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Setor de franquias cresce 12,6% com faturamento de R$ 211,4 bi em 2022

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Foto: Gerry Roarty/Unsplash

O Brasil fechou o último trimestre de 2022 com um total de 63.800 franquias. O número é 12,6% superior ao registrado no mesmo período de 2021 (56.663), de acordo com dados divulgados hoje (9), pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).

A organização destacou, ainda, que o setor recuperou o nível que mantinha antes da pandemia de Covid-19, em termos de faturamento. Em 2019, quando a crise sanitária ainda não havia eclodido, o segmento faturou R$ 186,7 bilhões. No ano passado, a receita foi de R$ 211,4 bilhões, 14,3% acima do valor atingido em 2021, de R$ 185 bilhões.

Pelos cálculos da associação, cada unidade de franquia gera, em média, nove empregos diretos. O setor gerou 1.589.276 postos de trabalho em 2022, um aumento de 12,6%, na comparação com 2021 (1.411.319 vagas).

Mesmo em relação a 2019, houve um salto, de 17%. Naquele ano, as franquias responderam por 1.358.139 vagas de emprego formal.

Para o professor de economia Mauro Sayar, a expansão das franquias durante a pandemia tem ligação com a busca dos brasileiros por soluções, ao se deparar com a queda na renda e o desemprego.

“Um tanto desse crescimento do franchising em unidades talvez esteja relacionado, primeiro, a essa perspectiva de tentar buscar alternativas em um contexto tão adverso. E segundo, a repensar a própria carreira, a própria dinâmica”, afirmou o docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para este ano, a expectativa é de que o faturamento cresça entre 9,5% e 12%. Quanto à empregabilidade do setor, espera-se também um crescimento de 10%, mesmo patamar estimado para as operações.

Edição: Maria Claudia – Agência Brasil

Petróleo e gás natural batem recordes de produção em 2022

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Foto: Grant Durr/Unsplash

A produção anual média de petróleo e de gás natural bateu recorde no ano passado. A de petróleo ficou em 3,021 milhões de barris por dia (bbl/d), valor 2,47% acima do recorde registrado em 2020, quando atingiu 2,948 milhões de bbl/d. A produção de gás natural atingiu média anual de 138 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia) em 2022, superando em 2,98% a marca de 134 milhões de m³/dia, observada no ano de 2021.

As informações constam do boletim mensal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Em dezembro de 2022, a produção total foi de 3,955 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), sendo 3,074 milhões bbl/d de petróleo e 140,14 milhões m³/d de gás natural. No petróleo, houve queda de 0,7% na comparação com o mês anterior. Na comparação com dezembro de 2021, houve aumento de 8,3%.

No gás natural, a produção caiu 0,2% em relação a novembro e subiu 6% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Pré-sal

A produção no pré-sal em dezembro foi de 2,986 milhões de boe/d e correspondeu a 75,5% da produção brasileira. Foram produzidos 2,347 milhões de bbl/d de petróleo e 101,56 milhões de m³/d de gás natural por meio de 135 poços. Houve aumento de 0,7% em relação ao mês anterior e de 10,2% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

No mês de dezembro, o aproveitamento do gás natural foi de 97,4%. Foram disponibilizados ao mercado 52,96 milhões de m³/d, e a queima foi de 3,71 milhões de m3/d. Houve aumento na queima de 1,5% em relação ao mês anterior e de 11,4% na comparação com dezembro de 2021.

Produção   

Os campos marítimos produziram, em dezembro do ano passado, 97,6% do petróleo e 84,3% do gás natural. Os campos operados pela Petrobras, sozinha ou em consórcio com outras empresas, foram responsáveis por 91,15% do total produzido. A produção ocorreu em 5.955 poços, sendo 499 marítimos e 5456 terrestres. 

 O campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, foi o maior produtor de petróleo e gás, em dezembro, registrando 837,92 mil bbl/d de petróleo e 39,11 milhões de m³/d de gás natural.  

O Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural pode ser acessado aqui.

Edição: Nádia Franco – Agência Brasil

O milagre do mercado e a fé dos empreendedores

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Foto: Marco ten Hoff/Unsplash

Ludwig von Mises não gostava de referências ao “milagre” do mercado ou à “mágica” da produção ou a quaisquer outros termos que sugerissem que os sistemas econômicos dependem de que algum tipo de força que está além da compreensão humana.

Em sua visão, seria mais apropriado se entendêssemos racionalmente o porquê de os mercados serem responsáveis por estarrecedores níveis de produtividade, capazes de sustentar aumentos exponenciais da população e padrões de vida cada vez maiores.

Não houve milagre nenhum na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, ele costumava dizer.  A gloriosa recuperação foi resultado da lógica econômica. O então ministro Ludwig Erhard simplesmente aboliu todos os controles que existiam sobre a economia e passou a permitir que esta operasse segundo as forças de mercado. 

Uma vez entendidas as relações entre direitos de propriedade, moeda estável, preços de mercado, estrutura da produção e divisão do trabalho, acaba-se todo o mistério; e então podemos observar a ciência da ação humana tornando possível a ocorrência de grandes feitos.

Mises estava certo ao dizer que o entendimento da ciência econômica não requer fé. Entretanto, há várias ações efetuadas por indivíduos empreendedores que exigem fé (e Mises não discordaria disso) — uma fé enorme, capaz de mover montanhas e erguer civilizações. 

