.

Os locais com potencialidade moderada são as que têm relevos ligeiramente acidentados e que exigem adequações para a agricultura, mas que são relativamente fáceis de serem corrigidos. As áreas com restrições significativas têm relevos mais acidentados, com problemas de fertilidade e restrições de profundidade, o que pediria ações mais complexas de manejo agrícola e uma agricultura especializada adaptada.

Já a classificação de áreas com restrições muito fortes ao uso agrícola indica locais com declividade muito acentuada, a presença de sais indesejáveis ou restrições importantes de profundidade, o que exigiria ações muito significativas e intensivas para tornar a terra adequada ao plantio.

Pontoni explica que também foram classificadas assim as áreas de preservação ou conservação em função da fragilidade do ambiente. “São locais onde a agricultura pode levar à degradação”, afirma.

Edição: Lílian Beraldo – Agência Brasil

Um arranjo economicamente explosivo e insustentável: governo inchado e democracia

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Foto: Andrea De Santis/Unsplash

Ao escrever seu tratado Socialism, em 1922, Ludwig von Mises expressou apoio à democracia, mas recorrendo a uma visão muito limitada. Especificamente, ele sugeriu que o único propósito da democracia é “conseguir a paz e evitar revoluções violentas”.

Ou seja, a democracia seria meramente um meio para se alcançar um fim, e seu valor está em fornecer uma maneira de retirar determinadas pessoas do aparato estatal sem a necessidade de recorrer a instrumentos militares: “A essência da democracia é … que legisladores e governantes … possam ser pacificamente substituídos caso ocorra algum conflito”.

Mises era ele próprio um democrata resignado, no sentido de que, como muitos outros liberais de seu tempo, ele via algum valor no uso de instituições democráticas, as quais poderiam fornecer um meio para se abordar conflitos políticos que poderiam afetar a vida econômica de uma sociedade.  

Para Mises, a prevenção de situações como guerras, distúrbios, revoluções e outras insurgências violentas eram essenciais para fazer com que o mercado — isto é, a livre interação entre pessoas que empreendem, investem, produzem e consomem, praticando trocas voluntárias — continuasse funcionando normalmente:

O liberalismo, ao reconhecer que a realização dos objetivos econômicos do homem pressupõe a paz, e buscando, portanto, eliminar todas as causas de conflitos na política doméstica ou externa, deseja a democracia.

Mises, no entanto, não era um crente ingênuo na democracia. Em nenhum trecho de toda a sua obra ele assume que a democracia é uma condição suficiente para a paz, ou que a democracia pode superar os problemas criados em um sistema político por uma ideologia danosa.

Com efeito, Mises sempre se mostrou ciente do papel central da ideologia em determinar quão laissez-faire (ou não) um estado pode ser. Mises entendia perfeitamente que, se uma parcela considerável da população quiser um estado totalitário, então nenhuma quantidade de democracia — ou ausência dela — irá impedir isso.

Afinal, escreveu Mises, “a democracia tenta … garantir [que haja] um acordo entre a vontade do estado — expressa por meio dos órgãos do estado — e a vontade da maioria”.

Mas o que ocorrerá se a vontade da maioria estiver mais propensa ao czarismo, por exemplo? “Bem”, responderia Mises, “então czarismo é provavelmente o que as pessoas teriam”:

O conservador russo está indubitavelmente certo quando observa que o czarismo russo e a polícia do czar eram aprovados pela grande massa do povo russo, de modo que até mesmo uma forma de estado democrático não poderia ter dado à Rússia um sistema de governo diferente.

Mises entendia que, para manter um sistema político de laissez-faire econômico — seja democrático ou autocrático —, uma parcela considerável da população deveria realmente querer um sistema laissez-faire, ou pelo menos algo semelhante a ele. Sem isso, nada feito.

Uma maneira fácil de convencer os eleitores a abandonar o laissez-faire

Porém, mesmo se uma população possui inclinações pró-laissez faire, há maneiras de os estados enfraquecerem essas crenças e se aproveitarem de vícios humanos, como a ganância, a preguiça e o medo, para aumentar o tamanho e poder do estado.

Em seu livro Burocracia, de 1944, Mises descreveu o problema que surge quando uma fatia considerável da população recebe seu sustento do estado:

O funcionário público não é apenas um empregado do governo. Ele é, em um arranjo democrático, um eleitor e, ao mesmo tempo — por fazer parte da estrutura governamental —, o seu próprio empregador.