Se aceitarmos a interessante descrição feita por São Paulo Apóstolo (“a evidência das coisas que não são vistas”), podemos entender o empreendedorismo e os investimentos capitalistas como atos de fé.

Todos aqueles que estão no mundo empreendedorial entendem isso. Para conseguir se manter ativo, o empreendedor tem de praticar milhares de atos diários que envolvem a capacidade de prever um futuro incerto. A realidade do mercado, porém, é cruel; o público consumidor pode levar seu empreendimento à bancarrota amanhã — basta que eles não mais apareçam para consumir seus bens e serviços.

Isso é válido tanto para as microempresas como para a maior das corporações. Não há certeza alguma em qualquer empreendimento. Nada é garantido. Cada empresa em uma economia de mercado está a apenas um pequeno passo da falência. Nenhuma empresa possui o poder de obrigar as pessoas a comprar aquilo que elas não querem. Todo e qualquer sucesso é potencialmente efêmero.

É verdade que o sucesso gera um lucro; porém, de modo algum o sucesso fornece um conforto. Cada fatia de lucro que o empreendedor eventualmente tire para desfrute próprio estará saindo daquilo que, de outra forma, poderia ser um investimento voltado para o desenvolvimento do seu negócio. Se o lucro virar consumo pessoal do empreendedor, seu empreendimento estará condenado.

E mesmo esse potencial investimento voltado para o desenvolvimento do seu negócio não irá garantidamente gerar algum retorno. O sucesso estrondoso de hoje pode ser o fiasco de amanhã. Aquilo que parecia ser um investimento sólido pode acabar se revelando apenas uma mania de curto prazo. Aquilo que, baseando-se no histórico de vendas, parece ser algo extremamente popular entre as massas, pode, na verdade, ser um segmento de mercado já quase saturado.

Os imperadores podem descansar sobre os louros da glória; os empreendedores capitalistas, nunca.

O histórico de vendas e de receitas é uma estatística que fornece apenas um olhar para o passado, e nada mais do que isso. O futuro nunca é visto com claridade; ele é visto somente através de um espelho que mostra o passado, e de forma confusa. O desempenho do passado não é uma garantia de sucesso futuro; é simplesmente uma coleção de dados que nada pode nos dizer sobre o futuro. 

Se o futuro por acaso for igual ao passado, ainda assim as probabilidades não mudam — da mesma forma que a probabilidade de uma moeda lançada dar coroa não aumenta só porque seus últimos cinco lançamentos também deram coroa.

Não obstante a completa ausência de um roteiro, o empreendedor-investidor tem de agir como se algum futuro já estivesse mapeado. Ele tem de contratar empregados e tem de pagar a eles antes mesmo de os bens produzidos serem levados ao mercado, e bem antes de esses produtos serem vendidos e gerarem o primeiro lucro. Equipamentos têm de ser comprados, aprimorados, modernizados, trabalhados e substituídos, o que significa que o empreendedor tem de pensar sobre os custos de hoje, de amanhã, de depois de amanhã, e assim para todo o sempre.

E os custos podem ser estonteantes. Um varejista tem de considerar um incrível arranjo de opções envolvendo fornecedores e sistemas de comunicação, e se decidir entre todos eles. É necessário pensar em uma maneira de avisar o mundo sobre sua existência. 

E, não obstante um século de tentativas de se empregar métodos científicos para descobrir o que de fato açula o consumidor, a publicidade continua sendo apenas uma arte cultural, e não uma ciência positiva. Mas trata-se também de uma arte que exige altos gastos. Será que o empreendedor está jogando dinheiro no ralo?  Será que sua mensagem está de fato sendo ouvida? Não há como saber de antemão.

E há outro grande problema: não há maneiras de se testar as causas do sucesso simplesmente porque não há como controlar perfeitamente todos os fatores e variáveis importantes. Algumas vezes nem mesmo os empreendimentos de maior sucesso sabem exatamente por que seus produtos vendem mais que os de seus concorrentes. Será o preço? A qualidade? O status? A geografia? A promoção? As associações psicológicas que as pessoas fazem com o produto? O quê, afinal? 

Ainda na década de 1980, por exemplo, a Coca Cola decidiu alterar sua fórmula, e passou a propagandeá-la como Nova Coca (New Coke). O resultado foi uma catástrofe. Os consumidores fugiram, ainda que os testes de sabor tenham comprovado que as pessoas preferiam o novo sabor ao antigo.

Se os dados históricos são tão difíceis de serem interpretados, pense no quão mais difícil é imaginar os possíveis resultados futuros. O empreendedor pode contratar contadores, agências de marketing, magos das finanças e programadores de ponta. Eles são técnicos competentes, mas de modo algum são especialistas em sobrepujar incertezas. Ninguém é. Uma analogia válida é a de um homem que está em uma sala totalmente escura e contrata pessoas para ajudá-lo a pôr um pé na frente do outro. Seus passos podem ser firmes e resolutos, porém nem ele e nem seus ajudantes sabem ao certo o que está na frente deles.

“O que diferencia um empreendedor de sucesso das outras pessoas”, escreveu Mises, “é precisamente o fato de que ele não se deixa guiar por aquilo que foi ou por aquilo que está sendo, mas, sim, porque ele organiza seus negócios com base em sua opinião sobre o futuro. Ele vê o passado e o presente da mesma forma que as outras pessoas; no entanto, ele julga o futuro de maneira diferente.”

É por essa razão que o hábito empreendedorial da mente não pode ser implantado por meio de treinamento ou educação. Trata-se de algo inerente a um indivíduo, algo que foi cultivado por ele. Não há comitês empreendedoriais, muito menos centrais de planejamento empreendedorial.

A incapacidade dos governos incorrerem no ato de fé empreendedorial é uma das várias razões por que o socialismo não tem como funcionar. Mesmo que um burocrata possa olhar para a história e alegar que sua agência poderia ter construído um carro, uma parede ou um microchip, esse mesmo burocrata ficaria perdido se tivesse de prever como seriam as inovações futuras. Seu único guia é a tecnologia: ele pode apenas especular sobre o que poderia funcionar melhor do que tudo o que está atualmente disponível. 

Mas essa não é a questão econômica: a real questão envolve saber qual é o melhor meio — considerando-se todos os usos alternativos que podem ser dados aos recursos disponíveis — de satisfazer os desejos mais urgentes dos consumidores, sabendo-se que há uma infinidade de possíveis desejos.

Isso é algo impossível de os governos fazerem. 

Há milhares de motivos para que um ato de empreendedorismo nunca seja praticado, e apenas um bom para que ele ocorra: esses indivíduos empreendedores, por terem uma capacidade superior de julgamento especulativo, estão dispostos a dar o salto de fé necessário para testar suas especulações contra todos os fatos de um futuro incerto. E, ainda assim, é esse salto de fé que impulsiona nossos padrões de vida e aprimora a vida de bilhões de pessoas. 

Estamos cercados pela fé.  As economias que crescem estão impregnadas e infundidas de fé.

Mises que me perdoe, mas isso é um milagre.


Lew Rockwell é o chairman e CEO do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State.

Fonte: Mises Brasil

CNI diz que indústria de transformação tem expansão

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Foto: Ümit Yıldırım/Unsplash

A indústria de transformação fechou o mês de dezembro de 2022 com alta no número de horas trabalhadas na produção, na massa salarial real e no rendimento médio do trabalhador, informou, em Brasília, a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os dados, que constam do boletim Indicadores Industriais, apontam para uma trajetória de crescimento que se consolidou ao longo de 2022.

O emprego registrou estabilidade pelo segundo mês consecutivo, reforçando a acomodação do ritmo de crescimento. Já o faturamento real e a utilização da capacidade instalada (UCI) recuaram, embora permaneçam em um patamar elevado.

Segundo o boletim, dos seis indicadores registrados, apenas a UCI teve queda ao longo do ano. Os outros cinco registraram crescimento na comparação anual.

Segundo a CNI, entre os principais fatores que contribuíram para esse avanço em 2022, estão a reorganização gradual das cadeias de suprimento, a desaceleração inflacionária e a recuperação do mercado de trabalho, associada à atividade econômica mais aquecida.

“O avanço acontece a despeito das taxas de juros crescentes, que seguem impedindo um avanço mais expressivo da atividade industrial”, conforme a CNI.

Em dezembro de 2022, o faturamento real da indústria de transformação recuou 0,4% em relação ao resultado de novembro, na série livre de efeitos sazonais. Apesar da variação negativa no mês, o faturamento permanece no segundo ponto mais alto desde 2015. Na comparação acumulada de janeiro a dezembro de 2022 frente ao mesmo período de 2021, o faturamento anota alta de 2,8%.

Horas trabalhadas crescem

Já o número de horas trabalhadas na produção cresceu 0,6% em dezembro de 2022, na comparação com novembro, também na série livre de efeitos sazonais. Na comparação anual, houve crescimento de 2,7% das horas trabalhadas em 2022.

No último mês de 2022, o emprego industrial permaneceu estável pelo segundo mês consecutivo, apresentando uma variação de 0,1% na comparação com novembro. Com o resultado do mês, o emprego encerra 2022 com alta de 1,5% no acumulado de janeiro a dezembro de 2022, frente ao mesmo período de 2021.

Outro indicador, relativo à massa salarial real da indústria de transformação, também cresceu pelo segundo mês consecutivo, com alta de 0,3% na comparação com novembro, na série livre de efeitos sazonais.

“Ao longo de 2022, foram nove altas em 12 meses, o que confere uma trajetória crescente à massa salarial. No acumulado de janeiro a dezembro, o crescimento foi de 3,7%”, explicou a CNI.

Rendimento em alta

O rendimento médio real do trabalhador da indústria apresentou, ao longo do ano de 2022, sete altas em 12 meses, fechando, no acumulado de janeiro a dezembro, com um avanço é de 2,1%. Em dezembro de 2022, o indicador avançou 0,8% em dezembro de 2022, na comparação com novembro, na série livre de efeitos sazonais.

Já a utilização da capacidade instalada recuou 0,6 ponto percentual (pp) em dezembro de 2022 na comparação com novembro.

“Ao longo de 2022, a série apresenta uma tendência de queda gradual, mas, ainda assim, permanece acima do patamar praticado entre 2016 e 2019. Na comparação com dezembro de 2021, o indicador mostra recuo de 2,1 pp”, anunciou a CNI.