Ele se encontra em uma posição peculiar: ele é, concomitantemente, empregador e empregado. E o seu interesse pecuniário como empregado tenderá a suplantar sua função como empregador, já que ele recebe dos fundos públicos muito mais do que contribui.

Essa relação ambígua se torna ainda mais crítica à medida que o número de pessoas na folha de pagamento do governo aumenta. O funcionário público, na condição de eleitor, tenderá a apoiar políticos que prometam aumentos ao funcionalismo em detrimento daqueles que defendem um orçamento equilibrado. Na condição de eleitor, o burocrata está mais ansioso com seus próprios aumentos salariais do que com um orçamento equilibrado e austero. A principal preocupação do burocrata será a de inflar o valor da folha de pagamento.

E esse problema não se restringe aos funcionários públicos. Mises escreveu (as observações entre colchetes são minhas):

Nos anos que imediatamente antecederam a queda de seus regimes democráticos, a estrutura política da Alemanha e da França foi majoritariamente influenciada pelo fato de que, para uma fatia considerável do eleitorado, o estado era a sua fonte de renda. 

Não apenas havia toda uma horda de funcionários públicos e de pessoas empregadas nos setores da economia que haviam sido estatizados (ferrovias, correios, telégrafos e telefônicas), como também havia os desempregados que recebiam seguro-desemprego e outras pessoas que recebiam benefícios sociais. Para completar, havia agricultores e grupos empresariais que, direta ou indiretamente, recebiam subsídios do governo.

Nenhum arranjo democrático pode existir se uma grande parcela dos eleitores está na folha de pagamento do governo [funcionários públicos e pessoas que recebem políticas assistenciais] ou recebe privilégios do governo [empresários beneficiados por subsídios ou protegidos por tarifas de importação e reservas de mercado garantidas pelo governo].

Se os políticos passam a agir não como empregados dos pagadores de impostos, mas sim como porta-vozes daqueles que recebem salários, subsídios e assistencialismos pagos com o dinheiro de impostos, então o arranjo democrático acabou.

Este é um dos paradoxos inerentes ao arranjo democrático. À medida que as pessoas que trabalham, produzem e pagam impostos forem se convencendo de que a atual tendência de mais interferência estatal, mais cargos públicos, mais ministérios, mais secretarias, mais repartições, mais funcionários públicos, mais subsídios e mais assistencialismo é inevitável, toda a noção de que o governo é feito por todos e para todos irá se esfacelar. 

A ideia que irá prevalecer é a de que o governo existe para o benefício de alguns e para a espoliação de outros.

Obviamente, em tal situação, nenhum político eleito que deseja ser reeleito irá se opor a uma expansão nos programas assistencialistas, a aumentos ao funcionalismo público, a mais gastos com programas de saúde, com subsídios e com outros tipos de gastos.

Dentro de um sistema político assim, qualquer apoio latente que possa haver ao laissez-faire será gradualmente preterido pela percepção de que votar em troca de mais benefícios governamentais é — aparentemente — muito mais lucrativo do que votar pelo laissez-faire.

O sufrágio limitado proposto por John Stuart Mill

Mises não foi o primeiro democrata a reconhecer o problema de se expandir o voto para aqueles que recebem mais do estado do que pagam a ele.

John Stuart Mill, que sempre foi considerado um democrata radical devido ao seu apoio ao sufrágio quase universal (incluindo mulheres), ainda assim se opunha ao sufrágio para aqueles que recebiam privilégios do governo. Em seu livro de 1861, Considerations on Representative Government (Considerações Sobre o Governo Representativo), Mill escreveu:

Considero fundamental que o recebimento de assistência [Mill se referia ao sistema de auxílio aos pobres implantado pelo governo da Inglaterra. As Poor Lawsforam precursoras do estado de bem-estar social] deve implicar uma desqualificação peremptória para o direito ao voto.

Aquele que não pode se sustentar por seu próprio trabalho não deve ter o privilégio de ajudar a si mesmo com o dinheiro dos outros.

Ao tornar-se dependente dos demais membros da comunidade para sua subsistência, ele abdica da sua pretensão de ter direitos iguais aos deles em outros aspectos, como o direito ao voto. Aqueles a quem ele deve a continuidade de sua própria existência podem legitimamente reivindicar serem os detentores exclusivos dessas preocupações comuns, para as quais ele nada contribui — ou contribui com menos do que leva..

Como condição para o direito ao voto, um prazo deve ser fixado — digamos, cinco anos anteriores ao registro —, durante o qual o nome do requerente não tenha constado nas listas de beneficiários de assistência.