Edição: Kleber Sampaio – Agência Brasil

Balança comercial tem maior superávit para janeiro desde 2006

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Foto: ChutterSnap/Unsplash

O bom desempenho da safra de milho e as exportações de petróleo fizeram a balança comercial iniciar 2023 com o maior superávit para meses de janeiro em 17 anos. No mês passado, o país exportou US$ 2,716 bilhões a mais do que importou. Em janeiro do ano passado, a balança tinha registrado déficit de US$ 58,7 milhões. Este é o melhor resultado para o mês desde 2006.

No mês passado, o Brasil vendeu US$ 23,137 bilhões para o exterior e comprou US$ 20,420 bilhões. As exportações subiram 11,7% em relação a janeiro do ano passado, pelo critério da média diária, e bateram recorde para o mês desde o início da série histórica, em 1989. As importações caíram 1,7% pelo critério da média diária, mas subiram 2,3% no valor absoluto, por causa do maior número de dias úteis em janeiro deste ano, e também bateram recorde.

No caso das exportações, o recorde deve-se mais ao aumento do volume comercializado do que aos preços internacionais das mercadorias. No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu em média 9,5% na comparação com janeiro do ano passado, enquanto os preços médios aumentaram 5,6%.

A valorização dos preços das mercadorias vendidas para o exterior poderia ser maior não fosse a queda do minério de ferro, cuja cotação caiu 7,2% na mesma comparação, e por produtos industrializados de ferro, como ferro-gusa, ferro-esponja e ligas de ferro, cujo preço recuou 11,8%, ainda sob reflexo da desaceleração da economia chinesa.

Nas importações, a quantidade comprada caiu 1,6%, refletindo a desaceleração da economia, mas os preços médios aumentaram 5%. A alta dos preços foi puxada principalmente por petróleo e medicamentos, itens que ficaram mais caros após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Os preços dos fertilizantes químicos, que subiram fortemente no ano passado, caíram 7,1% entre janeiro de 2022 e de 2023.

Setores

No setor agropecuário, a valorização das commodities (bens primários com cotação internacional) pesou mais nas exportações. O preço médio avançou 12,4% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2022, enquanto o volume de mercadorias embarcadas subiu 2,2%. Na indústria de transformação, o volume exportado subiu 5,1%, com o preço médio aumentando 6,9%.

Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 31,8%, mas os preços médios recuaram 3,1% em relação a janeiro do ano passado.

O petróleo bruto voltou a puxar o aumento das exportações, com o volume exportado subindo 49,8% e os preços caindo 2,8%. Isso ocorreu por causa da retomada da produção da Petrobras. Após um ano de altas contínuas, os preços do petróleo começam a desacelerar porque os efeitos da guerra na Ucrânia e da recuperação econômica após a fase mais aguda da pandemia de covid-19 já foram incorporados às cotações.

Na comparação entre janeiro do ano passado e janeiro deste ano, os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram milho não moído, exceto milho doce (+163%) e sementes oleaginosas de girassol, gergelim, canola, algodão e outras (+732,3%). O destaque negativo foram soja (-61,1%) e algodão bruto (-41,5%).

Na indústria extrativa, os maiores crescimentos foram registrados nas exportações de outros minerais em bruto (+151,1%), minérios de cobre e seus concentrados (+129,5%) e óleos brutos de petróleo (+45,6%). Na indústria de transformação, as maiores altas ocorreram nas aeronaves, incluindo componentes (+364,4%), açúcares e melaços (+67,5%) e carnes de aves (+35,8%).

Quanto às importações, as maiores quedas foram registradas no milho não moído, exceto milho doce (-20,8%), soja (-34,8%) e látex (-31,4%) na agropecuária; minérios de níquel e seus concentrados (-55,7%), carvão (-34,5%) e gás natural, na indústria extrativa; e combustíveis (-12,4%), equipamentos de telecomunicações (-15,7%) e válvulas e tubos termiônicos (-12,3%), na Indústria de transformação.

Estimativa

Diferentemente do habitual, a Secretaria de Comércio Exterior não divulgou uma estimativa para o saldo da balança comercial neste ano. Tradicionalmente, as projeções são divulgadas no primeiro mês de cada trimestre. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 57,6 bilhões neste ano.

Edição: Nádia Franco – Agência Brasil

Setor público registra superávit primário de R$ 126 bilhões em 2022

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Foto: Envato Elements

As contas do setor público consolidado, formado por governo federal, estados, municípios e empresas estatais, registraram superavit primário de R$ 126 bilhões em 2022. As informações, divulgadas hoje (30) pelo Banco Central (BC), mostram que, em dezembro, o setor público consolidado teve déficit primário de R$11,8 bilhões, ante superavit de R$123 milhões em dezembro de 2021.

No mês, o Governo Central e as empresas estatais foram superavitários em R$ 6,2 bilhões e R$ 637 milhões, respectivamente, enquanto os governos regionais tiveram déficit de R$18,6 bilhões.

O resultado primário é formado pelas receitas menos as despesas, sem considerar o pagamento de juros da dívida pública. Assim, quando as receitas superam as despesas, há superavit primário.

Segundo o relatório de Estatísticas Fiscais do BC, em 2022, os juros nominais do setor público consolidado, apropriados pelo critério de competência, alcançaram R$ 586,4 bilhões, o que representa 5,96% do Produto Interno Bruto (PIB), ante R$ 448,4 bilhões (5,04% do PIB) em 2021. Em dezembro, os juros nominais ficaram em R$ 59 bilhões, comparativamente a R$ 54,4 bilhões em dezembro de 2021.

O resultado nominal do setor público consolidado, formado pelo resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 460,4 bilhões (4,68% do PIB) em 2022, ante R$ 383,7 bilhões (4,31% do PIB) em 2021. Em dezembro, o déficit nominal atingiu R$ 70,8 bilhões, comparativamente a R$ 54,2 bilhões em dezembro do ano anterior.

Edição: Nádia Franco – Agência Brasil

Vendas do Tesouro Direto atingem R$ 42,417 bilhões em 2022

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Imagem: Tesouro Direto/Reprodução

As vendas de títulos públicos do Tesouro Direto a pessoas físicas, pela internet, somaram R$ 42,417 bilhões em 2022, enquanto dos resgates totalizaram R$ 25,989 bilhões. Com isso, as emissões líquidas foram de R$ 16,428 bilhões no ano passado. Os dados foram divulgados com os resultados do último mês de 2022, pelo Tesouro Nacional.

Em dezembro do ano passado, as vendas superaram os resgates em R$ 1,085 bilhão. No mês, as vendas de títulos atingiram R$ 3,463 bilhões, e os resgates, R$ 2,377 bilhões, todos relativos a recompras de títulos. Não houve resgates por vencimento, quando o prazo do título acaba e o governo precisa reembolsar o investidor com juros.

Os títulos mais procurados pelos investidores em dezembro foram aqueles corrigidos pela taxa básica de juros, a Selic, que corresponderam a 61,5% do total. Os títulos vinculados à inflação tiveram participação de 27,4% nas vendas, e os prefixados, com juros definidos no momento da emissão, de 11,1%.

De março de 2021 até agosto de 2022, o Banco Central (BC) elevou a Selic. A taxa, que estava em 2% ao ano, no menor nível da história, saltou para 13,75% ao ano de lá para cá. Os juros altos continuam atraindo o interesse por papéis vinculados aos juros básicos.

O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 105,10 bilhões no fim de dezembro, com aumento de 2,1% em relação ao mês anterior (R$ 102,98 bilhões) e de 32,7% em relação a dezembro do ano passado (R$ 79,20 bilhões).

Investidores

Quanto ao número de investidores, 434.314 novos participantes cadastraram-se no programa no mês passado. O número de investidores atingiu 22.483.236, alta de 37,9% nos últimos 12 meses. O total de investidores ativos (com operações em aberto) chegou a 2.129.196, aumento de 17,4% em 12 meses. No mês de dezembro, o acréscimo foi de 19.626 novos investidores ativos.

A procura do Tesouro Direto por pequenos investidores pode ser observada pelo considerável número de vendas até R$ 5 mil, que correspondeu a 82,7% do total de 582.388 operações de vendas ocorridas em dezembro de 2022. Só as aplicações de até R$ 1 mil representaram 58,7%. O valor médio por operação foi de R$ 5.946,68.

Os investidores estão preferindo papéis de curto e médio prazos. As vendas de títulos com prazo de 1 a 5 anos representaram 80,5% e aquelas com prazo de 5 a 10 anos, 5,1% do total. Os papéis de mais de 10 anos de prazo chegaram a 14,4% das vendas em dezembro.

balanço completo do Tesouro Direto está disponível na página do Tesouro Nacional na internet.

Fonte de recursos

O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar a aplicação e permitir que pessoas físicas adquirissem títulos públicos diretamente do Tesouro Nacional, pela internet, sem intermediação de agentes financeiros. O aplicador só precisa pagar uma taxa para a corretora responsável pela custódia dos títulos, que é a B3, a bolsa de valores brasileira.

Mais informações podem ser obtidas no site do Tesouro Direto.

A venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos. Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver o valor com um adicional que pode variar de acordo com a Selic, os índices de inflação, o câmbio ou uma taxa definida antecipadamente no caso dos papéis prefixados.

Edição: Nádia Franco – Agência Brasil

MPEs foram responsáveis por 93,5% dos empregos em novembro de 2022

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Foto: Rendy Novantino/Unsplash

Estudo realizado pelo Sebrae a partir de dados disponibilizados pelo novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) aponta que as micro e pequenas empresas (MPE) foram responsáveis, em novembro de 2022, por 93,5% dos empregos formais gerados no país. Segundo o levantamento, foram criados 135 mil postos de trabalho no mesmo período. Desse universo, 126 mil vagas estavam entre os pequenos negócios, o que corresponde a 93,5% das novas vagas.

O estudo mostra que, mesmo com a geração de empregos, o mês de novembro representou o segundo menor saldo de geração de trabalho de todo o ano. “Os 135 mil empregos criados na economia superaram apenas os 97 mil gerados no mês de março e representaram apenas 58% da média de geração de vagas de 2022, que era de 233 mil até outubro”, segundo o Sebrae.

O destaque ficou para o setor de comércio das Micro e Pequenas Empresas que foi o grande gerador de empregos, com 84 mil postos criados. O saldo se deve, principalmente, em razão das festas de final de ano. Já o setor de Serviços, principal responsável pela geração de emprego ao longo do ano, ficou em segundo lugar com 53 mil vagas de trabalho.