Mill tentou resolver esse problema defendendo que todos os eleitores fossem formados exclusivamente por pagadores líquidos de impostos — ou seja, só pode ser eleitor quem paga mais impostos do que recebe em subsídios:

É também importante que o legislativo que vota os tributos, nacionais ou locais, seja eleito exclusivamente por aqueles que pagam ou pagarão o tributo criado. Aqueles que não pagam impostos, e que por meio de seus votos têm acesso ao dinheiro das outras pessoas, têm todos os motivos para ser generosos consigo mesmos, esbanjadores e economicamente irracionais.

Qualquer poder de voto possuído por aqueles que não pagam impostos é uma violação do princípio fundamental de um governo livre; uma abolição de toda e qualquer capacidade de controle sobre o tamanho do governo.

Equivale a permitir que essas pessoas coloquem suas mãos nos bolsos das outras pessoas para qualquer fim que elas julgarem adequado rotular de “interesse público”…

A representação deveria se dar de acordo com a tributação. Isso é o que está de acordo com a teoria das instituições britânicas.

À exceção disso, Mill não queria nenhuma restrição permanente ao direito de votar, e desejava que qualquer um excluído do sufrágio em decorrência de eventuais dificuldades econômicas vigentes pudesse votar futuramente. Ou seja, quaisquer limitações ao sufrágio deveriam ser abolidas, de modo a “deixar o sufrágio acessível a todos os que estão na condição normal de um ser humano”.

A democracia gera crenças perigosas

O fator-chave por trás disso é a ideologia.

Uma população que vê como ilegítimo o crescimento generalizado dos empregos públicos, dos salários e benefícios dos funcionários públicos, dos subsídios a empresários amigos do regime e de programas assistenciais não irá tolerar tal situação.

A esse respeito, se o propósito da democracia é — como Mises afirmou — criar harmonia entre a vontade do estado e a vontade da população, então as sociais-democracias ocidentais estão funcionando exatamente como projetado e como esperado.

Ao contrário do que alguns libertários parecem acreditar, os indivíduos das democracias ocidentais, em sua maioria, não são libertários “que ainda não se deram conta disso“. Com efeito, a grande maioria das populações das democracias ocidentais está ideologicamente muito tranquila e conformada em ter estados intervencionistas agigantados, os quais empregam um grande número de pessoas e gastam imensas quantidades de dinheiro de impostos com benefícios sociais, programas e empreendimentos estatais, subsídios a empresas privadas, criação de mais cargos públicos e aumentos para o funcionalismo.

Seus padrões de voto e suas preferências declaradas e demonstradas por meio de seus votos deixam isso claro. Como esperado, os estados democráticos refletem as ideologias de seus cidadãos.

Sem uma mudança nessa realidade ideológica, nenhuma mudança significativa deve ser esperada.

Entretanto, estender o direito ao voto para aqueles que recebem mais subsídios do estado do que pagam em impostos irá acelerar o processo de empobrecimento e de instabilidade econômica.

A primeira medida para reverter esse problema ideológico está em adotar o laissez-faire como ideologia política dominante. Isso demanda um intenso debate de idéias e mudanças profundas na mentalidade da população, um processo longo e trabalhoso. O segundo passo é retornar à visão de Mises de que a democracia é meramente um mecanismo empregado para se alcançar determinados fins.

A democracia não é, de acordo com Mises, uma extensão dos direitos naturais, ou a representação da soberania pessoal, ou a manifestação de uma mística ‘vontade pública’. Além disso, argumentou Mises, essas idéias levam a crenças perigosas, como a de que a democracia concede ao estado poderes ilimitados, ou a de que não há diferença entre a vontade do estado e a vontade do povo.

Tão logo essas noções preocupantes de democracia passam a ser aceitas, a encrenca se torna praticamente irreversível. Mises conclui:

Graves estragos foram infligidos ao conceito de democracia por aqueles que, exagerando a noção de soberania, concebeu a democracia como uma expressão ilimitada da vontade geral. Não há realmente nenhuma diferença essencial entre o poder ilimitado do estado democrático e o poder ilimitado da autocrata.

A ideia, defendida por demagogos e seus apoiadores, de que o estado pode fazer tudo o que desejar e nada deve se opor à vontade do povo soberano, tem gerado consequências mais nefastas até mesmo, talvez, do que a sede de poder de principezinhos degenerados.


Ryan McMaken é editor do Mises Institute americano.

Fonte: Mises Brasil