“Apesar desses bons resultados nesses dois setores, tanto as MPE quanto as Médias e Grandes Empresas (MGE) apresentaram mais desligamentos do que admissões em quatro setores de atividade: indústria de transformação, agropecuária e construção civil”, de acordo com o estudo do Sebrae.

Ainda de acordo com a entidade, no acumulado de todo o ano passado, as MPE geraram quase 1,8 milhão de novos postos de trabalho. O número representa cerca de 73% do total de empregos gerados no país, que ficou na marca dos 2,5 milhões. A participação das médias e grandes na geração de empregos ficou em 21,5%, com quase 530 mil contratações.

Edição: Valéria Aguiar – Agência Brasil

Por que o mito da “exploração dos trabalhadores” é frequentemente resgatado pelos “defensores dos mais pobres”.

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O presidente Lula (PT) defendeu que haja uma “contrapartida” social na relação de trabalho entre empresários e trabalhadores no país. Segundo o presidente, os empresários só “ganham dinheiro porque os trabalhadores dele trabalharam”. As declarações foram feitas em entrevista para a GloboNews na quarta-feira (18). Para Lula, a responsabilidade social e a responsabilidade fiscal são antagônicas por causa da ganância dos mais ricos.

Pensamentos retrógrados como estes do atual presidente ainda são bastante dominantes e continuam a reforçar a ideia de que patrões estão, de alguma forma, explorando os empregados que trabalham para eles quando sua empresa aufere um lucro.

Curiosamente, logo de início já se ignora o fato de que o patrão está claramente fazendo mais pelas finanças dos empregados do que todas as outras pessoas que criticam o arranjo mas que não estão dando emprego a ninguém — postura essa muito comum entre aqueles “guerreiros sociais da internet”, que afirmam que dar emprego a alguém significa explorá-lo.

É verdade que trabalhadores recebem como salário menos que o valor total daquilo que eles produzem, mas é assim porque aquilo que eles produzem foi:

a) feito com recursos que tiveram de ser comprados pelos patrões capitalistas,

b) em uma fábrica, indústria ou local de trabalho que teve um custo para ser construído e que requer várias despesas para ser operado;

c) e com o capitalista sendo também responsável por bancar os custos de anunciar, propagandear e comercializar o produto fabricado, com o intuito de conectar o produto aos consumidores potenciais.

E, no final,

d) se o produto não vender, todos aqueles que trabalharam em sua fabricação já foram pagos, exceto o capitalista, que arca com os prejuízos.

Em termos práticos, houve uma volumosa quantia de dinheiro investido naquela fábrica ou local de trabalho, dinheiro este que não será recuperado tão cedo. Todos os gastos investidos na construção do local de trabalho, na compra de bens de capital, e na contratação de mão-de-obra ainda não foram recuperados pelo capitalista.

Uma empresa que investe, suponhamos, $10 bilhões — na construção da fábrica, comprando maquinários e pagando os salários dos trabalhadores — com o intuito de recuperar, na forma de fluxo de caixa anual, aproximadamente $1 bilhão (10% de retorno), terá de esperar 10 anos apenas para recuperar todo o capital adiantado (fora a inflação do período).

Neste caso, o capitalista  se endividou em $10 bilhões (ou, caso seja capital próprio, ele abriu mão deste valor e seu equivalente em bens de consumo que ele poderia ter adquirido no presente) para receber, anualmente, uma receita de $1 bilhão.

Ele age assim porque acredita que será capaz de atender aos desejos e necessidades das pessoas (consumidores) de uma maneira melhor do que elas estão sendo atendidas no presente. Tal atitude requer uma habilidade e uma competência que, por si sós, representam uma contribuição trabalhista acima daquela dos empregados. Estas características são exclusivas de um empreendedor.

Se sua visão estiver correta, ele auferirá lucros futuros. Se estiver errado, ele irá arcar com prejuízos.

Vale ressaltar que, ao agir assim, ou seja, se endividando ou colocando seu próprio capital em risco, ele está incorrendo em um risco que pode ser considerado desnecessário. Afinal, não fosse a busca pelo lucro, o rico capitalista poderia simplesmente comprar uma casa maior ou sair em um cruzeiro. No entanto, o capitalista assume um risco agora, e abre mão do consumo presente, na esperança de que irá obter um benefício no futuro. Isso é uma parte da sua remuneração.  

Outra parte da sua remuneração é o tempo entre o investimento feito e as receitas trazidas por esse investimento. Tudo o mais constante, se tivermos de escolher entre ter recursos agora, no presente imediato, ou apenas a hipótese de ter esses mesmos recursos apenas no futuro, é claro que ficamos com a primeira opção, pois o futuro é incerto. É por isso que emprestadores de dinheiro (capitalistas) cobram juros no dinheiro que emprestam: eles estão abrindo mão da certeza do consumo presente pela hipótese de um consumo maior no futuro. Não há certeza nenhuma; apenas expectativas.

Já os trabalhadores recebem seus salários hoje, independentemente de como serão os lucros futuros dos capitalistas (com efeito, eles são pagos hoje mesmo se não houver lucros futuros).

Ou seja, os trabalhadores são pagos hoje, já o capitalista será remunerado:

a) apenas no futuro,

b) apenas se o produto fabricado for vendido, e

c) apenas se ele for vendido com lucro — isto é, se for vendido a um preço maior do que os custos de fabricação, o que inclui os salários dos trabalhadores.

O economista austríaco Eugen von Böhm-Bawerk explicou que, ao contrário de explorar os trabalhadores, o capitalista remove dos trabalhadores o fardo de ter de esperar pela renda. Se os trabalhadores quisessem produzir bens por conta própria, eles teriam de esperar até encontrar um comprador que lhes garantisse um salário estável.

Mais ainda: eles primeiro teriam de poupar (ou então se endividar) para acumular os recursos necessários para comprar uma fábrica ou construir um local de trabalho sem a ajuda do capitalista.

“Para mostrar que algo é uma meia-verdade, temos de recorrer a longas e áridas dissertações”

Frédéric Bastiat

O capital aumenta o valor do trabalho

Vale também mencionar que o capitalista aumenta o valor da mão-de-obra do trabalhador.

Se um indivíduo decidir tentar fazer no campo o mesmo trabalho que faria em uma fábrica especializada, ele dificilmente terá um produto com a mesma qualidade. Certamente, não terá uma produção com o mesmo volume, o que significa que suas receitas seriam muito baixas.

O capitalista, portanto, aumenta o valor da mão-de-obra ao fornecer ao trabalhador as máquinas e ferramentas que aumentam a qualidade do produto e a quantidade produzida. Não fosse o capital disponibilizado pelos capitalistas (maquinário, ferramentas, matéria prima, insumos, instalações etc.), a mão-de-obra não teria como produzir estes bens de qualidade altamente demandados pelos consumidores. Consequentemente, os trabalhadores nem sequer teriam renda.

Logo, a conclusão óbvia é que trabalhadores claramente podem ganhar mais trabalhando para capitalistas do que por conta própria — caso contrário, todos os trabalhadores iriam simplesmente se declarar autônomos e daí passariam a ter uma renda maior.

Talvez alguns deles poderiam ganhar mais ao se tornarem autônomos, mas não querem assumir as responsabilidades concomitantes, as quais são atualmente arcadas pelo capitalista que os emprega. Isso também é evidência de que os capitalistas estão acrescentando valor ao trabalho dos trabalhadores.

Mais-valia e a redução da pobreza

Os marxistas afirmam que os capitalistas exploram os trabalhadores ao simplesmente extraírem seus lucros dos salários dos trabalhadores sem estarem fornecendo nenhum valor ao processo produtivo — ou seja, os capitalistas estariam “extraindo uma mais-valia” dos trabalhadores.

Além de esta idéia ser infundada, como mostrado acima, vale também dizer que, se ela fosse verdade, organizações sem fins lucrativos rapidamente entrariam em cena, contratariam todos os trabalhadores, eliminariam o “peso morto” de se remunerar o capitalista e quebrariam todas as empresas voltadas para o lucro.

Mas isso não acontece simplesmente porque elas não conseguem. Os capitalistas estão claramente fornecendo alguma competência ou visão que beneficia seus empregados. Cada lado se beneficia desta transação mútua, o que é evidenciado pelo fato de que se o trabalhador pudesse conseguir um arranjo melhor, ele rapidamente o arrumaria, e se o empregador pudesse arranjar empregados melhores, ele os contrataria.

Em última instância, os salários não são um número arbitrário, mas sim um reflexo de quanto valor um empregado é capaz de criar para os consumidores do seu trabalho (no caso, os consumidores são o capitalista que paga por sua mão-de-obra, e os clientes que pagam pelo produto produzido).

Sem os capitalistas, todos teríamos de assumir por completo todo o risco de uma dada atividade. Com os capitalistas, podemos delegar os riscos para aqueles que são mais ambiciosos e mais capacitados para atividades empreendedoras, já sabendo que, no final do mês, receberemos nossos contracheques.  

Tal arranjo é infinitamente mais produtivo e eficaz. Em última instância, é ele quem elimina a pobreza.

Para concluir

Se um indivíduo quer abrir mão de ter um patrão e ficar com 100% das receitas de seu trabalho, ele pode perfeitamente fazê-lo: basta aprender uma habilidade, desenvolvê-la, acumular capital (ou se endividar), comprar equipamentos, alugar um local de trabalho, tornar-se autônomo e encontrar clientes que valorizem seu trabalho ao ponto de lhes providenciarem uma renda fixa mensal.

Não há outro caminho ou um caminho fácil para isso. Correr risco é a alternativa de quem decide empreender. A pergunta que fica é: quem está disposto a correr riscos?

Mas aí ele próprio teria de se tornar um empreendedor capitalista. Talvez aí esteja a resposta porque aqueles que se dizem “defensores dos mais pobres” não queiram que os trabalhadores tornem-se empreendedores, pois toda a sua causa idealista deixaria de fazer sentido e, inclusive, de existir.


Antony Sammeroff é apresentador do canal Scottish Liberty Podcast e é autor do livro Universal Basic Income — For and Against.

Fonte: Gazeta do Povo e Mises Brasil

IBGE: desemprego recua de forma significativa em 2022

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Foto: Ivan Henao/Unsplash

A taxa de desocupação ficou em 8,1% no trimestre terminado em novembro. O percentual representa recuo de 0,9 ponto percentual (p.p.) na comparação com os três meses anteriores, quando atingiu 8,9%. É, ainda, o menor resultado desde o trimestre de fevereiro a abril de 2015. Com a queda para 8,7 milhões, o número de desempregados alcançou o menor contingente desde o trimestre encerrado em junho de 2015. Ao todo, são 953 mil pessoas a menos em busca de emprego no país, ou recuo de 9,8%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme a pesquisa, há seis trimestres móveis consecutivos, que a taxa de desocupação vem caindo de forma significativa. Para a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, o motivo da retração no trimestre encerrado em novembro é o aumento de 0,7% na ocupação no período, que mais uma vez chegou ao maior nível da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. O percentual equivale a um acréscimo de 680 mil pessoas no mercado de trabalho.

“Embora o aumento da população ocupada venha ocorrendo em um ritmo menor do que o verificado nos trimestres anteriores, ele é significativo e contribui para a queda na desocupação”, observou.

Ainda segundo a coordenadora, as quedas sucessivas na taxa de desocupação foram também um reflexo do aumento no número de ocupados, durante a recuperação do mercado de trabalho que foi verificada desde 2021. “A partir desse momento, houve essa expansão da população ocupada, primeiramente dos trabalhadores informais e, depois, do emprego com carteira assinada nos mais diversos grupamentos de atividades, como comércio e indústria. Mais recentemente, também houve aumento nos serviços, que exercem um papel importante na recuperação da população ocupada no país”.

Com carteira

Com a ampliação do seu contingente em 2,3% ou 817 mil pessoas a mais, a categoria de empregados com carteira assinada no setor privado provocou o principal impacto para o aumento da ocupação no trimestre de agosto a novembro. Adriana Beringuy informou que desde o segundo semestre de 2021, se verifica o crescimento dessa categoria. “É um registro importante, uma vez que não apenas indica o aumento do número de trabalhadores, mas também sinaliza a redução na informalidade da população ocupada”.

A pesquisa indica que, no ano, o contingente de trabalhadores com carteira no setor privado cresceu 7,5%, o que significa mais 2,6 milhões de pessoas.

Sem carteira

O número de empregados sem carteira no setor privado ficou estável em relação ao trimestre anterior. No trimestre até novembro, o contingente era equivalente a 13,3 milhões de pessoas. No entanto, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve avanço de 9,3% ou 1,1 milhão de pessoas. Também no mercado de trabalho informal, os empregadores sem CNPJ permaneceram estáveis frente ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2021. O número de trabalhadores por conta própria sem CNPJ teve movimento diferente e recuou 2,9% frente ao trimestre anterior e foram menos 563 mil pessoas e 4,1% em relação ao trimestre terminado em novembro de 2021 ou menos 796 mil.

Informalidade

De acordo com o IBGE, esses resultados provocaram impacto de 0,8 p.p. da taxa de informalidade, que chegou a 38,9%, sendo a menor desde o trimestre terminado em novembro de 2020 ou 38,7%. A proporção corresponde a um contingente de 38,8 milhões de trabalhadores informais. “Nesse período, houve uma expansão do emprego com carteira de trabalho e também uma retração do trabalhador por conta própria, que responde por parte significativa do trabalho informal. A queda nesse número acabou influenciando a taxa de informalidade”, disse a coordenadora.

Na soma de trabalhadores formais e informais, a categoria ficou estável na comparação com os três meses anteriores, mas apresentou crescimento de 12% em relação ao mesmo período de 2021. O número sofreu impactos, principalmente, do crescimento de 12,5% no número de empregadores com CNPJ, o que equivale a 389 mil pessoas.

A pesquisa mostrou também que a partir do aumento do número de trabalhadores, o nível da ocupação, o percentual de ocupados na população em idade de trabalhar, foi estimado em 57,4%. Isso representa uma variação de 0,3 p.p. se comparado ao trimestre anterior, quando ficou em 57,1%.

Rendimento

A Pnad Contínua estimou o rendimento médio real em R$ 2.787, o que representa um aumento de 3% em relação ao trimestre encerrado em agosto. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento ficou em 7,1%. Houve avanço também na massa de rendimento nas duas comparações e chegou a R$ 273 bilhões, atingindo mais uma vez um recorde na série histórica da pesquisa. Em relação ao trimestre anterior, a elevação ficou em 3,8%, ou mais R$10,1 bilhões. Na comparação com o mesmo trimestre de 2021, houve aumento de 13%, um acréscimo de R$ 31,4 bilhões.

“A massa de rendimento vem crescendo ao longo do ano. No trimestre encerrado em novembro, o crescimento foi influenciado simultaneamente pela expansão no número de trabalhadores e pelo aumento do rendimento médio real”, explicou.

PNAD Contínua

Segundo o IBGE, a amostra da pesquisa, considerada como o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país, é feita por trimestre no Brasil e corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. O trabalho de pesquisa envolve cerca de 2 mil entrevistadores em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.

“Em função da pandemia de covid-19, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone a partir de 17 de março de 2020. Em julho de 2021, houve a volta da coleta de forma presencial. É possível confirmar a identidade do entrevistador no site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento (0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador, dados que podem ser solicitados pelo informante”, informou.

Agência Brasil